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TRILHOS (50)
Os bondes da escocesa Hurst Nelson

Santos foi tradicional cliente da companhia Hurst Nelson, produtora de bondes com fábrica em Motherwell, subúrbio de Glasgow, a capital da Escócia. O bonde fechado "camarão", de prefixo 40, que volta a circular em 2002, é um exemplo, pois foi encomendado junto com mais 19 bondes a essa companhia, em 27/2/1911, segundo o especialista em transportes públicos Allen Morrison, radicado em New York, nos Estados Unidos.

Anúncio da Hurst Nelson na revista industrial 'Tramway and Railway World' em 1912

(arquivo: Allen Morrison)

Baseado em documentação que abrange todas as encomendas da Hurst Nelson entre 1899 e 1951, Allen explica que Santos comprou dois bondes elétricos de Inglaterra em 1915 (números 98 e 100) e três de Bélgica em 1928 (números 212, 214 e 216), mas todos os outros bondes originais (números 1-48, renumerados em 1915 como 2-96, só pares) vieram entre 1908 e 1913 da companhia Hurst Nelson.

Embora sendo escocesa, a Hurst Nelson tinha agentes em Inglaterra, o que gerou alguma confusão entre os historiadores sobre a origem desses bondes, com alguns atribuindo origem inglesa aos veículos - na verdade fabricados em Motherwell. "A partir dos anos 20, Santos comprou alguns trucks da Inglaterra e construiu e reconstruiu os seus bondes, mas nunca comprou outros bondes de Inglaterra", esclarece Allen.


Detalhe do anúncio da Hurst Nelson em 1912 mostra o bonde aberto CSTC nº 2, modelo da série

(arquivo: Allen Morrison)

"O bonde número 40 foi reformado muitas vezes mais tarde. E a companhia escocesa fabricou para Santos também bondes de carga, bagageiros, um bonde de correio, o bonde irrigador (o primeiro pedido em 1/3/1911 e o segundo encomendado em 6/6/1913) e milhares e milhares de peças de todo tipo", completa o especialista.

Sobre a numeração dos prefixos, ele complementa: "Até 1915, os bondes de Santos foram numerados separadamente - os passageiros de 1 a 48, os bondes de carga de 1 a 15 (?), os bondes irrigadores 1 e 2 etc. - tinha muitos veículos com números duplicados. A partir de 1915, os bondes de passageiros tinham números pares, todos os outros receberam números impares."

Vejam, agora, os bondes fabricados na Bélgica para Santos...

Carlos Pimentel Mendes