"...um gigantesco salto para a humanidade"
Dois frutos da Guerra Fria
mostram que é possível viver em paz
Grandes
avanços tecnológicos ocorreram desde que o primeiro astronauta
pisou na Lua. A evolução é tão rápida
e contínua que se torna necessário fazer uma marca no tempo
que permita a comparação. Para não envolver uma geração
inteira nesse trabalho, usemos apenas os últimos quatro anos. Recuemos,
portanto, a 1995, ano em que os brasileiros pela primeira vez tiveram acesso
comercial à rede mundial de computadores Internet.
Quatro anos atrás, no dia 18
de julho, a primeira edição de Informática
contava aos leitores as novidades da Fenasoft: a ParXTech lançava
um modem de 14,4 kbps, mas a coqueluche da feira era o modem da US Robotics,
para 28,8 kbps; a ABC Bull promovia seus micros PC-486 DX2 e DX4; a Orsa
Sistemas lançava programas bancários que rodavam em ambiente
DOS; o BBS Mandic lançava sua revista, BBS Magazine; a Microsoft
apresentava uma versão de teste do Windows-95 (seria lançado
um mês depois). Ao mesmo tempo, chegavam ao mercado as primeiras
revistas multimídia (a americana Nautilus, a inglesa PC-Format
e as nacionais Neo Interativa e CD-ROM Today, principalmente).
Em 1995, as primeiras câmeras
fotográficas digitais despontavam no horizonte e os games começavam
a ser vendidos em CD-ROM. O computador médio do mercado tinha um
disco rígido com capacidade para armazenar pouco mais de 400 MB.
Poucos tinham gravadores de CD-R, e o scanner de mão dominava o
mercado, devido ao custo dos equipamentos de mesa. O Brasil ainda não
conhecia o cartão eletrônico smart card, e o máximo
em serviços home-banking era a consulta do saldo bancário
pelo telefone.
Agora, já podemos adquirir
pela Web um cão-robô (japonês), um computador de vestir
(brasileiro), um utensílio de cozinha (estadunidense) que acessa
a Internet ou um sistema computadorizado que controla remotamente a casa
inteira. Ainda restritos à parcela mais abastada da população,
mas já disponíveis. Mais comum nos lares santistas, o forno
microondas é fruto direto das pesquisas espaciais. Muitos estudam
em universidades virtuais. Livrarias na Internet já vendem e entregam
instantaneamente arquivos para leitura em livros eletrônicos (e-books).
Quem não possui e-mail começa a ser olhado como um sujeito
anacrônico e encontramos pelas ruas pessoas ouvindo músicas
copiadas via computador e armazenadas num chip de memória (nos reprodutores
de arquivos padrão MP3).
No início deste ano, entrou
em funcionamento a Internet2, uma rede de dados em alta velocidade ligando
universidades, protótipo do que teremos em breve em nossas casas.
Sinal dos tempos, o principal tema das recentes edições de
Informática
tem sido uma análise do novo comércio
eletrônico (e-commerce), mostrando como funcionam as lojas virtuais
na Internet (aliás, o tema continua na
próxima edição).
Conquistas do futuro - Apenas
30 anos depois do passeio lunar de Armstrong, pesquisadores testam computadores
quânticos, fotônicos, de DNA e até de neurônios,
buscando o substituto dos chips de silício, que estão chegando
ao seu limite físico de desenvolvimento. Qual o próximo salto
da humanidade?
Bem... No ensaio "Limites
de Energia para o Poder Computacional do Cérebro Humano", o
especialista Ralph Merkle afirma que o cérebro humano tem poder
de computação calculado entre 10 trilhões (10^13)
e dez mil trilhões (10^16) de operações por segundo).
Espera-se que em poucos anos as atuais pesquisas permitam colocar à
venda máquinas capazes de tal proeza.
Resultados simultâneos da queda-de-braço
(que ficou conhecida como Guerra Fria) entre as superpotências mundiais,
a conquista do espaço sideral (simbolizada pela viagem à
Lua) e do espaço virtual (simbolizada pela Internet) permanecem
hoje como as únicas em que as nações deliberaram não
impor limites territoriais. São as verdadeiras conquistas da Humanidade,
mostrando que a cooperação e a paz são possíveis
entre os seres humanos. Outro resultado das missões espaciais foi
conscientizar os terráqueos de que navegamos todos num mesmo barco
pequeno, azul e frágil - o planeta Terra.
Neste aniversário, Informática
espera que cada ser humano se inspire nessas vitórias. Que use a
extraordinária capacidade computacional com que nasceu para algo
melhor que fabricar armas - como as minas terrestres em forma de brinquedos,
que atraem e matam crianças - e depois "promover a paz" assinando
contratos bilionários com esses fabricantes, para a retirada de
tais minas dos campos iugoslavos. Por exemplo.
Veja mais:
"Um
pequeno passo para o homem..."
A
Lua no seu bolso
OBS.: O jornal citado no inicio
da matéria foi a Folha de São Paulo de 21/7/1969. |