Futebol não combina com tempestade
Em campo aberto, o melhor é
deitar no chão
Durante
uma tempestade com raios, o melhor a fazer é não sair de
casa. Mas, existem situações em que as pessoas são
surpreendidas pelo mau tempo em áreas abertas. Valem nesse caso
as velhas recomendações do tempo dos avós, mas há
outras ditadas pelo uso de modernas tecnologias.
A tradicional recomendação
de não se abrigar sob as árvores é mantida, pois se
um raio tiver de cair, as árvores, num campo aberto, são
o local mais provável para isso acontecer. O melhor que a pessoa
pode fazer, por mais estranho e constrangedor que pareça, é
deitar completamente no chão, pois com isso a massa corporal (que
é 80% constituída de água) se espalha e fica equalizada
com o solo, deixando de haver a diferença de potencial elétrico
que atrairia o raio. Há mais chance de que algum outro objeto nas
proximidades seja mais atrativo para a corrente elétrica.
No campo de futebol, o jogo deve ser
imediatamente interrompido, pois se um raio cair, vai afetar provavelmente
mais de um jogador ao mesmo tempo. Nos campos situados entre edificações
com pára-raios, uma centelha elétrica do raio que está
caindo no prédio pode incidir no campo de futebol. É o que
aconteceu em 1993 com o meia-direita Carlos Alberto Borges, do clube Palmeiras,
no Parque Antártica. Ele só sobreviveu por haver outras pessoas
por perto que o reanimaram imediatamente, já que poucos minutos
após a parada cardíaca causada pelo raio, não sendo
reiniciada a oxigenação do sangue, ocorre a morte cerebral.
Não basta desligar os aparelhos
eletrônicos da casa ou do escritório, durante a tempestade.
Como as descargas elétricas podem chegar tanto pela rede telefônica,
pelo cabeamento de televisão e principalmente pelas antenas de TV,
é preciso desconectar os aparelhos também da rede telefônica
e dos cabos de televisão.
E desligar o aparelho também
não basta: é preciso desconectá-lo da tomada, pois
a descarga elétrica que atingir a edificação vai percorrer
todos os aparelhos elétricos em busca do caminho de saída
para a terra e, ao passar pelos circuitos microprocessados, danificará
os circuitos.
Desligar o disjuntor no quadro geral
de eletricidade também não é suficiente. Como a distância
entre os pólos do disjuntor é pequena, poderá haver
uma centelha elétrica que pule de um pólo ao outro, continuando
seu caminho até passar pelos equipamentos elétricos.
Pelo telefone – Enquanto o
telefone celular não apresenta risco para o usuário, por
não ter ligação física com a terra – e portanto
pode ser usado mesmo durante a tempestade – o telefone convencional está
ligado ao cabo telefônico. Além do choque, um raio pode causar,
entre outros danos, a surdez da pessoa que estiver usando o telefone nesse
momento.
Num automóvel, os ocupantes
devem evitar encostar nas partes metálicas. Se um raio cair sobre
o carro, percorrerá a carroçaria e acabará centelhando
para o solo, ocorrendo assim a dissipação, apesar de não
haver contato direto com o solo (os pneus são de borracha, isolantes).
Por isso, não se deve sair do carro nos primeiros instantes após
a queda do raio. Curiosamente, a chamada eletrônica embarcada não
sofre os efeitos da descarga elétrica: a carroçaria metálica
do veículo funciona (como no caso do avião) como uma gaiola
de Faraday, de forma que a descarga elétrica não passa pelos
componentes microprocessados existentes no veículo.
Já no caso de uma embarcação
– um navio – o raio poderá atingir os equipamentos de telecomunicação
e navegação, bem como os computadores de bordo, antes de
ser dissipado pelo casco na água. É por isso que a empresa
produtora dos equipamentos anti-raio está iniciando um trabalho
de divulgação desses produtos também no meio marítimo,
até porque como a água é excelente atratora de raios,
o navio que se interpõe entre o raio e a água tem mais possibilidades
de ser atingido pelas descargas atmosféricas e ter os equipamentos
eletrônicos danificados. A propósito, pela mesma razão
se recomenda sair imediatamente de piscinas ou do mar no caso de se iniciar
uma tempestade com raios...
Veja
também, nesta série:
Oh!
Raios!
"Aterramento
das edificações no Brasil é simplesmente aterrador"
Pesquisas
reformulam antigos conceitos
Fatos
curiosos sobre raios e trovões
Um
glossário eletrizante |