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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TEATROS
Nossos primeiros teatros (5)

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Este trabalho foi publicado no Almanaque da Baixada Santista - 1973, editado em   Santos naquele ano pelo saudoso jornalista Olao Rodrigues:
 
Nossos primeiros teatros

Desde 1830 (segundo o mestre Costa e Silva) Santos tinha sua casa de espetáculos teatrais que ocupava velho pardieiro construído no século XVIII, na confluência do Largo da Misericórdia (atual Praça Mauá) e Travessa do Teatro (Rua do Riachuelo). O imóvel destinado a hospital militar foi doado à Irmandade da Santa Casa, que o vendeu em 1866, ao ator-empresário Dias Braga.

Em 1879 pertencia ao sr. João Teixeira Coelho, que o transformou em armazém cafeeiro, pois não oferecia mais segurança como teatro. A mesma loja foi depois filial das Casas Pernambucanas e Casa Duarte Pacheco de material elétrico. Demolida na década de 1940, deu lugar ao Edifício Riachuelo e é atualmente ocupada pela Organização Novo Mundo.

No domingo de Páscoa (12 de abril) de 1879 o major Antonio Eustáquio Largacha inaugurava a segunda casa de espetáculos do município, o Skating Rink no largo do Itororó (hoje, Av. São Francisco esquina da Praça Correia de Melo, onde é o SBS).

O prédio de madeira e zinco do Rink era versátil: servia para patinação, para bailes, para luta-livre, para teatro e para espetáculos circenses...

Na noite de São Silvestre de 1889, com um baile em grande estilo, o Rink fechou suas portas. Foi depois depósito de material da Comissão de Saneamento, substituída consecutivamente pela Repartição do Saneamento e pelo S.B.S.

Com grandes solenidades era inaugurado a 8 de dezembro de 1882, o Teatro Guarani, obra do engenheiro Manoel Ferreira Garcia Redondo, com pintura do consagrado Benedito Calixto. A peça de estréia foi o drama Mário. O Guarani, que teve a honra de receber, em 1886, a divina Sarah Bernhardt, foi passarela dos desfiles de carnaval (1930 a 1936) e teve o primeiro cinema regular (1904) da Baixada Santista. Hoje, o velho prédio abriga prosaicas lojinhas e dentro exibe filmes eróticos...

Em 1897 foi inaugurado o Coliseu Santista, na confluência das ruas Cons. Nébias e General Câmara, que deveria ser casa de espetáculos mas em meio às obras foi transformado em frontão e velódromo, pois o jogo de pelota basca e o ciclismo eram as práticas esportivas da época. O segundo Coliseu Santista, na Praça José Bonifácio, foi construído para cine-teatro em 1909 (23 de julho) e reformado em 1924.

Nossa última casa de arte cênica do século XIX foi o Variedades, na atual Praça dos Andradas, esquina da Rua 15 de Novembro, lado esquerdo, construído pela firma Manoel Teixeira de Souza & Cia., com um capital de 42:000$000 (quarenta e dois cruzeiros...).

Curiosamente, o Variedades, famoso por ter sido o berço do futebol praiano, pois aí decidiu-se, em outubro de 1902, a fundação do Clube Atlético Internacional, começou a decair porque a maioria dos seus freqüentadores passou a dedicar-se ao novo esporte praticado na praia do Boqueirão. Finalmente desapareceu quando essa agremiação - a primeira do pebol praiano - inaugurou seu campo na Av. Ana Costa (onde hoje é a Igreja Coração de Maria), em junho de 1903.


Ana Pawlova em Santos – No dia 9 de setembro de 1928 estreava no Coliseu Santista a Companhia de Bailados Clássicos Ana Pawlova. A casa apanhou grande público e o espetáculo culminou com a exibição de "A Morte do Cisne", de Saint-Saens, em que Ana Pawlova deu toda expressão emocionante como criadora desse poemeto no bailado.

Esta nota (ortografia atualizada nesta transcrição) foi assim publicada na revista santista A Fita, na edição número 30, de 13 de novembro de 1913 (exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de Santos - SHEC):

Por Teatros e Cinemas

Teatro Guarany – Para estes sete dias haverá neste teatro os mais variados e impressionantes films, de maneira que o gosto diverso de seus freqüentadores será totalmente satisfeito. Dentre as exibições que serão feitas, salientam-se as seguintes: hoje, "Caçadas de feras nos sertões africanos", filme natural; "Quem seria?", drama de Gaumont; "Partida frustrada", comédia de Italie e "A burla terrível do destino", cena dramática de Vitagraph; amanhã: "O Inocente" em 3 partes, de Cines; "O namoro de Rufino", comédia de Gaumont e "A Lagosta", filme natural; sábado: "Os festejos em honra do presidsente Roosevelt, no Rio", e "Depois da Morte" de Cines; domingo: "O morto fatal", de Gaumont; segunda-feira: "O resgate da honra", de Pathé; terça-feira: "Caprichosa amansada", de Ambrosio e "As costas da Cataluña", natural; quarta-feira: "O duelo do louco", "Tolices de Rufino", de Gaumont e "História canadense", de Vitagraph.

Coliseu Santista – Nessa querida casa de espetáculos voltaram de novo as exibições cinematográficas. O programa que hoje será exibido é o mais atraente possível, devido às suas fitas de assuntos empolgantes.

Imagem: reprodução parcial de página de A Fita número 30, de 13/11/1913

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