BUG DO
MILÊNIO
Governos crêem que não
alertar sobre o caos ajuda a evitá-lo
"Imagine-se
uma companhia tentando fazer negócios com algum país no mundo,
sem usar computadores. Todas usam computadores atualmente, e se alguém
não puder usá-los por causa do Bug, eis o problema. Um dia,
dois, uma semana, duas, quanto tempo mais até o caos? Alguma demora
na primeira semana, uma demora maior na seguinte, os problemas se agravando,
depois de três meses como estarão o abastecimento, a distribuição
de combustíveis, os transportes?", pergunta o consultor William
David Kiss IV, preocupado com o chegada de uma nova era de recessão
mundial. Não é por acaso que a própria Cruz Vermelha
Internacional já possui seu próprio manual sobre o Bug do
Milênio.
Um estudo do Gartner Group afirma
que todas as empresas brasileiras, sem exceção, serão
de alguma forma afetadas pelo problema: ou diretamente, através
de falhas em seus sistemas, ou indiretamente, por falhas atribuídas
aos parceiros comerciais e financeiros. Várias corporações
em todo o mundo, como estratégia de sobrevivência, estão
treinando funcionários para a volta temporária aos métodos
manuais, com máquina de escrever e outras formas de trabalho que
não dependam de computadores, para o caso de alguma falha obrigá-las
a paralisar os sistemas informatizados.
"O Bug não é um problema
de computador, mas um problema gerencial, e afeta as economias de cada
país num mundo globalizado, ao mesmo tempo. O que se aplica a uma
companhia pode ser aplicado a um país", foi o alerta feito ao presidente
norte-americano Bill Clinton, em agosto de 1998, em reunião na Academia
Nacional de Ciências dos EUA pelo presidente do Comitê Ano
2000 do Senado Americano, Robert Bennett. Esse comitê foi criado
há um ano e meio para acompanhar o problema do Bug do Milênio.
Caos mascarado – Apesar de
seu potencial explosivo, o assunto vem sendo minimizado pelas autoridades,
devido às enormes implicações envolvidas, em termos
jurídicos, econômicos e sociais. Sabendo que podem ser acionadas
juridicamente pelos usuários prejudicados, e que os competidores
podem usar essas informações para conquistar seus clientes,
as grandes companhias evitam comentar o problema e não o assumem.
Há grandes implicações políticas e econômicas,
por isso os governos também se calam, na crença de que assim
evitam o caos.
O problema não acaba no ano
2000. Segundo estudos do Dr. Edward Yardeni, diretor-gerente do Deutsch
Bank Securities em Nova Iorque, serão necessários pelo menos
cinco anos até que todos os computadores dos Estados Unidos estejam
compatíveis com o bug, e em todo o mundo o problema deve
continuar existindo até o ano 2010.
Veja o exemplo: a Previdência
Social dos Estados Unidos começou a cuidar do problema em 1994,
e ainda não terminou. Hoje, seu maior problema não é
emitir corretamente os cheques de pagamento aos pensionistas e aposentados,
mas fazer com que eles cheguem ao destino de forma segura, passando por
uma grande cadeia de entidades diversas, possuidoras de equipamentos não
garantidos contra o Bug.
"Acho que se as pessoas forem educadas
a pensar sobre o problema, elas começam a se preparar para enfrentá-lo,
mas se a informação é pouca, e se faz menos ainda,
estaremos criando um cenário perfeito para o caos", completa o especialista.
Veja mais:
Sem
bug!
Entenda
o problema... e fique arrepiado!
Dez
anos para acabar com o bug
Verificação
é feita em sete níveis
Maioria
da organizações sequer sabe que o problema existe
Falha
foi prevista com muita antecedência |