Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/02/08 12:53:36
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1772 - pelo historiador Pedro Taques

"A vila de Santos... é uma das mais nobres que há em todo Brasil..."

Sobrinho-neto do bandeirante Fernão Paes Leme e primo de Frei Gaspar da Madre de Deus -, Pedro Taques de Almeida Paes Leme, além de linhagista, mais conhecido pela sua Genealogia Paulistana, notabilizou-se como historiador dos primeiros tempos do povoamento paulista, sendo sua principal obra a História da Capitania de São Vicente, concluída em 1772, cinco anos antes de sua morte na capital paulista.

O texto a seguir foi transcrito, com ortografia atualizada, no Almanaque da Baixada Santista - 1973, do falecido pesquisador santista Olao Rodrigues (produzido pela editora Indicador Turístico de Santos, de Bandeira Júnior, Santos/SP, 1973). Ele também aparece nas páginas 123 e 124 do livro editado em 2004 pelo Senado Federal, que inclui o texto integral dessa História, além da biografia de Pedro Taques e análises de sua obra:


Planta da Praça de Santos em 1765/1775
Reproduzido de Um olhar sobre as cidades do Brasil Colônia, de Rodrigo Cavalcante,
citado na revista Cidades nº 26, Ano 4, de 1999

A Vila de Santos no século XVIII

A Vila de Santos está a 24º graus dentro da Ilha de São Vicente, e é uma das mais nobres que há em todo Brasil, pela construção das suas casas e templos, Casa de Câmara, e uma excelente cadeia banhada de um regato que sepulta suas águas no mar, tem dois conventos, 1 de religiosos carmelitas, e outro de capuchos de Santo Antônio; 1 mosteiro dos monges beneditinos, cujo lugar é de presidente, e 1 colégio que foi dos jesuítas; tem uma casa de misericórdia, e 1 nobre e formoso arsenal vulgarmente chamado Casa do Trem.

Tem Juiz de Fora, e também serve aos órfãos e de provedor de defuntos e ausentes, com 2 tabeliões do judicial e notas, e 1 escrivão de órfãos; tem um escriturário da Alfândega que também serve da matrícula da gente de guerra do presídio desta praça, e todos servem por donativo que anualmente pagam.

Até o ano de 1766 se conservou nesta Vila a residência do provedor contador da Fazenda Real, juiz da Alfândega com um escrivão dela e matrícula da gente de guerra, e com um escrivão da provedoria; e passou para São Paulo o provedor contador da Fazenda pela criação do Tribunal e Junta da mesma Fazenda, que Sua Majestade mandou criar, servindo de debutados a ela o mesmo provedor, o ouvidor geral e o corregedor da Comarca, e o provedor da Coroa e da Fazenda e com presidente o Governador e Capitão General da Capitania; tem um escrivão da Fazenda e outro da Junta e um almoxarife.

Desta Vila de Santos foi seu primeiro provedor Braz Cubas, que acabou Cavalheiro Fidalgo, provedor da Fazenda, Capitão-mor, Governador e alcaide-mor da Capitania de São Vicente, por mercê do donatário Martim Afonso de Souza, por ordem de quem foi fundada a dita Vila, e com tanta nobreza e riqueza pelo comércio do seu porto, que chegou a ter três famosos Engenhos de Açúcar, que foram o da Madre de Deus, que fundou o fidalgo Luiz de Góis; o de S. João, que fundou José Adorno, nobre genovês, e o de N. Sra. Apresentação, que fundou Manoel de Oliveira Gago, e de todos eles já nenhum existe, e só há abundância de moendas para espremer o suco das canas para as águas ardentes.

São Paulo, 5 de janeiro de 1772
PEDRO TAQUES DE ALMEIDA PAES LEME


Casa do Conselho ou Câmara e Cadeia
Imagem: tela de Benedito Calixto


Veja o relato completo de Pedro Taques: clique na imagem abaixo para abrir o arquivo em formato Adobe PDF (745 KB), disponível também no site Domínio Público (obra sf000043):

Clique na imagem para obter o arquivo PDF do livro