PASSEIO NO CENTRO - As discussões para alteração da Lei do Uso e Ocupação do Solo de
Santos, iniciadas ontem, trazem uma novidade:
a instalação de marinas na Zona Central 1 para embarcações no estuário
Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria
ZONEAMENTO
Marinas no Centro
Principal mudança em estudo prevê atracadouros para embarcações particulares de
passeio no estuário
Rivaldo Santos
Da Reportagem
O Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU)
iniciou ontem, na Associação Comercial de Santos (ACS), o processo de discussão para a alteração da Lei de Uso e Ocupação do Solo. A principal
novidade é a mudança no zoneamento da Cidade para permitir a instalação de marinas na Zona Central 1, área que abrange os armazéns portuários 1 a 8.
De acordo com o projeto elaborado pela Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan), a Zona Central 1 seria estendida até a Rua Cristiano Otoni.
Atualmente, termina na Rua São Bento, no Saboó. No limite Norte, a demarcação passaria da Rua Xavier da Silveira para a
avenida do porto.
Se as mudanças sugeridas forem aprovadas pela Câmara e sancionadas pelo prefeito, a
faixa territorial entre os armazéns 1 e 8 teria somente finalidade turístico-cultural.
Também integrariam o zoneamento central, pelo projeto da Seplan, as áreas não
operacionais da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), onde se encontra a Estação de Trem do Valongo.
Entre as propostas em estudo, está a instalação do Terminal de Passageiros na área
central. Nos armazéns de 1 a 4, discute-se a implantação de complexo turístico-cultural, englobando o Centro Histórico e parte da área portuária.
Também se especula sobre a possibilidade de transferência do Terminal de Passageiros
da Travessia de Balsas Santos-Vicente de Carvalho (Guarujá), atualmente na Praça da
República, para os armazéns 5 e 6. Porém, não há nada de oficial.
O presidente do CMDU, Márcio Lara, diz que as delimitações propostas estão em sintonia
com o Plano Diretor de Zoneamento (PDZ), em fase de elaboração pela Codesp.
"Será apenas uma adaptação aos limites da Zona Central 1 e Zona Portuária", explica
Lara, que não descarta a apresentação de propostas, pelos membros do CMDU, para a alteração de outros dispositivos da lei.
Parcerias - No último encontro entre técnicos da Prefeitura e diretores da
Codesp, comentou-se a possibilidade do complexo turístico-cultural ser implantado pela estatal portuária, em parceria com a iniciativa privada.
Outra alternativa em estudo envolve a criação de uma Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público (Oscip) para gerenciar o empreendimento.
"A Codesp não precisa fazer a cessão dos armazéns para a Prefeitura, pois não importa
quem vai implantar o complexo. O importante é que o projeto seja feito de acordo com as diretrizes definidas pela comunidade", explica Lara.
Em conseqüência do período eleitoral, que restringe a assinatura de novos convênios,
dificilmente haverá qualquer definição sobre os projetos ainda este ano.
Desobrigação |
"A Codesp não precisa fazer a cessão dos armazéns para a Prefeitura, pois não importa quem vai implantar
o complexo"
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Márcio Lara
Presidente do CMDU
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Como sugerir - Pelo prazo regimental, os 43 conselheiros do CMDU têm até o dia
18 de novembro para encaminharem sugestões. A deliberação do projeto está prevista para o dia 24 do próximo mês, data em que o conselho estará
novamente reunido.
Quem não pertence ao conselho, mas deseja encaminhar propostas à Lei de Uso e Ocupação
do Solo, poderá fazer por e-mail.
A expectativa é de que o projeto de alteração da Lei Complementar 312/98 seja enviado
à Câmara ainda este ano, juntamente com a regulamentação do Estatuto da Cidade.
Aprovação das mudanças dará finalidade turístico-cultural
à faixa territorial entre armazéns 1 e 8
Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria
Minuta aprovada altera Estatuto da Cidade
A série de penalidades criadas pelo Estatuto da Cidade, para forçar o cumprimento da
função social da propriedade urbana, não será aplicada na Área de Proteção Cultural (APC), zoneamento que inclui cerca de mil imóveis com níveis de
proteção. Pelo menos é isso que prevê a minuta do projeto aprovada pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU).
De acordo com o documento, que ainda será avaliado pela Procuradoria Geral do
Município (PGM) antes de ser enviado à Câmara, somente os imóveis inseridos nas Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) e as glebas urbanas
(Estradão e Nova Cintra) poderão receber as sanções definidas pelo Estatuto.
Entre as possíveis punições fixadas pela Lei Federal e que precisam ser regulamentadas
pelo Município, está a imposição de IPTU progressivo no tempo de até 15% do valor venal da propriedade (ver quadro).
No Centro, principalmente na Rua General Câmara e vias adjacentes, existem imóveis que
estão fechados ou sem qualquer utilidade social há vários anos. Muitos encontram-se deteriorados, o que ressalta ainda mais o estado de abandono.
O presidente do CMDU, Márcio Lara, explica que apenas as operações urbanas
consorciadas estão previstas para a APC, região que também engloba os imóveis do Centro Histórico.
"Temos que aplicar o remédio na dose certa. Na APC, já incidem todos os incentivos do
Alegra Centro para estimular a recuperação e ocupação dos imóveis", justifica.
Segundo Lara, o Plano Diretor do Município também não prevê a incidência das sanções
do Estatuto da Cidade aos imóveis da APC.
Apesar da ressalva, nada impede que os vereadores apresentem emendas ao projeto para
ampliar as áreas sujeitas aos instrumentos legais e urbanísticos do Estatuto.
Notificação - Antes da aplicação de qualquer penalidade, os imóveis
classificados como subutilizados nos termos da lei serão notificados pela Prefeitura. Os proprietários terão o prazo de um ano para cumprirem a
função social da propriedade, sob pena de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios.
Para que a regulamentação do Estatuto entre em vigência em 2005, os vereadores
precisam aprovar o projeto de lei ainda este ano. Não há, entretanto, data prevista de quando o prefeito Beto Mansur enviará o projeto à Câmara. O
mais provável é que seja depois do segundo turno das eleições.
Para Lara, é preciso "aplicar o remédio certo na dose certa"
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
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