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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CARNAVAL
Tempo de Carnaval (3)

Dos bailes no Largo da Coroação aos patuscos da Dorotéia. E depois?...
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Em fevereiro de 1990, o jornal Diário Oficial - D.O.Urgente publicou um encarte especial com a história do Carnaval santista, que incluiu esta matéria:
 


Flagrantes do corso, no carnaval de 1914
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Uma tradição que não resistiu ao tempo:
o corso

Nos antigos carnavais, destacavam-se vistosas carruagens a tração animal, levando os mascarados das grandes sociedades. Com o tempo, essas carruagens passaram a desfilar isoladamente, principalmente pelas ruas do Comércio e XV de Novembro, chegando à Praça Barão do Rio Branco.

Com o advento do automóvel, o corso tornou-se motorizado e, a partir de 1904, passou a ser feito em carros conversíveis, enfeitados com flores; no desfile do carnaval de 1914 foi organizado um corso com premiação para o carro que melhor se apresentasse, e esse desfile, que já era tradicional, passou a se concentrar entre as ruas XV de Novembro e Frei Gaspar, contornando a Praça Rui Barbosa, contando com a participação de ilustres cavalheiros e damas da sociedade santista.

A partir de 1914, também, o corso automobilístico passou a acontecer na orla da praia (Boqueirão), numa iniciativa do Centro de Diversões Miramar, com o concurso de mais de 40 veículos. No carnaval de 1915, coube ao Parque Balneário promover igualmente seu corso, dividindo os concorrentes entre o Boqueirão e o Gonzaga.

Em 1919, no chamado "Carnaval da Vitória" (N.E.: pelo final da Primeira Guerra Mundial, ocorrido em 1918), as autoridades municipais e a chefia da antiga Companhia City organizaram o desfile de rua, oferecendo prêmios aos foliões avulsos, às agremiações e também aos participantes do corso.

A grandiosa festa carnavalesca da "Vitória" aconteceu no quadrilátero compreendido entre as ruas do Rosário (atual João Pessoa), D. Pedro, General Câmara, XV de Novembro, do Comércio, do Riachuelo e São Leopoldo, entrando ainda no largo do Rosário (atual Praça Rui Barbosa) e no antigo Largo da Coroação (Praça Visconde de Mauá).


Carro da Família Lovechio, em 1914
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Contou, também, com três coretos instalados nas duas praças e na Rua XV, com o concurso das bandas do Tiro Onze, Corpo de Bombeiros e do encouraçado Floriano, além de uma iluminação feérica por todo o percurso, onde desfilaram os cordões e os automóveis. Tal o sucesso da festividade, que aquele carnaval foi considerado um dos melhores da cidade em todos os tempos.


Corso automobilístico em 1920, no antigo Largo do Rosário, atual Praça Rui Barbosa
Foto publicada com a matéria

Já em 1921, o corso passou a ser realizado em duas etapas e em locais diferentes: à tarde, na praia do Gonzaga, e à noite, no centro da Cidade.


O corso de 1926
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP


O corso de 1928
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Enquanto existiram os carros abertos (conversíveis de capota móvel), o corso imperou no carnaval santista, constituindo-se mesmo na sua grande atração de rua, junto com os blocos e os cordões.


Os Ratos Verdes, no corso de 1937
Foto publicada com a matéria

Com o surgimento dos modelos de carros fechados, o corso começou a decair; isso no início da década de 40. Assim mesmo, até o final daquele decênio ainda se viam corsos com os chamados fordecos (N.E.: antigos veículos da marca Ford) e os foliões se divertindo sentados nos pára-lamas e nas capotas, ou pendurados nos estribos, num vaivém intenso pela orla.


Flagrantes do corso de 1937
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Devido à crise do combustível durante a II Guerra Mundial, o corso foi acabando, embora ainda se pudesse ver teimosos foliões a rodar pela praia e centro da cidade nos dias de carnaval, inclusive caminhões enfeitados de arcos de bambus e serpentinas, com famílias inteiras nas carrocerias, pulando ao som das batucadas improvisadas. Já se disse que o corso transformava cada carro numa unidade carnavalesca.


Grupo de russos, em 1938
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Em 1964, voltou a ser realizado na orla da praia nos dias de carnaval, embora não predominasse mais aquela brincadeira sadia de antigamente, quando havia confete em profusão, muita serpentina e jatos de lança-perfume.


Em 1962, o corso já usava os primeiros carros da nascente indústria automobilística nacional
Foto publicada com a matéria

O que se viu no corso de 1964 foram as brincadeiras de mau gosto, com o emprego de água suja, talco e farinha, ultrapassando os limites da tolerância; muitos jogavam cal virgem e até ácido, causando sérios acidentes a transeuntes, além da "infernal sinfonia de buzinas", gerando confusões, brigas e paralisação do tráfego em toda a orla.


Um carro alegórico sem pretensão, mas que se destacou no corso de 1962,
com o tema Casa de Chá do Luar de Agosto
Foto publicada com a matéria

Extinto por determinação das autoridades policiais em 1966, o corso voltou a ser promovido na orla em 1973 e, sob forte esquema de segurança, não logrou êxito, uma vez que os foliões participantes estavam temerosos de serem atingidos por produtos atirados do alto dos edifícios.


O corso em Santos, já nos anos finais
Foto publicada com a matéria


O corso em Santos, já nos anos finais
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP


O corso em Santos, em 1965
Foto divulgada em sua coluna Coluna do Erre pelo jornalista Rubens Fortes, enviada por correio eletrônico a Novo Milênio em 27 de março de 2013

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