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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1887 - pelo Indicador Santista (2-l)

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Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Em 1887, no seu quarto ano de edição, o Indicador Santista - 1887, de Adaucto Lima, organizado por ele junto com Vicente de Carvalho e Moraes Júnior e impresso na Typographia a Vapor do Diário de Santos, (exemplar na biblioteca da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos) publicava (grafia atualizada nesta transcrição):


Detalhe da publicação original

Crônica diária
[...]


SETEMBRO - 1886

1. Entra em exercício do cargo de subdelegado o 1º suplente Tancredo Oscar de Azevedo. - Realiza-se um exame nas aulas da escola José Bonifácio. Os alunos dão provas de grande adiantamento, recebendo alguns prêmios.

3. Ao mercado é trazido um mero com 2 1/2 metros de comprimento, pescado no rio da Bertioga.

4. Na Alfândega são despachadas 49.485 sacas de café no valor oficial de 1.172:794$500, importando os direitos em 82:095$615.

5. A Antonio Venâncio da Rosa são concedidos 30 dias de licença. - Fundeia neste porto o rebocador Lomba, em viagem do Rio de Janeiro para Santa Catarina. - Alguns sujeitos embriagados fazem um grande rolo na Rua do General Câmara.

7. Inaugura-se a iluminação pública da vila de S. Vicente. - Em regozijo à data da Independência e do Império, os diversos consulados e repartições públicas hasteiam os respectivos pavilhões. - Estréia no teatro-rink a companhia japonesa de Ch. Comelli.

8. Realiza-se a costumada romaria ao alto do Monte Serrate. A concorrência foi grande, calculando-se em mais de duas mil pessoas. - José de Assis Pinto Freitas concede liberdade sem ônus à sua escravizada Justina, de 25 anos. - São sorteados festeiros de N. S. do Monte Serrate para o futuro ano: José André do Sacramento Macuco e Francelina Augusta Martins Fernandes. - Procedente do Rio de Janeiro, chega a este porto a canhoneira da marinha de guerra inglesa Stork, que anda em viagem de instrução.

9. A polícia cerca uma casa de tavolagem à Rua de S. Bento e surpreende com a boca na botija alguns indivíduos amigos de puxar a orelha da sóta. - Com um magnífico espetáculo despede-se do público santista a companhia equilibrística japonesa.

10. Estréia no teatro Guarany, com o drama Morte civil, a companhia de teatro Príncipe Real de Lisboa. - Segue para Campinas a troupe japonesa.

11. Um moço que vinha de assistir o espetáculo no Guarany, no Largo do Rosário, é agredido por um indivíduo que desfecha-lhe algumas cacetadas. - Representa a companhia do Príncipe Real, no teatro Guarany, a Morgadinha de Va-Flor.

12. Sobe à cena no Guarany As duas órfãs, pela troupe do Príncipe Real.

13. Instala-se a 3ª sessão do júri. Por não haver processo preparado é em seguida encerrada. - A companhia dramática do Príncipe Real representa no teatro Guarany a Maria Antonietta.

14. A Câmara Municipal resolve comprar por 10:000$000, para fazer demolir, um prédio da Rua 28 de Setembro, que ameaça ruína. - Sobe à cena no Guarany a Dama das Camélias.

15. Justina Maria de Bittencourt Pinto concede liberdade, sem condições, a Severiana, única escravizada que possui. - A companhia do Príncipe Real representa, em benefício, O gran Galeotto.

16. Retira-se para o Recife, para onde foi removido, o chefe de seção da Alfândega desta cidade, Thomaz Zany. - Cessa a cobrança da taxa de 100 rs. pelo recibo dado ao portador de telegramas do telégrafo do governo. - A companhia do Príncipe Real leva à cena o drama de Octavio Feulliet: Romance de um moço pobre. - São dissolvidas as sociedades desta praça: Rodolpho Wanschaffe & C. e Candido Soares & Garcia. - Na estação dos bondes a vapor, em S. Vicente, dá-se um pequeno desastre. A máquina impele um vagão de cargas que vai de encontro à parede da sala de espera e deita-a em baixo. Um trabalhador fica levemente ferido. - Chegam da Bahia os hábeis clínicos drs. Manoel Maria Tourinho e J. Lopes. - Em benefício de Cezar Polla e Maria das Dores representa-se no Guarany o drama de propaganda Os Lazaristas.

17. Chega a esta cidade Charles Chateau, administrador geral da Agência Havas na América do Sul. - João José Lopes liberta incondicionalmente o seu escravizado Miguel, de 29 anos.

18. Na Alfândega são despachadas 56.608 sacas de café no valor de 1.373:685$800, pagando por direito de exportação a soma de 96:158$706. - A companhia dramática do Príncipe Real representa a Avó.

19. São nomeados suplentes da delegacia de polícia os cidadãos: Manoel Bento de Andrade e Adolpho Vaz Guimarães. - É recolhido ao hospital da Misericórdia, gravemente ferido, o português Theotonio Pinto, que caiu do convés ao porão do vapor Sirius. - Procede-se à eleição de um vereador para a vaga do falecido capitão João Pereira dos Santos. É eleito o cidadão Belizario Soares Caiuby, único candidato apresentado. - A companhia do Príncipe Real despede-se do público representando Othelo, em benefício do ator Álvaro Ferreira. - Na linha da Barra dá-se um desastre: um bonde especial que vinha do Boqueirão, devido a uma pedra que estava nos trilhos, tomba, contundindo levemente alguns dos passageiros.

20. A colônia italiana desta cidade, dividida em duas facções, festeja a data da entrada das tropas libertadoras em Roma.

21. O capitão Gregorio Innocencio de Freitas expõe no escritório do Diário de Santos duas amostras de café de uma fazenda sua situada no município de Xiririca (N.E.: atual Eldorado, no Sul do Estado de São Paulo). - Aparece boiando na baía desta cidade o cadáver de um português, de 40 anos de idade mais ou menos, apresentando no corpo e na cabeça vários ferimentos produzidos por arma de fogo e instrumento cortante.

22. Chega a esta cidade, após dois anos de viagem pela Europa, o negociante Joaquim Franco de Lacerda. - O engenheiro deste distrito examina a linha, vagões e máquinas da empresa de bondes a vapor de S. Vicente, julgando aquele engenheiro a estrada em condições ótimas. - Em S. Vicente, Francisca Maria de Camargo, Maria Marianna de Camargo e João Francisco Mendes libertam, sem condição alguma, os seus escravizados Agostinho, Vicente e Joanna.

24. O comendador Fidelis Nepomuceno Prates faz o donativo de 500$000 à Santa Casa de Misericórdia. - Chega a esta cidade a companhia dramática do teatro D. Maria II, de Lisboa. À gare da estrada de ferro foram muitos cavalheiros esperá-la com uma banda de música, subindo ao ar muitos foguetes. À noite, com uma enchente real, a companhia estreou no Guarany com a soberba peça Duque de Vizeu.

25. No paquete alemão Rosario chegam 9 imigrantes. - A companhia de teatro de D. Maria II dá o seu segundo e último espetáculo. Representa-se a Dionízia. As cadeiras para ambos os espetáculos chegam a alcançar o preço de 20$000. No hotel da Europa é oferecida pela colônia portuguesa uma opípara ceia aos artistas da companhia.

26. Em S. Vicente, falece Theodolinda de Aguiar. - Retira-se para S. Paulo a troupe do teatro D. Maria II.

28. Para comemorar a gloriosa data da benemérita lei do Rio Branco, a Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro entrega, em reunião especial, carta de liberdade a Afra, escravizada de José Manoel de Vasconcellos. Pela quantia de 300$000 é também libertada a preta Benedicta, de Carlos Martins dos Santos. A sociedade dirigiu telegramas congratulatórios aos srs. senadores Dantas e Taunay e um ofício ao conde de S. Salvador de Matosinho.

30. O vice-cônsul da Espanha, João Manoel Alfaya Rodrigues, concede cartas de liberdade a 4 escravizados que possui.



Festa no Monte Serrat, em 1901, em foto-postal de M. Pontes
Foto: Acervo José Carlos Silvares/Santos Ontem

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