O que é a doença (e
sua possível cura)
Embora
conhecida há séculos, e registrada ao tempo das primeiras
explorações na África, a febre amarela foi identificada
por Adrian Stokes há 50 anos (em 1927), no Instituto de Pesquisas
da Febre Amarela da Fundação Rockefeller em Lagos, na Nigéria.
Ele foi inclusive uma das quatro vítimas da doença no instituto
(outros dois pesquisadores morreram no México e no Brasil). O mosquito
já havia sido identificado em 1901 pelo Dr. Walter Reed.
Essas e outras preciosas informações
para leigos estão disponíveis num site
de FAQ (questões frequentemente respondidas), tendo sido compiladas
pelo especialista Jack Woodall, diretor do Arbovirus Laboratory do Departamento
de Saúde do Estado de Nova Iorque. Ele explica que se trata de uma
doença infecciosa aguda, de rápido curso e que pode variar
de moderado a fatal.
Existem três variedades conhecidas
da doença (urbana, florestal e silvestre), de igual virulência
para o homem, diferindo apenas pelo ciclo natural: a urbana é transmitida
pelo Aedes aegypti; a florestal é transmitida entre macacos e outros
mamíferos arbóreos e ocasionalmente entre pessoas por espécies
florestais desse mosquito (Aedes africanos e Aedes simpsoni), na África;
e a silvestre é transmitida entre macacos nas florestas da América
do Sul por espécies de mosquitos (haemagogus) que vivem no topo
das árvores e só picam o homem no caso de uma grande árvore
ser derrubada.
Sintomas - O nome da doença
vem da icterícia por ela provocada em muitos casos, além
de outros sintomas: febre, dor de cabeça, constipação,
náuseas, vômitos, pulsação que se reduz conforme
aumenta a febre (ao contrário das febres normais), albumina na urina,
sintomas de hemorragia progressiva (sangramento pelo nariz e pela boca,
vômito e evacuação negros devido ao sangue no aparelho
digestivo).
Antibióticos não têm
efeito nesse caso e o tratamento é apenas de suporte (reposição
do sangue perdido, medidas para reduzir a febre e danos ao fígado).
Ainda não há cura, mas mesmo assim 50 a 95% dos pacientes
podem sobreviver. Normalmente, centenas de mortes são registradas
numa região atingida, antes que alguma campanha de vacinação
em massa possa fazer efeito. A vacinação (que não
tem efeitos colaterais) deve ser renovada a cada dez anos. Quem sobrevive
fica imune e não transmite a outras pessoas.
Como
explica a Divisão de Controle de Doenças Tropicais da
Organização Mundial da Saúde, o período de
incubação do vírus é de 3 a 6 dias. A morte
do paciente pode ocorrer de sete a dez dias depois. Destacaram-se as epidemias
ocorridas na Etiópia em 1960/62 e na África Ocidental em
1969/70, com centenas de mortos. No Panamá e na região Norte
sulamericana também têm sido registradas epidemias.
Informações aos viajantes
sobre epidemias estão disponíveis na página Travel
Health Online, inclusive citando que a vacina não deve ser aplicada
em mulheres grávidas e crianças com menos de quatro meses
de idade (nas de quatro a oito meses, aplicar somente se houver real perigo
de contaminação pela doença); pessoas com AIDS e outras
situações de redução do sistema imunológico
devem discutir a vacinação com seus médicos. A vacina
deve ser aplicada ao menos dez dias antes da viagem para um local de risco.
Os viajantes contam com informações
detalhadas sobre a febre amarela e como repelir os mosquitos em zonas contaminadas,
além de uma tabela
de mosquitos transmissores, hábitos e doenças transmitidas.
A CDC Travel Information também informa sobre epidemias como a de
febre
amarela ocorrida em 1991 no Estado Delta (oficialmente conhecido como
Bendel State, no Sul da Nigéria).
Por sua vez, lembra o Dr. K.Nicholson,
em “Epidemiology
of Infectious Disease”, infecção endêmica é
quando a doença ou infecção ocorre regularmente com
frequência baixa ou moderada. Epidemia é quando subitamente
a frequência se eleva acima dos níveis endêmicos. Pandemia
é uma epidemia global.
No Brasil, as últimas estatísticas
da Fundação Nacional de Saúde (Datasus)
colocadas na Internet são de 1994, indicando um óbito nesse
ano.
Vírus - O vírus
da febre amarela é classificado como membro do gênero flavivirus,
da família Flaviviridae (a mesma dos vírus da diarréia
bovina e da hepatite C, hospedado por vertebrados). A transcrição
(cópia) do RNA e produção das proteínas virais
ocorre em 9 a 12 minutos no caso do vírus Kunkin, relacionado como
vírus da doença, mas a total replicação, até
a completa maturação de um novo vírus, necessita de
algumas horas.
Quem quiser mais detalhes sobre os
grupos de vírus e sua classificação científica,
pode procurar em VirusGroups:
há uma lista de nove páginas ofício impressas com
os vírus representativos, agrupados por estrutura genômica,
compilados de “Virus Taxonomy”, o sexto relatório do International
Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV), em 1995: a família Flaviviridae
pertence ao grupo 4: vírus (+) sense RNA.
Quem quiser saber mais sobre o Aedes
e outros mosquitos encontra na Internet um excelente trabalho em Mosquito
Genomics, com a imagem das diversas espécies de mosquitos e
acesso inclusive a dados bem específicos do banco de dados genético
- mapas de ligação Munstermann (da Universidade de Notre
Dame) e Severson RFLP (da Universidade de Wisconsin) e mapa físico
FISH (mapeamento dos cromossomos).
Vacina por DNA - As pesquisas
mais recentes visam usar o conhecimento obtido sobre o DNA para a produção
de vacinas e outras formas de imunologia. Os flavivirus, de que o vírus
da febre amarela é o protótipo, são partículas
simples envolvidas com uma glicoproteina principal, conhecida como “E”.
A proteína faz a vinculação com a célula hospedeira,
com fusão pH-dependente das membranas viral e celular, como explica
o investigador médico Stephen C.Harrison, que vem realizando
pesquisas sobre o tema, em trabalho publicado pelo Instituto Médico
Howard Hugues.
As vacinas DNA são também
assunto em PubMed, do Departamento de Vírus e Biologia Celular
dos laboratórios de pesquisa Merck, nos EUA, que analisam as respostas
imunológicas induzidas por essas vacinas (que
estão apresentando resultados muito favoráveis). Bernard
Dixon, editor auxiliar em Londres de Bio/Technology, comenta o tema,
em artigo intitulado “A
Terceira Revolução da Vacina”, destacando as possibilidades
de termos futuramente uma vacina baseada em DNA, para aplicação
não apenas por injeção intramuscular como também
por bombardeamento de partículas e por spray nasal.
Consultas - A Internet oferece
amplo material de consulta nas áreas de epidemiologia/imunologia.
Por exemplo, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, inclui em seu
site um dicionário
de epidemiologia equivalente a 21 páginas ofício. Os
pesquisadores também encontrarão informações
valiosas no site Kabat Database of
Sequences of Immunological Interest.
A
Universidade de Rochester, através do Departamento de Medicina Ambiental
de sua escola de Medicina e Odontologia, mantém página
Web com ligações para outros 23 centros de Saúde
Ambiental (vinculados à Association of University Environmental
Health Sciences Centers). Há vínculos também para
inúmeras outras instituições de pesquisas, como o
European Bioinformatics Institute, e para o Internet Directory of Biotech
Resources. Já a Associação Americana de Imunologistas
(AIA) tem página
com programas de imunologia, tabela de antígenos-CD e vínculos
para publicações do setor.
Vale a pena ainda conhecer os vínculos
na área de virologia do centro médico virtual Martindale’s,
mantido pelos presbiterianos nos EUA, em , e que possui até dicionários
on-line
para tradução de termos médicos em diversos idiomas
(inclusive Português). Sobre a Dengue e a Dengue Hemorrágica,
a Organização Mundial da Saúde (OMS, em inglês
WHO) tem página
inclusive com informações em Português destinadas a
líderes municipais e comunitários. Há também
o site japonês
WFCC World Data Centre
for Microorganisms e a página Kevin’s
Antibody Resource.
Veja mais:
Internet
mostra o perigo da febre amarela e da dengue
Febre
amarela & dengue, via Internet
Marcas
que a História deixou
Quem:
médico Meyer Reznik |