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Publicado originalmente pelo autor no caderno Informática do jornal santista A Tribuna em 20 de julho de 1999
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 12/20/00 21:22:18
"...um gigantesco salto para a humanidade" 

Dois frutos da Guerra Fria mostram que é possível viver em paz

Grandes avanços tecnológicos ocorreram desde que o primeiro astronauta pisou na Lua. A evolução é tão rápida e contínua que se torna necessário fazer uma marca no tempo que permita a comparação. Para não envolver uma geração inteira nesse trabalho, usemos apenas os últimos quatro anos. Recuemos, portanto, a 1995, ano em que os brasileiros pela primeira vez tiveram acesso comercial à rede mundial de computadores Internet. 

Primeiro computador com circuito integrado viajou na Apollo 11 (foto: The Computer Museum/EUA)
Quatro anos atrás, no dia 18 de julho, a primeira edição de Informática contava aos leitores as novidades da Fenasoft: a ParXTech lançava um modem de 14,4 kbps, mas a coqueluche da feira era o modem da US Robotics, para 28,8 kbps; a ABC Bull promovia seus micros PC-486 DX2 e DX4; a Orsa Sistemas lançava programas bancários que rodavam em ambiente DOS; o BBS Mandic lançava sua revista, BBS Magazine; a Microsoft apresentava uma versão de teste do Windows-95 (seria lançado um mês depois). Ao mesmo tempo, chegavam ao mercado as primeiras revistas multimídia (a americana Nautilus, a inglesa PC-Format e as nacionais Neo Interativa e CD-ROM Today, principalmente). 

Em 1995, as primeiras câmeras fotográficas digitais despontavam no horizonte e os games começavam a ser vendidos em CD-ROM. O computador médio do mercado tinha um disco rígido com capacidade para armazenar pouco mais de 400 MB. Poucos tinham gravadores de CD-R, e o scanner de mão dominava o mercado, devido ao custo dos equipamentos de mesa. O Brasil ainda não conhecia o cartão eletrônico smart card, e o máximo em serviços home-banking era a consulta do saldo bancário pelo telefone. 

Agora, já podemos adquirir pela Web um cão-robô (japonês), um computador de vestir (brasileiro), um utensílio de cozinha (estadunidense) que acessa a Internet ou um sistema computadorizado que controla remotamente a casa inteira. Ainda restritos à parcela mais abastada da população, mas já disponíveis. Mais comum nos lares santistas, o forno microondas é fruto direto das pesquisas espaciais. Muitos estudam em universidades virtuais. Livrarias na Internet já vendem e entregam instantaneamente arquivos para leitura em livros eletrônicos (e-books). Quem não possui e-mail começa a ser olhado como um sujeito anacrônico e encontramos pelas ruas pessoas ouvindo músicas copiadas via computador e armazenadas num chip de memória (nos reprodutores de arquivos padrão MP3). 

No início deste ano, entrou em funcionamento a Internet2, uma rede de dados em alta velocidade ligando universidades, protótipo do que teremos em breve em nossas casas. Sinal dos tempos, o principal tema das recentes edições de Informática tem sido uma análise do novo comércio eletrônico (e-commerce), mostrando como funcionam as lojas virtuais na Internet (aliás, o tema continua na próxima edição). 

Conquistas do futuro - Apenas 30 anos depois do passeio lunar de Armstrong, pesquisadores testam computadores quânticos, fotônicos, de DNA e até de neurônios, buscando o substituto dos chips de silício, que estão chegando ao seu limite físico de desenvolvimento. Qual o próximo salto da humanidade? 

Bem... No ensaio "Limites de Energia para o Poder Computacional do Cérebro Humano", o especialista Ralph Merkle afirma que o cérebro humano tem poder de computação calculado entre 10 trilhões (10^13) e dez mil trilhões (10^16) de operações por segundo). Espera-se que em poucos anos as atuais pesquisas permitam colocar à venda máquinas capazes de tal proeza. 

Resultados simultâneos da queda-de-braço (que ficou conhecida como Guerra Fria) entre as superpotências mundiais, a conquista do espaço sideral (simbolizada pela viagem à Lua) e do espaço virtual (simbolizada pela Internet) permanecem hoje como as únicas em que as nações deliberaram não impor limites territoriais. São as verdadeiras conquistas da Humanidade, mostrando que a cooperação e a paz são possíveis entre os seres humanos. Outro resultado das missões espaciais foi conscientizar os terráqueos de que navegamos todos num mesmo barco pequeno, azul e frágil - o planeta Terra. 

Neste aniversário, Informática espera que cada ser humano se inspire nessas vitórias. Que use a extraordinária capacidade computacional com que nasceu para algo melhor que fabricar armas - como as minas terrestres em forma de brinquedos, que atraem e matam crianças - e depois "promover a paz" assinando contratos bilionários com esses fabricantes, para a retirada de tais minas dos campos iugoslavos. Por exemplo. 

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"Um pequeno passo para o homem..."
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OBS.: O jornal citado no inicio da matéria foi a Folha de São Paulo de 21/7/1969.