A Lua no seu bolso
Em julho
de 1969, um jornal noticiava a façanha da Apollo 11 com a manchete
"A Lua no bolso!". Ao mesmo tempo, a revista Fatos e Fotos lançava
a edição especial "O Homem na Lua", incluindo um disco com
a gravação das comunicações entre os astronautas
e a base de lançamento da Nasa em Houston (EUA). A IBM se mostrava
orgulhosa no anúncio da quarta capa, explicando que, no Centro Espacial
da Nasa, "computadores IBM Sistema/360 Modelo 75, capazes de efetuar até
80 bilhões de cálculos diários, forneceram aos controladores
de vôo todas as complexas informações necessárias
ao êxito da missão".
A terceira capa relatava "A participação
histórica dos computadores na conquista da Lua", explicando que
nove anos antes, em 1958, dois cientistas tinham provado que a Terra não
era redonda como se pensava: dados obtidos por 13 estações
de rastreamento, que acompanharam o vôo pioneiro do satélite
Vanguard-I, foram colocados num computador IBM que determinou as posições
exatas do satélite, provando que na verdade nosso planeta possui
forma similar à de uma pêra. Em 3/6/1965, quando Edward White
pela primeira vez passeou fora da nave, em órbita terrestre, a missão
fora controlada por cinco computadores, que se somavam para realizar 25
bilhões de cálculos a cada 24 horas (confira e guarde esse
número: são cerca de 57.870
instruções por segundo em cada equipamento).
Algumas contas - No excelente
site
comemorativo dos 30 anos da missão Apollo 11, a Nasa conta que
as informações entre seus centros de computação
circulavam a 2,4 kbps. Na época em que Armstrong e Aldrin passearam
pela Lua, as notícias eram transmitidas por teletipo ou telégrafo
(o telex e o fax só apareceriam no cenário internacional
na década seguinte). Entretanto, se hoje o leitor quiser comprar
no shopping-center um voice-fax-modem para ligar seu computador à
Internet, a velocidade nominal do equipamento será de 56 kbps, e
o pacote poderá incluir até um kit de videoconferência.
Para não falar no modem a cabo, já testado em algumas cidades
brasileiras, que permite decuplicar essa velocidade de transmissão.
Recorde o leitor o texto que a IBM publicou
em 1969: os computadores usados pela Nasa processavam quase 58
mil instruções por segundo. Trinta anos depois,
esta matéria é escrita num equipamento PC-Pentium comum -
desses que podem ser adquiridos até num supermercado junto com frutas
e verduras -, cujo chip principal processa 10
milhões de instruções por segundo, ou 10
mips! E a Texas Instruments introduziu em 1997 a tecnologia
C6x que permite processar 1600 mips!
Aliás, uma calculadora popular
de tela gráfica como a Texas TI-89 usa um chip Motorola MC68000
que opera a cerca de 1 mips. Ou seja,
por um preço menor que o de uma dúzia de bananas, pode-se
comprar, no camelô da esquina, uma calculadora eletrônica de
bolso, com poder de processamento semelhante ao dos supercomputadores de
poucas décadas atrás!
Veja mais:
"Um
pequeno passo para o homem..."
"Um
gigantesco salto para a humanidade"
OBS.: O jornal citado no inicio
da matéria foi a Folha de São Paulo de 21/7/1969. |