Construção do Aquaplay, que tem oito edifícios: condomínio junto ao morro exigiu projeto especializado
Foto:
Davi Ribeiro, em 19/12/2011, publicada com a matéria
Boom imobiliário disputa Marapé com torres
altas
Bairro ganhará condomínio com quase mil
apartamentos
Marcelo Santos
Da Redação
Na
busca por novas áreas após uma brusca ocupação da região entre a orla e a linha do trem em Santos, o boom imobiliário promete transformar o
Marapé. O bairro, marcado pelos tradicionais predinhos de três andares, a partir do próximo ano enfrentará o avanço mais
acentuado dos edifícios acima de dez andares.
Depois do Aquaplay
e Bossa Nova, empreendimentos já em construção que somam dez torres com pelo menos 20 andares, o Marapé deve ganhar neste ano outro projeto de
grande porte e com edifícios ainda mais altos.
O novo projeto que acelera a verticalização do
Marapé deve ser lançado no primeiro semestre, segundo o empresário Lourenço Lopes, da Real Consultoria Imobiliária. Serão 900 apartamentos – 500 a
menos que o Aquaplay – que ocuparão cinco torres de 27 andares.
O padrão será econômico, destoando da maioria dos
lançamentos em Santos, que são de médio ou alto padrões e geralmente custam acima de R$ 500 mil, o que justifica a concentração do boom imobiliário
entre a orla e a linha do trem. Lopes diz que o investimento está em estudos e que os detalhes estão sendo concluídos.
De acordo com o Departamento de Contole do Uso e
Ocupação do Solo e Segurança de Edificações (Deconte), órgão da Prefeitura que autoriza os projetos imobiliários, dos 100 pedidos para construção de
prédios com mais de dez andares em Santos, quatro são do Marapé.
Os projetos do Marapé têm entre dez e 24 andares e
serão construídos nas ruas Alfredo Shammas, Carlos Gomes, Nove de Julho e Godofredo Fraga. Nesta última ficará o condomínio com 900 apartamentos,
segundo o Deconte. Serão unidades de dois a três dormitórios.
A quantidade de projetos previstos para o Marapé
não é tão grande, mas é um sinal de que o boom imobiliário finalmente atravessará a linha do trem rumo aos bairros intermediários, que ficam entre o
Marapé e o Macuco, incluindo a Vila Mathias, Campo Grande e
Encruzilhada.
Essas áreas, segundo o Plano Diretor, têm taxa de
aproveitamento cinco – o total da construção não pode ultrapassar cinco vezes a área do terreno.
Assim como em toda a Cidade, não há limite para o
número de andares, mas se o construtor quiser uma torre bem alta terá que deixá-la mais fina para não ultrapassar o índice de aproveitamento. A lei
também impõe recuos e taxa de ocupação para a passagem de vento entre os arranha-céus.
Como os bairros intermediários têm mais casas ou
prédios baixos que podem ser vendidos às incorporadoras, empresários do setor admitem que já há uma corrida junto aos proprietários para a aquisição
de áreas. Para os compradores, a vantagem é o m², que pode ser 20% inferior em relação aos da orla.
ADENSAMENTO |
48
por cento
pode
ser o crescimento populacional do Marapé após a conclusão de dois grandes condomínios próximos ao morro, que somam quase 2.400 apartamentos |
|
Empreendimento muda a paisagem do bairro
Maior condomínio em construção em Santos, o
Aquaplay já mudou a paisagem arquitetônica do Marapé. O projeto ocupa um terreno de 25.200 metros quadrados na Avenida Moura Ribeiro com o sopé do
Morro Santa Terezinha e está com 38% de suas obras concluídas, segundo o site da incorporadora Tecnisa.
Pelo menos uma de suas oito torres já está com 20
andares. No total serão 1.435 apartamentos – 1.400 m² estão reservados ao parque aquático que justifica o nome do empreendimento.
Para obter a autorização da Prefeitura para
construção junto às pedras do morro, a Tecnisa teve que apresentar um projeto à parte. Há alguns anos, pedras do Santa Terezinha se soltaram e
caíram sobre casas na Rua Godofredo Fraga, fechando também o acesso do condomínio de luxo que tem o mesmo nome do morro.
Uma das rochas era tão grande que tinha a altura do
pé direito da cozinha de uma das residências condenadas.
O Aquaplay não é o único grande empreendimento da
Tecnisa no bairro. Ao lado dele, está o Bossa Nova, com 19% das obras concluídas segundo o site da incorporadora. Ele tem duas torres de 24 andares,
com 96 apartamentos em um terreno de 5.448 m².
As unidades do Aquaplay custam a partir de R$ 274
mil para imóveis de 62 a 84 m². Ele foi lançado em dezembro de 2008, em plena crise financeira americana, e há pelo menos 40 unidades à venda
conforme corretores.
Já o Bossa Nova custa a partir de R$ 545 mil, com
apartamentos de 150 m², uma pechincha se comparado com os preços cobrados no Gonzaga, acima de R$ 1 milhão. Os preços são do site da Tecnisa.
Considerando-se quatro moradores por unidade,
quando os dois condomínios estiverem todos ocupados, mais o novo empreendimento da Rua Godofredo Fraga, serão pelo menos mais 10 mil novos moradores
no Marapé.
O bairro tem, de acordo com o Censo do ano passado,
20.992 habitantes. O acréscimo populacional, que seria de 48%, abre muitas oportunidades de negócios, como supermercados maiores no Marapé, onde
hoje há um varejo incipiente.
Por outro lado, a Prefeitura terá que reavaliar o
sistema viário de acessos hoje tranquilos, como a Moura Ribeiro, devido aos milhares de carros que passarão a circular pela via diariamente.
Ipanema: orla mais cara do Rio tem metro quadrado de R$ 65 mil
Foto:
Flávia Villela/ABR, publicada com a matéria
Imóvel de luxo chega a R$ 40 milhões
Do Rio
O interesse de brasileiros e estrangeiros ajuda a
esquentar o já aquecido mercado imobiliário carioca. Desde 2008, o m², sobretudo no Leblon e Ipanema, já subiu 144%. Até apartamentos mais caros
estão sendo vendidos sem grandes dificuldades e imóveis de luxo batem a casa dos R$ 40 milhões. "É só lançar e vender", diz o diretor da Lopes,
Luigi Gaino Martins.
Se for para estrangeiro, a venda é ainda mais
fácil. Em um lançamento na estrada do Pontal, à beira-mar na Zona Oeste, a Lopes vendeu dois imóveis à vista para um inglês. Pela cobertura e um
apartamento, ele desembolsou R$ 2,5 milhões. "Eles fecham sem pechinchar".
Cariocas também estão comprando os imóveis de luxo.
Há seis meses, João Elísio Ferraz de Campos, ex-presidente da Federação Nacional das Empresas de Seguros, desembolsou R$ 39 milhões por um
apartamento de 600 m² no Juan les Pins, o edifício mais chique do Leblon.
O Cap Ferrat, símbolo do luxo na Vieira Souto, na
Praia de Ipanema, é tão cobiçado que mesmo com o m² atingindo R$ 65 mil, um apartamento nunca fica encalhado. Não chega a ter fila, mas sempre tem
alguém querendo morar lá.
O mercado acompanha com interesse a venda da
cobertura duplex que o ex-jogador Ronaldo Fenômeno tem no final da Delfim Moreira. Ele pagou R$ 12 milhões há três anos. Agora quer R$ 40 milhões. O
negócio está praticamente fechado com o ex-deputado federal do PSDB e ex-banqueiro Ronaldo Cézar Coelho, que atualmente mora no terceiro andar do
prédio.…
Apartamento ao lado de favela custa R$ 1,5 milhão
Os estrangeiros que buscam um imóvel no Rio têm um
gosto peculiar: adoram prédios perto das favelas. Se for aos pés do Morro do Cantagalo, em Ipanema, onde já foi instalada uma Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP), melhor ainda. "O brasileiro ainda desconfia dessa proximidade com as favelas, mas os estrangeiros acham curioso", diz Antonio
Brittes, corretor de imóveis há mais de 15 anos.
Na semana passada, ele fechou uma venda para um
casal de gregos que pagou R$ 1,5 milhão por um apartamento de 80 m² bem próximo à entrada da favela do Cantagalo. (AE). |