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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Incêndios, no início do século XX

Alguns dos incêndios que agitaram a então pequena cidade de Santos nos primeiros anos do século XX - entre eles o do Hotel dos Estrangeiros, situado na Praça da República, esquina da Avenida Senador Feijó, e sinistrado em 1913 - foram registrados no livro Santos (Reminiscências) 1905-1915, de Carlos Victorino (Typ. d'A Tarde – Rua Martim Afonso n. 21, Santos/SP, 1915, volume II, capítulo XIV, páginas 67 a 68 - ortografia atualizada nesta transcrição):


Praça da República, antes de 1908, vendo-se a esquina com a Rua Senador Feijó e, do lado esquerdo dessa rua, o prédio do Hotel Roma, que depois seria rebatizado como Hotel dos Estrangeiros e, após o incêndio de 1914, ganharia o nome de Washington Hotel
Foto: Calendário de 1979 editado pela Prodesan - Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A.

Passemos para uma pequenina série de incêndios, e vejamos o da "Camisaria Especial", à Rua 15 de Novembro n. 46.

É escusado dizer que foi um incêndio como muitos; ardeu tudo.

Terminado o incêndio da "Camisaria Especial", para não dar muito trabalho ao Corpo de Bombeiros, no Guarujá, dias depois, uma loja de fazendas foi vítima das chamas.

Imaginem o pânico dos pacatos habitantes daquela ilha onde, quem pode, vai procurar restabelecimento à saúde abalada.

Devia ser um atropelo enorme, os habitantes dali, a braços com um incêndio e sem Corpo de Bombeiros!

Mal descansávamos do incêndio no Guarujá, e logo outro manifestava-se em Santos.

Pelas caladas da noite, o cabo da Guarda Cívica n. 644 e o soldado da mesma corporação, n. 664, que estavam de guarda no edifício da Alfândega, viram que do telhado do "Hotel dos Estrangeiros" saíam grossos novelos de fumo.

Não era decerto, aquela hora, própria para fazer-se almoço e muito menos ceia.

Averiguando bem, os dois militares chegaram à conclusão de que no citado hotel manifestava-se incêndio.

Lestos, deram alarme e comunicaram ao quartel do Corpo de Bombeiros.


Combate a incêndio no Centro santista, por volta de 1920
Foto: acervo de Carmen Cabral e sua avó Sylvia Pires Faria de Paula.
Imagem enviada a Novo Milênio em 4/6/2006

Quando o Corpo de Bombeiros apresentou-se já o incêndio havia tomado grandes proporções, comunicando-se à casa de fumos "União", de propriedade do sr. A.F. Coelho.

O Corpo de Bombeiros lutou a princípio com a falta de água. Enquanto os registros não vomitavam o querido líquido, as chamas assolavam o prédio e ligavam-se aos vizinhos.

Os heróicos soldados 664, 631, 536 e o cabo 644, revestidos de inaudita coragem, penetraram no prédio em chamas e conseguiram salvar Cezario Mauá, velho, paralítico e cego; Maria Mauá e a menina Julieta que se embaraçavam no meio do fumo espesso, contando mais com a morte do que com a vida.

Ao serem postas na rua essas quase vítimas e morte horrorosa, os valentes soldados foram vitoriados com aplausos que se desprendiam, delirantes, da multidão estacionada em frente ao Hotel dos Estrangeiros.

Nos escombros distinguiu-se em atividade o praça 523. Creio mesmo que foi ele quem descobriu o sargento João Caetano de Souza que lá estava soterrado.

O praça João Isidoro dos Santos, perdendo os sentidos na faina da salvação, veio cair nos braços de Santos Amorim, repórter do Diário de Santos, e nos do representante do Correio Paulistano, sr. Juvenal do Amaral, que o socorreram.

Militares e paisanos fundiram-se numa só alma, num só fim humanitário: acudiam uns aos outros.

Não fora sucederem-se estas cenas lamentáveis, era o caso de dar-se parabéns ao elemento - fogo - que se incumbiu de destruir aquele monstrengo, representante da arquitetura antiga.

Não ficamos ainda aqui quanto a incêndios; o Club dos Políticos lembrou-se também de, na noite de São João, transformar-se numa fogueira, iluminando parte da Rua General Câmara e reduzindo a cinzas toda a política, que lá reinava.

A "Casa Azul" mudou para casa vermelha, também na véspera do dia de São João, dado o colorido das chamas que o fogo fez irromper pelas portas a fora.


O prédio incendiado onde funcionaram a Livraria Magalhães e o Jornal de Santos, à Praça dos Andradas (por volta de 1910)

Foto e legenda publicadas com o texto original, no capítulo IX da obra de Carlos Victorino
(exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos)

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