Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/poli1927b.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/13/11 17:52:06
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OS DIRIGENTES
João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior

Presidente da Câmara Municipal de 16/5/1927 a 15/1/1929
Também presidiu a Câmara em dezembro de 1925


João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior
Imagem: página Web da Câmara Municipal de Santos

Nasceu em Santos em 13 de abril de 1850 e formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo.

Ocupou os cargos de capitão-secretário do Comando Superior da Guarda Nacional de Santos; delegado de polícia; Juiz Municipal, acumulando a Vara do Comércio, Órfãos e Provedoria; inspetor municipal de instrução pública, e cônsul em Santos da Argentina, Espanha e da Guatemala. Foi um dos fundadores do Asilo dos Órfãos, hoje Casa da Criança, e também da Associação Comercial de Santos, sendo o último de seus remanescentes, de um grupo de 106 cidadãos que se uniram para criar a entidade.

Alfaya Rodrigues foi vereador no período de 1887 a 1890. Voltou à Câmara Municipal de Santos nas legislaturas de 1917/1920, 1920/1923, 1923/1926 e 1926/1929. Ocupou a vice-presidência da Câmara e presidiu a Mesa Diretora em 1927 e 1928.

Como vereador, muito lutou para a transferência das cinzas de Bartolomeu de Gusmão para Santos e foi um dos responsáveis pela construção do monumento a Brás Cubas, inaugurado a 26 de janeiro de 1908. Alfaya Rodrigues faleceu aos 91 anos no dia 15 de agosto de 1941. Seu nome batiza a rua paralela às avenidas Afonso Pena e Pedro Lessa, no Bairro da Aparecida.

(Informações do site da Câmara Municipal de Santos, consulta em 13/7/2011).

Sobre ele, o jornal santista A Tribuna publicou, na edição especial comemorativa do 1º centenário da cidade de Santos:

Comm. Alfaya Rodrigues (João Manoel Alfaya Rodrigues) - Nasceu em Santos a 13 de abril de 1850, e era filho legítimo de dom João Manoel Alfaya Rodrigues, fidalgo espanhol com carta de brasões, vindo para o Brasil em 1830, e de d. Camilla Leite de Oliveira Alfaya.

Seus primeiros estudos foram feitos em S. Paulo, no Seminário Episcopal da Luz (fundado pelo bispo d. Antonio de Mello), do qual foi um dos primeiros alunos, aos 10 anos de idade. Ano e meio depois, fechada aquela escola temporariamente, pela epidemia reinante, passou para o afamado Colégio Galvão, onde estudou cerca de 2 anos. Daí passou para o Curso anexo da Faculdade de Direito, visto não haver ginásios então. Aí fez o curso de preparatórios durante 2 anos. Voltou para Santos depois disso, onde ingressou na vida comercial, como ajudante de seu pai, na tradicional casa que este mantinha. Sua vida foi uma constante atividade e suas empresas foram inumeráveis.

Durante a guerra do Paraguai, quando a Santa Casa de Santos se debatia em tremenda crise, sem patrimônio e sem rendas, foi ele que lhe valeu, correndo todas as quartas-feiras o alto comércio local, recolhendo donativos, em listas sempre abertas por seu pai, Nicolau Vergueiro e o visconde de Embaré, a 10$000 cada um, reunindo importâncias que foram suficientes para sustentar o velhíssimo hospital, durante aqueles negros anos.

Aos 23 anos, pela Carta Patente de 19 de abril de 1873, o imperador d. Pedro nomeava-o capitão-secretário do Comando Superior do Município de Santos e Anexos da Província de São Paulo. A 4 de agosto do mesmo ano, era nomeado delegado de polícia da cidade, lugar que ocupou durante dois anos e que ocupava durante a grande epidemia de varíola de 1874, quando o governo provincial o encarregou da assistência e socorro à população, tendo prestado grandes serviços a Santos, organizando hospitais, secundando os médicos em todos os setores a ponto de ser condecorado pelo governo imperial com a venera de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa (por serviços prestados à Humanidade), louvado em ofício nos termos mais honrosos.

A condecoração (uma peça de ouro cravejada de brilhantes) foi adquirida pelo povo, em subscrição pública, tendo falado em nome deste, por ocasião da entrega, o notável padre Francisco Gonçalves Barroso (capelão de Santo Antonio do Valongo, jornalista, abolicionista e republicano).

Foi reformado no posto de capitão, com acesso a major, pelo marechal Floriano, a 4 de outubro de 1894.

Foi juiz municipal em 1875, 1876 e 1880, exercendo durante um triênio as varas de Comércio, Órfãos, Provedoria etc., funcionando também como substituto do juiz de direito da comarca.

Foi delegado de polícia pela 2ª vez, em 1877. Foi inspetor da Instrução em Santos, por nomeação de 27/6/1878. Foi fundador, com o visconde de Vergueiro, visconde de Embaré e outros, da antiga "Praça do Commércio", hoje Associação Comercial de Santos, a benemérita instituição da cidade.

A 6 de março de 1887, foi nomeado pela regente, princesa Isabel, diretor oficial, encarregado da Imigração em Santos, sendo então o organizador do movimento imigratório oficial de São Paulo. Feita a Abolição, a convite de Rodrigo Silva e conselheiro Rodrigues Alves, continuou exercendo o mesmo cargo, no qual foi confirmado também pela República, depois de sua proclamação.

Nessa qualidade, recebeu em Santos centenas de milhares de imigrantes estrangeiros. De 1885 a 1886, por nomeação do governo provincial, de parceria com o cel. Francisco Martins dos Santos, tomou parte nos estudos da qualidade das terras do município, sua produção e propriedades minerais, organizando relatórios e estatísticas que foram enviadas ao governo, realizando na mesma ocasião o recenseamento demográfico municipal, que foi o último do Império.

Foi, em 1889, um dos fundadores do Asilo de Órfãos de Santos, sendo mais tarde seu vice-presidente, cargo que ocupa até hoje, há quarenta anos. Entusiasta da Aviação, foi um dos fundadores e presidente da primeira Escola de Aviação Santista, mais tarde desaparecida.

De 1908 em diante, fez parte das Câmaras Municipais desse ano a 1911, de 1913 a 1916, de 1916 a 1919, e de 1922 a 1925, figurando como vice-presidente e presidente em algumas, e sendo sempre um dos principais membros do Diretório Político local.

Fez muitas viagens à Europa. Fez parte do Congresso Mariano em Roma, como deputado católico ao Vaticano, no jubileu da coroação da Imaculada Conceição, sendo agraciado pelo papa com a Dignitária da Cruz de Benemerência. A 5 de junho de 1912, estava em Toledo, onde assistiu à colocação da lápide comemorativa de ali se achar sepultado o santista padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão.

Em 1923 fez parte da grande comissão que foi à Argentina e ao Chile, a fim de retribuir a gentileza daqueles países, enviando uma representação às comemorações brasileiras do centenário da Independência. Em Buenos Aires, foi eleito presidente da mesma comissão, por sua habilidade diplomática e conhecimento profundo de vários idiomas, inclusive o castelhano.

Em Valparaíso fez o discurso oficial da inauguração do monumento ao almirante Cochrane, declarando ao povo do país amigo que a figura do famoso almirante inglês era particularmente grata ao seu país, porque a história brasileira incluía o seu nome entre os nomes daqueles que mais concorreram para a Independência do Brasil. Foi tão grata a sua atuação no Chile, que mereceu da Municipalidade chilena o título de membro honorário do Conselho Municipal da cidade, e a insígnia do Mérito de 1ª Classe da República.

É o mais velho dos irmãos vivos, e o mais antigo, da Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência, sendo ministro jubilado da mesma. É o único fundador vivo da Associação Comercial de Santos, como também o mais antigo dos irmãos vivos da Irmandade da Misericórdia de Santos, e seu Grande Benemérito.

Damos com prazer a relação dos seus títulos e condecorações, como demonstração de sua pujante atuação na vida social de sua terra: membro de honra da Sociedade dos Estudos Portugueses da França, membro de honra da Sociedade União-Latino-Americana da França, membro da Academia de História Internacional de Paris, sócio honorário do Aero Clube de Portugal, sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, membro honorário da Academia Aeronáutica Bartholomeu de Gusmão, de Paris, representante da Santa Sé em missão protetora da imigração italiana no Estado de S. Paulo, membro honorário do Conselho Municipal de Santiago do Chile, com medalha de ouro, presidente honorário da Associação de Pais e Mestres do Grupo Visc. de S. Leopoldo, sócio honorário do Real Centro Português, benfeitor da Sociedade Portuguesa de Beneficência, sócio honorário da Sociedade Recreio Juvenil de Campinas, sócio honorário da Associação Beneficente dos Empregados da Cia. Docas de Santos, sócio benfeitor do Real Centro Espanhol de Santos, sócio benemérito da Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos e Instrução de Santos, e sócio honorário da Sociedade Beneficente dos Chauffeurs de Santos.

Condecorações - Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa do Brasil; comendador da Imperial Ordem da Rosa do Brasil; cavaleiro da Real e Distinguida Ordem de Carlos III da Espanha; comm. da Real Ordem de Isabel, a Católica, de Espanha; medalha de Benemerência e Diploma do Papa Pio X; comm. da Cruz pró-Ecclesie et Pontifice, de Leão XIII; comendador da Real Ordem da Coroa da Itália, pelo rei Vittorio Emmanuele III e Benito Mussolini; Insígnia do Mérito de 1ª Classe da República do Chile e mais algumas.

Este venerado santista foi, sem exagero algum, o autor direto de quase todos os monumentos de Santos, que nele tiveram o iniciador da idéia e seu melhor paladino, principalmente os monumentos de Braz Cubas e de Bartholomeu de Gusmão, sendo que, para a ereção deste, conseguiu donativos do Aero Clube da França e do Aero Clube de Portugal, além das dotações municipais, estaduais e federais.

Um dos principais serviços prestados a Santos pelo comm. Alfaya foi, entretanto, e indiscutivelmente, a criação do Imposto Predial, cujo projeto apresentou, como vereador, à Câmara de 1877, por tê-lo visto na Europa. Santos era paupérrima então, e não possuía verba alguma para melhoramentos locais. Seu projeto teve o apoio da Assembléia Provincial daquela época e venceu,beneficiando-se Santos, pouco depois, com a renda por tal meio auferida. E basta que se saiba que tal imposto rende, hoje, a importância de cerca de 7 ou 8 mil contos ao município, para bem se aquilatar do benefício prestado à sua terra por este santista.

Santos foi a primeira cidade do Estado e talvez do Brasil que teve tal imposto, e, logo que ecoou essa notícia, outras cidades o desejaram e obtiveram, valendo-se do precedente santista.

O comm. Alfaya Rodrigues foi cônsul da República Argentina mais de dez anos, e é cônsul da Guatemala há mais de quarenta anos. Reside em Santos, à antiga Rua de Santo Antonio (hoje do Comércio), com a idade de 99 anos, quase cego e surdo mas ainda com energias físicas e uma extraordinária memória, constituindo uma crônica viva, um almanaque de sua terra.


Comendador Alfaya
Imagem publicada com a matéria de A Tribuna em 26/1/1939

Referindo-se também à via que ganhou seu nome, o falecido jornalista Olao Rodrigues registrou, em sua obra Veja Santos! (edição do autor, 2ª ed., Santos, 1975, págs. 37/38):

Alfaya Rodrigues (Comendador)
Rua - Bairro: Aparecida
Paralela às avenidas Afonso Pena e Dr. Pedro Lessa

Tinha na Planta o nº 239 e chamava-se João Alfaya. Alterou-lhe a denominação para Comendador Alfaya Rodrigues a lei nº 847, sancionada pelo prefeito municipal, dr. J. de Sousa Dantas, de acordo com o parecer nº 23, da Comissão de Justiça e Poderes, da Câmara Municipal, aprovado na sessão realizada a 12 de janeiro de 1929, presidida pelo com. João Manuel Alfaia Rodrigues.

O comendador João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior nasceu em Santos a 13 de abril de 1850. Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo e desempenhou os seguintes cargos: apitão-secretário do Comando Superior da Guarda Nacional de Santos; delegado de polícia de Santos; juiz municipal, quando também ocupou a Vara do Comércio, Órfãos e Provedoria e, em substituição, a de juiz de Direito; inspetor municipal de Instrução Pública; cônsul em Santos da Argentina, Espanha e da Guatemala; irmão e benemérito da Santa Casa da Misericórdia e um dos fundadores do Asilo de Órfãos, hoje Casa da Criança. Um dos fundadores, também, da Associação Comercial de Santos, a 22 de dezembro de 1870 e o último de seus remanescentes, de um grupo de 106 cidadãos fundadores da entidade.

Portador de comendas e títulos de vários países e colaborador dedicado de instituições culturais, assistenciais e sociais do Município. Foi vereador no período de 1887 a 1890. Voltou à Câmara Municipal de Santos nas legislaturas compreendidas entre os anos de 1917-1920, 1920-1923, 1923-1926 e 1926-1929. Vice-presidente em mais de uma Legislatura, presidiu a Edilidade durante os exercícios de 1927 e 1929.

O venerando santista muito se interessou pela trasladação das cinzas de Bartolomeu de Gusmão para Santos, chegando a viajar para Toledo com essa nobre missão. Também foi ele o paladino da construção do monumento a Braz Cubas, inaugurado a 26 de janeiro de 1908. No dia 30 de abril de 1930, quando completou 80 anos, o comendador João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior foi homenageado pela Associação Beneficente dos Empregados da Companhia Docas de Santos e, à noite, ofereceu recepção a seus amigos e admiradores no Parque Balneário Hotel. Faleceu a 15 de agosto de 1941.


João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior
Imagem: bico-de-pena de Ulisses Veneziano, publicado com o texto

Veja mais:

Cerimônia do Dia da Bandeira, em novembro de 1926