Pesquisas reformulam conceitos sobre
as descargas atmosféricas
Existem
diversos conceitos sobre os raios que estão sendo ultrapassados
pelas pesquisas. Por exemplo, é comum se dizer que existem raios
que sobem da terra para a nuvem. Na verdade, quando se cria uma diferença
de tensão elétrica entre a terra e a nuvem que passa, o que
sobe é uma corrente bastante fraca, por si só inofensiva,
que é o raio traçador, também chamado de descarga
conectante. Sua função é estabelecer a ligação
entre os pontos positivos e negativos, e é pelo caminho assim formado
que o raio efetivamente desce da nuvem.
O raio traçador que sobe encontra
outro que desce, chamado de “líder escalonado”, rompendo o campo
dielétrico e criando a diferença de potencial que permite
a passagem da corrente (chamada de “descarga de retorno”). Esse encontro
ocorre numa altura de dois a três metros acima do pára-raios
ou cerca de 50 m do solo. Nesse momento, ouve-se um som como o de um estilhaçamento
– é quando podem ser expedidas centelhas para pontos nas proximidades
-, seguido um instante após pelo som do trovão. Se o raio
efetivamente atingisse o pára-raios, nada sobraria da peça,
pois não há material que resista a tal descarga.
As pesquisas demonstram que, embora
um raio possa ter até 100 mil ampères ao descer, a grande
parte dos raios na verdade inicia a descida com 35 mil ampères.
Ao atingir uma edificação, devido à forte dissipação
já ocorrida no percurso, a corrente já está com seis
mil ampères. No momento em que atinge a casa ou o prédio,
não havendo o pára-raios, a corrente seguirá pela
estrutura férrea existente nas paredes até o solo.
O pára-raios tem apenas a
função de facilitar essa passagem, evitando danos à
estrutura física do prédio, mas ele não protege os
equipamentos elétricos existentes no interior da edificação.
Se um raio chega por um fio telefônico ou elétrico, ou pela
antena de televisão, vai percorrer os aparelhos conectados à
rede (mesmo que desligados), em busca de uma saída para o solo,
e nesse percurso vai queimar os circuitos que encontrar.
Detalhe importante é que só
o fato de uma nuvem escura (eletricamente carregada) estar passando já
causa problemas, mesmo que não estejam ocorrendo raios e trovões.
É que nesse momento já estão ocorrendo pequenas descargas
na atmosfera, como pode ser verificado nas caixas de passagem de certas
centrais elétricas e telefônicas: as pequenas centelhas são
visíveis, e se não houver proteção para o equipamento
eletrônico, este pode ser danificado já neste momento, antes
de qualquer descarga de maior porte ser avistada sobre os telhados das
edificações.
Veja
também, nesta série:
Oh!
Raios!
"Aterramento
das edificações no Brasil é simplesmente aterrador"
Futebol
não combina com tempestade elétrica
Fatos
curiosos sobre raios e trovões
Um
glossário eletrizante |