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Esta série de matérias foi publicada originalmente pelo autor 
no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP em 15/4/1997
Foi mantido o texto original: alguns vínculos podem estar desatualizados
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 22:36:36
O que é a doença (e sua possível cura)

Embora conhecida há séculos, e registrada ao tempo das primeiras explorações na África, a febre amarela foi identificada por Adrian Stokes há 50 anos (em 1927), no Instituto de Pesquisas da Febre Amarela da Fundação Rockefeller em Lagos, na Nigéria. Ele foi inclusive uma das quatro vítimas da doença no instituto (outros dois pesquisadores morreram no México e no Brasil). O mosquito já havia sido identificado em 1901 pelo Dr. Walter Reed.

Página da Organização Mundial da Saúde - Divisão de Controle de Doenças Tropicais
Essas e outras preciosas informações para leigos estão disponíveis num site de FAQ (questões frequentemente respondidas), tendo sido compiladas pelo especialista Jack Woodall, diretor do Arbovirus Laboratory do Departamento de Saúde do Estado de Nova Iorque. Ele explica que se trata de uma doença infecciosa aguda, de rápido curso e que pode variar de moderado a fatal. 

Existem três variedades conhecidas da doença (urbana, florestal e silvestre), de igual virulência para o homem, diferindo apenas pelo ciclo natural: a urbana é transmitida pelo Aedes aegypti; a florestal é transmitida entre macacos e outros mamíferos arbóreos e ocasionalmente entre pessoas por espécies florestais desse mosquito (Aedes africanos e Aedes simpsoni), na África; e a silvestre é transmitida entre macacos nas florestas da América do Sul por espécies de mosquitos (haemagogus) que vivem no topo das árvores e só picam o homem no caso de uma grande árvore ser derrubada.

Sintomas - O nome da doença vem da icterícia por ela provocada em muitos casos, além de outros sintomas: febre, dor de cabeça, constipação, náuseas, vômitos, pulsação que se reduz conforme aumenta a febre (ao contrário das febres normais), albumina na urina, sintomas de hemorragia progressiva (sangramento pelo nariz e pela boca, vômito e evacuação negros devido ao sangue no aparelho digestivo). 

Antibióticos não têm efeito nesse caso e o tratamento é apenas de suporte (reposição do sangue perdido, medidas para reduzir a febre e danos ao fígado). Ainda não há cura, mas mesmo assim 50 a 95% dos pacientes podem sobreviver. Normalmente, centenas de mortes são registradas numa região atingida, antes que alguma campanha de vacinação em massa possa fazer efeito. A vacinação (que não tem efeitos colaterais) deve ser renovada a cada dez anos. Quem sobrevive fica imune e não transmite a outras pessoas.

Imagem divulgada pela Travel Health em 1997
Como explica a Divisão de Controle de Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde, o período de incubação do vírus é de 3 a 6 dias. A morte do paciente pode ocorrer de sete a dez dias depois. Destacaram-se as epidemias ocorridas na Etiópia em 1960/62 e na África Ocidental em 1969/70, com centenas de mortos. No Panamá e na região Norte sulamericana também têm sido registradas epidemias. 

Informações aos viajantes sobre epidemias estão disponíveis na página Travel Health Online, inclusive citando que a vacina não deve ser aplicada em mulheres grávidas e crianças com menos de quatro meses de idade (nas de quatro a oito meses, aplicar somente se houver real perigo de contaminação pela doença); pessoas com AIDS e outras situações de redução do sistema imunológico devem discutir a vacinação com seus médicos. A vacina deve ser aplicada ao menos dez dias antes da viagem para um local de risco.

Os viajantes contam com informações detalhadas sobre a febre amarela e como repelir os mosquitos em zonas contaminadas, além de uma tabela de mosquitos transmissores, hábitos e doenças transmitidas. A CDC Travel Information também informa sobre epidemias como a de febre amarela ocorrida em 1991 no Estado Delta (oficialmente conhecido como Bendel State, no Sul da Nigéria).

Logo da CDC Travel Information
Por sua vez, lembra o Dr. K.Nicholson, em “Epidemiology of Infectious Disease”, infecção endêmica é quando a doença ou infecção ocorre regularmente com frequência baixa ou moderada. Epidemia é quando subitamente a frequência se eleva acima dos níveis endêmicos. Pandemia é uma epidemia global.

No Brasil, as últimas estatísticas da Fundação Nacional de Saúde (Datasus) colocadas na Internet são de 1994, indicando um óbito nesse ano.

Vírus - O vírus da febre amarela é classificado como membro do gênero flavivirus, da família Flaviviridae (a mesma dos vírus da diarréia bovina e da hepatite C, hospedado por vertebrados). A transcrição (cópia) do RNA e produção das proteínas virais ocorre em 9 a 12 minutos no caso do vírus Kunkin, relacionado como vírus da doença, mas a total replicação, até a completa maturação de um novo vírus, necessita de algumas horas. 

Quem quiser mais detalhes sobre os grupos de vírus e sua classificação científica, pode procurar em VirusGroups: há uma lista de nove páginas ofício impressas com os vírus representativos, agrupados por estrutura genômica, compilados de “Virus Taxonomy”, o sexto relatório do International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV), em 1995: a família Flaviviridae pertence ao grupo 4: vírus (+) sense RNA.

Imagem divulgada pelo CDC norte-americano
Quem quiser saber mais sobre o Aedes e outros mosquitos encontra na Internet um excelente trabalho em Mosquito Genomics, com a imagem das diversas espécies de mosquitos e acesso inclusive a dados bem específicos do banco de dados genético - mapas de ligação Munstermann (da Universidade de Notre Dame) e Severson RFLP (da Universidade de Wisconsin) e mapa físico FISH (mapeamento dos cromossomos).

Vacina por DNA - As pesquisas mais recentes visam usar o conhecimento obtido sobre o DNA para a produção de vacinas e outras formas de imunologia. Os flavivirus, de que o vírus da febre amarela é o protótipo, são partículas simples envolvidas com uma glicoproteina principal, conhecida como “E”. A proteína faz a vinculação com a célula hospedeira, com fusão pH-dependente das membranas viral e celular, como explica o investigador médico Stephen C.Harrison, que vem realizando pesquisas sobre o tema, em trabalho publicado pelo Instituto Médico Howard Hugues. 

As vacinas DNA são também assunto em PubMed, do Departamento de Vírus e Biologia Celular dos laboratórios de pesquisa Merck, nos EUA, que analisam as respostas imunológicas induzidas por essas vacinas (que estão apresentando resultados muito favoráveis). Bernard Dixon, editor auxiliar em Londres de Bio/Technology, comenta o tema, em artigo intitulado “A Terceira Revolução da Vacina”, destacando as possibilidades de termos futuramente uma vacina baseada em DNA, para aplicação não apenas por injeção intramuscular como também por bombardeamento de partículas e por spray nasal.

Consultas - A Internet oferece amplo material de consulta nas áreas de epidemiologia/imunologia. Por exemplo, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, inclui em seu site um dicionário de epidemiologia equivalente a 21 páginas ofício. Os pesquisadores também encontrarão informações valiosas no site Kabat Database of Sequences of Immunological Interest.

Departamento de Medicina Ambiental da Universidade de RochesterA Universidade de Rochester, através do Departamento de Medicina Ambiental de sua escola de Medicina e Odontologia, mantém página Web com ligações para outros 23 centros de Saúde Ambiental (vinculados à Association of University Environmental Health Sciences Centers). Há vínculos também para inúmeras outras instituições de pesquisas, como o European Bioinformatics Institute, e para o Internet Directory of Biotech Resources. Já a Associação Americana de Imunologistas (AIA) tem página  com programas de imunologia, tabela de antígenos-CD e vínculos para publicações do setor. 

Vale a pena ainda conhecer os vínculos na área de virologia do centro médico virtual Martindale’s, mantido pelos presbiterianos nos EUA, em , e que possui até dicionários on-line para tradução de termos médicos em diversos idiomas (inclusive Português). Sobre a Dengue e a Dengue Hemorrágica, a Organização Mundial da Saúde (OMS, em inglês WHO) tem página inclusive com informações em Português destinadas a líderes municipais e comunitários. Há também o site japonês WFCC World Data Centre for Microorganisms e a página Kevin’s Antibody Resource.

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Quem: médico Meyer Reznik