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Publicado originalmente pelo autor em A Tribuna Informática de 10/2/1998
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 22:08:58
Pesquisas reformulam conceitos sobre as descargas atmosféricas

Existem diversos conceitos sobre os raios que estão sendo ultrapassados pelas pesquisas. Por exemplo, é comum se dizer que existem raios que sobem da terra para a nuvem. Na verdade, quando se cria uma diferença de tensão elétrica entre a terra e a nuvem que passa, o que sobe é uma corrente bastante fraca, por si só inofensiva, que é o raio traçador, também chamado de descarga conectante. Sua função é estabelecer a ligação entre os pontos positivos e negativos, e é pelo caminho assim formado que o raio efetivamente desce da nuvem.

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O raio traçador que sobe encontra outro que desce, chamado de “líder escalonado”, rompendo o campo dielétrico e criando a diferença de potencial que permite a passagem da corrente (chamada de  “descarga de retorno”). Esse encontro ocorre numa altura de dois a três metros acima do pára-raios ou cerca de 50 m do solo. Nesse momento, ouve-se um som como o de um estilhaçamento – é quando podem ser expedidas centelhas para pontos nas proximidades -, seguido um instante após pelo som do trovão. Se o raio efetivamente atingisse o pára-raios, nada sobraria da peça, pois não há material que resista a tal descarga. 

As pesquisas demonstram que, embora um raio possa ter até 100 mil ampères ao descer, a grande parte dos raios na verdade inicia a descida com 35 mil ampères. Ao atingir uma edificação, devido à forte dissipação já ocorrida no percurso, a corrente já está com seis mil ampères. No momento em que atinge a casa ou o prédio, não havendo o pára-raios, a corrente seguirá pela estrutura férrea existente nas paredes até o solo. 

O pára-raios tem apenas a função de facilitar essa passagem, evitando danos à estrutura física do prédio, mas ele não protege os equipamentos elétricos existentes no interior da edificação. Se um raio chega por um fio telefônico ou elétrico, ou pela antena de televisão, vai percorrer os aparelhos conectados à rede (mesmo que desligados), em busca de uma saída para o solo, e nesse percurso vai queimar os circuitos que encontrar. 

Detalhe importante é que só o fato de uma nuvem escura (eletricamente carregada) estar passando já causa problemas, mesmo que não estejam ocorrendo raios e trovões. É que nesse momento já estão ocorrendo pequenas descargas na atmosfera, como pode ser verificado nas caixas de passagem de certas centrais elétricas e telefônicas: as pequenas centelhas são visíveis, e se não houver proteção para o equipamento eletrônico, este pode ser danificado já neste momento, antes de qualquer descarga de maior porte ser avistada sobre os telhados das edificações.

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