HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
CIDADE FESTIVA
A música e os músicos de Santos (3)
Bandeira Jr. (*)
Colaborador
José Moschariello (Pepe), musicista e regente, nasceu
em 1915 na Vila Matias, no dia da Bandeira (19 de novembro) e, desde cedo, mostrou pendores para lidar com as solfas e os
sons.
José Moschariello, o Pepe, nasceu em 1915 na Vila Matias
Aos 14 anos, Pepe já soprava regularmente o instrumento que faria a fama do ianque Harry James. Funcionário da
Companhia City, Pepe começou integrando a bandinha que animava os bailes do City Clube (Rua Visconde do Embaré, esquina com a
Praça dos Andradas), até incorporar-se à Orquestra do falecido Hamleto.
No conjunto de Escudero & Idilberto, o gordo Pepe logo assumiria a liderança, reforçada na fase Pepe & Idilberto,
tanto no conjunto como na loja musical da Rua Amador Bueno, 137 - local de concentração de músicos, ritmistas e cantores da Baixada. Com seu trupete
(N.E.: SIC: trompete), Pepe acompanhou os maiores nomes da MPB.
Pepe encaminhou seus dois filhos na trilha musical da vida: Betinho do Vibrafone (falecido tragicamente em 1981)
e Serginho e Sua Jovem Banda.
Fato pitoresco na vida do grande trompetista: ele, com sua banda, tocava no tablado, onde seriam substituídos
pelo internacionalmente famoso Francisco Canaro Y Su Tipica, cujo hit do momento era "Por Vós Yo Me Rompo Todo"; Pepe, antes de descer do
tablado, executou o sensacional tango em ritmo de... samba!
O célebre maestro argentino, não contente em aplaudir, foi ainda pessoalmente cumprimentar nosso popular band
leader.
Bom chefe de família, fiel companheiro e excelente músico, Pepe deixou, na música dançável de Santos, lacuna
difícil de ser preenchida.
Orquestra de Oscar Guzella - sob a direção, por herança, do jovem Guzelinha, em foto de
1989
Outras orquestras de danças: Hamleto e Seus Rapazes; Cadetes Santistas (do exímio flautista Burgos); Orquestra
Nardy; Peruzzi e Sua Banda (vestidos à maneira do Harlem); Cabral e Sua Orquestra que, depois de 1950, passou a Cabral e Seus Cubancheros (imitando a
típica cubana de Xavier Cugat, que aqui se apresentou no Coliseu e no ginásio do Clube Atlético Santista); Betinho do Vibrafone, que ainda faz sucesso
com a presença espiritual do seu criador; Vicente All Stars (do trumpet man Vicente Ferreira); Eduardo Costa (o Ed Costa da alta sociedade
paulistana); Orquestra de Haroldo Moura; Pepe e Seus Rapazes; Roberto, Órgão & Conjunto; Simonetto Momento-68; Original Music Choral (Irmãos Ribeiro, de
ótima vocalização); Tico-Tico e Conjunto (atualmente o hábil tecladista toca escoteiro, quase que exclusivamente em igrejas); Orquestra Miramar,
evocação do maestro Jorge da Conceição; Roberto Musical Show; os Praianos, outro êxito de Cabral Júnior; Super Som M.F. (Mário Folganes); Show Musical
New Zago (liderado pelo internacional pianista Nílson Zago); Caribe Steel Band - os tambores mágicos do Caribe, sob a regência do maestro Reginald
Simpson, aportaram a Santos em 1968 e aqui ficaram por mais de dez anos; Trilha Sonora; Mustache; Star Five; The New Tropical Band, do médico e band
leader Jorge Caldeira Filho, que é a orquestra mais solicitada fora da orla.
Tambores Mágicos do Caribe, liderado por Reginald Simpson
(*) Bandeira Jr. é historiador e escritor em Santos. Este artigo foi
publicado em três partes, nas edições de 31 de agosto, 7 e 14 de setembro de 1992, no jornal santista A
Tribuna. As imagens são reproduções do arquivo do autor.
Veja as partes [1] e [2] desta série
|