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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - MEDICINA
Santa Casa de Misericórdia (11)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 

Imagem: reprodução parcial da matéria original

Santa Casa da Misericórdia -
modelar instituição de caridade de Santos

"Casa de Deus para os homens e porta aberta ao mar"
Assim a denominou Braz Cubas, seu fundador

Intimamente ligada à história da cidade, e com ela vivendo alguns dos mais destacados fatos da nossa existência, a Santa Casa de Misericórdia não pode ser olvidada quando Santos festeja a passagem do primeiro centenário de sua elevação à categoria de cidade.

É tão volumosa a soma de serviços prestados à população santista, desde os mais remotos tempos e em todas as ocasiões, pela benemérita Santa Casa de Misericórdia, que o seu nome passou a constituir, muito justamente, um símbolo perfeito de caridade e assistência aos desafortunados.

Em todas as calamidades de caráter público, por ocasião das epidemias que aqui irromperam há tempo e nos momentos de dor, teve o povo santista a Santa Casa de Misericórdia com suas portas sempre abertas, a todos abrigando e socorrendo a quantos careceram de seu auxílio hospitalar.

Atualmente, a Santa Casa de Misericórdia tem, além do hospital cujo primeiro centenário foi festejado em 1936, a 4 de setembro, o pavilhão "Soter de Araújo", destinado a acolher os tuberculosos, e o sanatório de Campos do Jordão. Presentemente, é propósito dos que têm a ombros a tarefa de dirigir a Irmandade da Santa Casa ativar os trabalhos de conclusão do edifício mandado construir no Campo Grande (N.E.: na verdade, no bairro do Jabaquara), onde ficará instalado o novo hospital, cujo aparelhamento será dos mais modernos.


"O edifício recém-construído e no qual será instalado dentro em breve o hospital da Santa Casa de Misericórdia, que será dotado do mais aperfeiçoado aparelhamento clínico e cirúrgico"
Foto publicada com a matéria

O hospital da Santa Casa de Misericórdia foi fundado em 1543, no outeirinho de Santa Catarina, junto ao qual Braz Cubas fizera construir os primeiros abrigos para um porto, a princípio chamado de Porto da Vila de São Vicente, visto que a ele vinham ter as embarcações para o transporte de mercadorias, que assim não mais se viam na contingência de ter que fazer a travessia até São Vicente, por mar, arrostando com a fúria das ondas, ou pelo rio, efetuando longa caminhada.

Os navios de alto bordo e as pequenas embarcações, os primeiros vindos do exterior e as segundas dos sítios de Santo Amaro, Bertioga e imediações, fundeavam no novo porto, e as mercadorias descarregadas eram transportadas por terra, com muito mais rapidez e segurança, através de uma estrada aberta por iniciativa de Paschoal Fernandes e Domingos Pires.

Foi a fundação desse porto que determinou a necessidade da criação de um hospital, visto que os navegantes e canoeiros, depois das penosas travessias que realizavam, chegavam inúmeras vezes adoecidos.

Gente estranha à terra, sem contar com um teto para seu abrigo, ficavam a padecer os maiores sofrimentos. Disso se apiedou Braz Cubas, que logo tratou de fundar um hospital de caridade. O porto formado próximo ao outeirinho de Santa Catharina determinou conseqüentemente a fundação de um povoado, que mais tarde se chamou Povoação de Santos, pois que Braz Cubas dera ao hospital que fundara no outeirinho de Santa Catarina o nome de Santos, lembrando o de outro existente em Lisboa.

Surgiu assim, em 1543, por iniciativa de Braz Cubas, a Irmandade da Santa Casa, seu primitivo nome, segundo os historiadores mais versados sobre o assunto.


"O hospital da Santa Casa em 1880, quando teve suas instalações aumentadas"
Foto publicada com a matéria

Recordando esse acontecimento, a Câmara Santista, em 22 de outubro de 1892, mandou colocar numa das faces do monólito do outeirinho de Santa Catarina uma placa, com a seguinte legenda: "Esta rocha é o resto do Outeiro de Santa Catarina e foi sobre este Outeiro que Braz Cubas lançou os fundamentos desta Povoação, fundando ao mesmo tempo, época de 1543, o Hospital da Misericórdia, sob a invocação de Todos os Santos, que deu a esta Cidade a primeira instituição pia do Brasil".

Essa placa existe ainda hoje em um próprio da casa n. 48, da Rua Visconde do Rio Branco, e marca de forma irretorquível o local em que foi fundado o hospital da Santa Casa.

Mais tarde, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia teve que ampliar suas instalações, transferindo o hospital primitivo para o campo da Misericórdia, hoje Praça Mauá, justamente no local em que se encontra atualmente a casa Duarte Pacheco.

A Santa Casa de Santos teve sua primeira divisa lançada por Braz Cubas, nos seguintes termos: "Casa de Deus para os homens e porta aberta ao mar". Essa legenda diz bem dos intuitos de Braz Cubas ao lançar as bases de fundação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos, pois que o seu primeiro intuito foi socorrer de imediato os navegantes que aqui aportavam enfermos e sem poder encontrar recursos numa povoação recém fundada.


"O atual hospital - cujo centenário foi festejado a 4 de setembro de 1936 -
localizado à Rua de São Francisco"
Foto publicada com a matéria

O hospital da Santa Casa de Misericórdia de Santos evoluiu com o tempo, não estacionou um momento sequer na sua pia trajetória. Muito ao contrário, caminhou lado a lado com o progresso da cidade e hoje é um sublime exemplo do quanto pode a força do homem posta a serviço das causas nobres.

Na sua história quatricentenária, a Santa Casa - chamemo-la assim, como a denominou de há muito a voz do povo (... N.E.: linha de texto de composição empastelada, sem sentido) 'trar nas vésperas da inauguração de seu grandioso e moderno hospital.

Por ocasião da catástrofe do Monte Serrate, quando o hospital sofreu rudemente com o desmoronamento fatídico, parecia a todos que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos se veria seriamente embaraçada para reconstruir a parte abatida do corpo de seu edifício, tantos e tais foram os prejuízos materiais.

Eis, porém, que a caridade santista, o espírito de humanitarismo que Braz Cubas lançou em nossa gente ao fundar a povoação de Santos, surgiu num movimento esplêndido, fornecendo os meios pecuniários para o reparo das perdas sofridas. Foi mesmo muito além a contribuição do povo e comércio santistas e, por isso, a direção daquela Irmandade iniciou a construção de seu novo hospital, em terrenos de sua propriedade, no Campo Grande, realizando assim sua velha aspiração, que era a de aumentar suas instalações, pois que seu raio de ação vai-se estendendo à medida que se desenvolve a cidade, a cuja vida se encontra estreitamente ligada.

Esse é, em resumo, o histórico da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos.


Capa do relatório apresentado à Irmandade pelo seu provedor José Joaquim Florindo e Silva, em 29 de junho de 1872, com impressão em 1873 pela tipografia do jornal Diário de Santos
Imagem: acervo do historiador Waldir Rueda

O atual corpo diretivo da Santa Casa de Misericórdia é o seguinte:

Mesa do Conselho Deliberativo: presidente, Francisco da Costa Pires; vice-presidente, Álvaro Pinto da Silva Novaes; 1º secretário, Júlio César de Toledo Murat; 2º secretário, Luís La Scala.

Mesa Administrativa: provedor, Henrique Soler; vice-provedor, Augusto Reginato; 1º secretário, Armando B. Fernandes; 2º secretário, Álvaro de Sousa Dantas; 1º tesoureiro, Oscar Sampaio; 2º tesoureiro, Gustavo da Costa Silveira; mordomo geral, Ângelo Guerra.

Consultores: dr. Hyppolito do Rego, Cordovil Fernandes Lopes, dr. Victor de Lamare, Adeson N. Barreto.

Consultor nato: José G. da Motta Junior.


Santa Casa, com o selo comemorativo de seu quarto centenário, em postal com carimbo de transporte por via marítima em 7 de novembro de 1943 - correio da tarde
Cartão postal: acervo do historiador Waldir Rueda


Verso do cartão postal, com carimbo do Clube Filatélico de Santos, 
comemorativo do 4º centenário da Santa Casa, em 1943
Cartão postal: acervo do historiador Waldir Rueda


Outro cartão postal com esse selo, datado de 15 de novembro de 1943
Cartão postal: acervo do pesquisador e professor de História Francisco Carballa


Num pormenor dessa imagem, as escadarias características, na entrada do prédio
Cartão postal: acervo do pesquisador e professor de História Francisco Carballa


O selo comemorativo do 4º centenário, em outro pormenor da mesma imagem
Cartão postal: acervo do pesquisador e professor de História Francisco Carballa

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