ECONOMIA
Quando o tempo decide a cotação
Vejamos
agora o incrível: até pouco tempo atrás, o preço
da passagem aérea ou do ingresso no teatro eram fixos, conforme
a localização da poltrona e o serviço oferecido. O
avião tinha de levantar vôo e o espetáculo tinha de
continuar, mesmo que a maior parte dos lugares estivesse vazia. Então,
descobriu-se que pela Internet era possível oferecer na última
hora esses lugares vagos, praticamente por qualquer preço, já
que não haveria custo extra (não há o custo de campanha
publicitária para tal promoção, por exemplo), e qualquer
lugar assim preenchido representaria lucro adicional, pois de outra forma
ficaria vago mesmo. Talvez chegue o dia em que você escolha a poltrona
no avião não mais entre fumantes ou não fumantes,
mas entre pagantes e gratuitos (estes teriam que enfrentar, durante o vôo,
uma sessão de ShopTime ou equivalente...)
O internauta com disponibilidade
para aproveitar uma oferta dessas pode até fazer um lance, informando
que quer viajar de tal a tal lugar, em tal data e por um preço que
ele mesmo determina, e como garantia de que fará a viagem se uma
empresa aérea topar o lance, ele informa os dados de seu cartão
de crédito. Um site da Internet especializado
nesse trabalho envia as ofertas dos internautas às companhias
e a que concordar já emite o bilhete. Ganha o comprador, que obtém
o lugar no avião (ou no teatro) por um preço ínfimo.
Ganha o vendedor, ao recuperar uma venda que já dava por perdida.
E ganha o site que faz a intermediação, por uma pequena taxa
de comissão. Acredita agora?
Quem evita que simplesmente todos
passem a esperar pelas ofertas de última hora é um novo tipo
de profissional, o especialista em yield management, que precisa
ter sensibilidade para adequar os preços e serviços de forma
a ocorrer o mínimo de encalhe, prevendo o comportamento do consumidor,
e em seguida encontrar a melhor forma de se descartar do encalhe ainda
existente. Não só nas companhias aéreas, mas em qualquer
setor de atividades, como prevê a guru americana do mercado de informática,
Esther Dyson. Afinal, de que adianta um quarto de hotel vago, até
mesmo um táxi rodando vazio?
Inversão – A mesma
idéia do leilão ao contrário vale para qualquer outro
produto ou serviço imaginável. Em vez do leiloeiro representar
o vendedor, buscando quem faz o maior lance, passa a representar o comprador,
aguardando o menor lance antes de bater o martelo. Novamente, o comprador
ganha ao obter o produto pelo menor preço possível. O leiloeiro
também tem sua comissão pelo trabalho de intermediação.
E como é um leiloeiro eletrônico, algumas vezes sem a necessidade
de pessoas para fazer essa intermediação, o custo também
é pequeno.
O vendedor que - por encalhe do estoque,
por necessidade de fazer capital de giro, ou simplesmente por ter o menor
custo - puder aceitar a proposta vai lucrar com a venda, que se tornaria
impossível de outra forma, já que o comprador não
teria conhecimento de sua oferta. Ainda acha isso um absurdo?
Tanto não é que já
existem empresas (como a CompareNet)
que fazem para você a comparação de preços nos
supermercados e magazines, buscando as melhores ofertas de cada loja para
cada item de sua lista de compras. O valor pago pelo serviço é
amplamente compensado pela redução do custo total das compras,
e em certos casos você anda recebe os produtos confortavelmente em
casa. A propósito, veja no Brasil o site Compare.com,
na Internet desde 1/10/1999.
Como conseqüência, empresas
como livraria Books.com passaram a usar
programas que buscam os preços dos concorrentes, fazem a comparação
e reduzem automaticamente qualquer preço que seja maior do que o
encontrado na concorrência.
Veja mais:
Preço?
O que é isso?
Quando
o principal produto passa a ser dado
Até
o empréstimo é leiloado
É
o começo de outra revolução na economia
Muito
além dos shopping-centers
Um
robô vai negociar por você
Gibraltar
traz ao Brasil o modelo dos leilões eBay |