Febre amarela & dengue, via
Internet
São epidemias que ameaçam
Santos com a presença do mosquito transmissor
Enquanto
as autoridades se preocupam em combater o mosquito Aedes aegypti na Baixada
Santista, por disseminar a dengue na região, uma outra ameaça,
bem mais grave nas consequências (se bem que mais difícil
de acontecer), está sendo esquecida: esse mosquito é o mesmo
que transmite o vírus da febre amarela, mais rara porém mais
letal (em pelo menos 5% dos casos e até metade deles) e sem cura.
Por essa mesma razão, enquanto a população consegue
conviver com a dengue (apesar da inexistência de vacina), bastaria
um único caso de febre amarela em Santos para fechar o porto à
navegação internacional, com grandes prejuízos ao
País, e obrigar as autoridades a fechar o acesso terrestre à
região.
O alerta quanto à possibilidade
de ocorrência da febre amarela foi dado pela médica Oacy Allende,
chefe do serviço de Saúde do Porto de Santos, durante recente
palestra no Rotary Club de Santos-Porto: o mosquito transmissor é
o mesmo da dengue, e basta que uma pessoa contaminada pela febre amarela
chegue à cidade e seja picada por esse mosquito, para a epidemia
rapidamente se espalhar.
Proteção - Verdade
que dificilmente isso poderia acontecer através do porto, por várias
razões. Primeiro, porque os navios procedentes das regiões
de risco ficam ao largo, não podendo atracar sem que antes uma equipe
de vistoria médica tenha comprovado a não ocorrência
de casos de febre amarela a bordo. Além disso, esses navios passam
por um processo de fumigação (por causa de outros insetos
que podem estar a bordo e poderiam transmitir outros vírus), antes
de ser permitida a atracação.
Como os mosquitos não conseguem
vencer a distância entre o navio e a praia, e aliás o Aedes
tem vida muito curta (nem sobreviveria à travessia marítima,
se estivesse a bordo), também não há perigo por esse
lado. Não há contágio pelo simples contato direto
entre seres humanos, ou entre humanos e outros animais, apenas a picada
do Aedes aegypti pode transmitir a doença, ou o contato com fluídos
corporais e sangue contaminados.
Como a evolução da
doença é muito rápida (menos de seis dias), um tripulante
infectado apresentaria sintomas bem antes do navio chegar ao porto. E o comandante
é obrigado por normas internacionais a informar tais casos, bem
como os médicos em geral devem notificar a ocorrência de qualquer
caso à Organização Mundial da Saúde em menos
de 24 horas (embora se saiba que nem todos os casos são notificados
em outros países).
O perigo - Paradoxalmente,
se através do porto existe uma certa segurança, o mesmo não
ocorre pelo lado aéreo: uma pessoa que tenha estado em uma zona
contaminada pode pegar um avião até a capital paulista, e
após poucas horas de viagem aérea e terrestre estará
em Santos, antes que apareça qualquer sintoma da doença.
Mesmo a vacina contra a febre amarela não é 100% eficiente
(até porque os anticorpos só aparecem na pessoa vacinada
de sete a dez dias depois da vacinação). Felizmente, não
são conhecidas mutações do vírus. A vacina
é extraída do vírus mudado da forma virulenta após
cerca de 250 subculturas durante três anos, em laboratórios
especializados.
Uma curiosidade é que o Aedes
aegypti é um mosquito de hábitos diurnos, atacando pela manhã
e à tarde, e não tem predador natural. Aliás, ele
tende a eliminar outros tipos de mosquitos na área onde estiver
presente. E prefere água limpa, como a das piscinas, não
se importando com a quantidade de cloro que possa existir na água.
Veja mais:
Internet
mostra o perigo da febre amarela e da dengue
Marcas
que a História deixou
O
que é a doença (e sua possível cura)
Quem:
médico Meyer Reznik |