Nossos primeiros teatros
Desde 1830 (segundo o mestre Costa e Silva) Santos tinha sua casa de espetáculos
teatrais que ocupava velho pardieiro construído no século XVIII, na confluência do Largo da Misericórdia (atual Praça Mauá)
e Travessa do Teatro (Rua do Riachuelo). O imóvel destinado a hospital militar foi doado à Irmandade da Santa Casa, que o
vendeu em 1866, ao ator-empresário Dias Braga.
Em 1879 pertencia ao sr. João Teixeira Coelho, que o transformou em armazém cafeeiro,
pois não oferecia mais segurança como teatro. A mesma loja foi depois filial das Casas Pernambucanas e Casa Duarte Pacheco de material elétrico.
Demolida na década de 1940, deu lugar ao Edifício Riachuelo e é atualmente ocupada pela Organização Novo Mundo.
No domingo de Páscoa (12 de abril) de 1879 o major Antonio Eustáquio Largacha
inaugurava a segunda casa de espetáculos do município, o Skating Rink no largo do Itororó (hoje, Av. São Francisco
esquina da Praça Correia de Melo, onde é o SBS).
O prédio de madeira e zinco do Rink era versátil: servia para patinação, para bailes,
para luta-livre, para teatro e para espetáculos circenses...
Na noite de São Silvestre de 1889, com um baile em grande estilo, o Rink fechou suas
portas. Foi depois depósito de material da Comissão de Saneamento, substituída consecutivamente pela Repartição do
Saneamento e pelo S.B.S.
Com grandes solenidades era inaugurado a 8 de dezembro de 1882, o
Teatro Guarani, obra do engenheiro Manoel Ferreira Garcia Redondo, com pintura do consagrado Benedito Calixto. A peça
de estréia foi o drama Mário. O Guarani, que teve a honra de receber, em 1886, a divina Sarah Bernhardt, foi passarela dos desfiles de
carnaval (1930 a 1936) e teve o primeiro cinema regular (1904) da Baixada Santista. Hoje, o velho prédio abriga prosaicas
lojinhas e dentro exibe filmes eróticos...
Em 1897 foi inaugurado o Coliseu Santista, na confluência das ruas
Cons. Nébias e General Câmara, que deveria ser casa de espetáculos mas em meio às obras foi
transformado em frontão e velódromo, pois o jogo de pelota basca e o ciclismo eram as práticas esportivas da época. O segundo
Coliseu Santista, na Praça José Bonifácio, foi construído para cine-teatro em 1909 (23 de julho) e reformado em 1924.
Nossa última casa de arte cênica do século XIX foi o Variedades, na atual Praça dos
Andradas, esquina da Rua 15 de Novembro, lado esquerdo, construído pela firma Manoel Teixeira de Souza & Cia., com um capital de 42:000$000
(quarenta e dois cruzeiros...).
Curiosamente, o Variedades, famoso por ter sido o
berço do futebol praiano, pois aí decidiu-se, em outubro de 1902, a fundação do Clube Atlético Internacional, começou a
decair porque a maioria dos seus freqüentadores passou a dedicar-se ao novo esporte praticado na praia do Boqueirão. Finalmente desapareceu quando
essa agremiação - a primeira do pebol praiano - inaugurou seu campo na Av. Ana Costa (onde hoje é a
Igreja Coração de Maria), em junho de 1903.
Ana Pawlova em Santos – No dia 9 de setembro de
1928 estreava no Coliseu Santista a Companhia de Bailados Clássicos Ana Pawlova. A casa apanhou grande público e o espetáculo culminou com a
exibição de "A Morte do Cisne", de Saint-Saens, em que Ana Pawlova deu toda expressão emocionante como criadora desse poemeto no bailado. |