Inaugurada ontem a primeira linha de trólebus de Santos

Percorrendo uma extensão de 8 quilômetros, entraram ontem em circulação oficial os trólebus recentemente adquiridos pelo Serviço Municipal de Transportes Coletivos. O início das atividades dos novos veículos, que irão fazer o trajeto Centro-bairro do Macuco, foi assinalado com ato solene presidido pelo sr. José Gomes, prefeito municipal.

Estiveram presentes à cerimônia, na Rua Martim Afonso, ao lado do edifício do Centro Português - ponto inicial da nova linha - os srs. Antonio Feliciano e Sílvio Fernandes Lopes, antigos prefeitos da cidade, que participaram ativamente em suas administrações para que a comuna santista contasse com o moderno sistema de transportes coletivos.

A direção do SMTC fixou o ponto inicial da linha pioneira de trólebus na Rua Martim Afonso, esquina da Amador Bueno (centro) e o final na Praça Visconde de Itaboraí, no Canal 5.

Cerimônia - Com a presença do chefe do Executivo, antigos prefeitos, deputado federal Athié J. Coury, deputados estaduais Olavo Hourneaux de Moura e Osvaldo Martins, presidente do Legislativo santista, sr. José Vieira, vereadores à Câmara Municipal de Santos, secretários da administração municipal, superintendente do SMTC, sr. Charles Arthur Sandall e grande número de populares, foi inaugurada a primeira linha de trólebus.

De início, o sr. José Gomes, prefeito municipal, depois de fazer um relato de sua administração à frente do Executivo, ressaltou o trabalho desenvolvido pelas administrações anteriores, que praticamente deram começo ao programa de dotar Santos de sistema moderno de transportes coletivos.

A certa altura de sua alocução, afirmou: "E assim é que hoje inauguramos o serviço de ônibus elétricos no quadro do sistema de transportes coletivos urbanos. A introdução do trólebus na paisagem local há de marcar época, sem dúvida, na história das administrações de Santos. Não é um serviço comum nas cidades brasileiras. Poucas metrópoles o têm. Acredito que o serviço de ônibus elétricos representa a solução esperada para o sistema de transportes coletivos urbanos por um longo período.

"Quero ressaltar, neste instante - prossegue o sr. José Gomes - pela justiça que tem sido um imperativo das minhas ações à frente do governo do Município, a atuação de dois dos meus antecessores: o dr. Antonio Feliciano, hoje deputado à Câmara Federal e o eng. Sílvio Fernandes Lopes, atual secretário de Obras e Serviços Públicos do Governo de S. Paulo, que deram importante contribuição à realização deste serviço, cada um a seu tempo, de forma que na nossa administração pudesse ser concretizada, como está acontecendo neste momento".

Serviço - "Não pode também de forma alguma ser olvidada aqui - lembra em seguida - a figura marcante do ex-governador do Estado, atual ministro da Fazenda do Governo da República, prof. Carlos Alberto de Carvalho Pinto, a quem Santos fica a dever boa parte deste empreendimento, pois foi graças à elevada compreensão e ao patriotismo desse notável estadista que conseguimos levantar os recursos financeiros indispensáveis e concluir, com o Banco do Estado de S. Paulo S.A., os entendimentos para a importação dos ônibus elétricos.

"O serviço de trólebus previsto para uma zona da cidade será ampliado, a fim de que se atenda a todo o Município, onde se fizer necessário o transporte coletivo. Aceitamos o desafio da melhoria dos transportes urbanos, e - não obstante as pesadas dificuldades impostas ao Município, que não dispõe de meios outros senão os orçamentários para enfrentar a espiral inflacionária; não obstante as incompreensões e, algumas vezes, as injustiças de que tem sido vítima a nossa administração; não obstante o esforço dos que, contrariados em suas ambições pessoais e em seus interesses econômicos, procuram depreciar a obra que realizamos nos bairros e nos morros, precisamente onde se concentra a parcela humilde da população, a maioria da população que desconhecia os benefícios do poder público; não obstante esses fatores, que não nos impressionam, mas que, pelo contrário, nos estimulam a não ceder e a não transigir no cumprimento dos nossos deveres para com o povo e a cidade - afirmamos que está aceito também o desafio da melhoria dos transportes coletivos urbanos.

"A rede aérea para os trólebus deverá ser concluída, e esperamos fazê-lo nos próximos meses. Para tanto, precisará o Município de contar com a colaboração do atual governo do Estado, que até aqui, é necessário dizê-lo, não nos tem faltado e confiamos em que não nos há de faltar, para que possamos levar a bom termo este e outros serviços indispensáveis à coletividade santista".

Mensagem - Após o discurso do sr. José Gomes, foi lida pelo sr. Homero Leonel Vieira mensagem enviada ao chefe do Executivo pelo professor Carvalho Pinto, que é a seguinte: "Tenho a satisfação de, por intermédio do chefe do meu subgabinete em São Paulo, sr. Homero Leonel Vieira, congratular-me efusivamente com o nobre povo santista e o meu prezado e ilustre prefeito pelo relevante empreendimento ora inaugurado.

"Este empreendimento que teve a entusiástica participação dos seus eminentes antecessores, prefeitos Antônio Feliciano e Sílvio Fernandes Lopes, e deve a sua conclusão à eficiente ação de vossa senhoria, representa um fator de excepcional expressão a enriquecer o imenso acerto de obras públicas das terras santistas.

"Agradecendo a honra do convite, renovo os meus protestos da mais alta estima e apreço".

Percurso - Logo em seguida à leitura da mensagem citada, o sr. José Gomes convidou as autoridades e representantes dos órgãos informativos para tomarem assento no trólebus, sendo iniciada a viagem inaugural.

Saindo da Rua Martim Afonso, o ônibus elétrico seguiu pelas ruas João Pessoa, Constituição, Carvalho de Mendonça, Washington Luiz, Embaixador Pedro de Toledo, Epitácio Pessoa, Almirante Cócrane, até a Praça Visconde de Itaboraí.

A primeira viagem foi marcada de contratempos, visto como o delegado titular do Serviço de Trânsito deixou de fazer obedecidas as portarias que regulamentam o tráfego nas vias do percurso dos trólebus. Assim, pois, foi permitido estacionamento de veículos em locais agora proibidos, o que sem dúvida dificultou as manobras do trólebus inaugural.