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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TEATROS
Nossos primeiros teatros (6)

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Na edição especial comemorativa de seu cinqüentenário (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 26 de março de 1944 (em plena Segunda Guerra Mundial), o jornal santista A Tribuna registrou (ortografia atualizada nesta transcrição):
 
Uma resenha da vida teatral em Santos

Relembrando os principais elencos que passaram pelos palcos nossos teatros, desde o velho Guarani ao moderno Coliseu

Ao fazer-se a evocação da vida teatral em Santos, forçoso é focalizar-se o velho Guarani, na Praça dos Andradas, como o teatro por cujo palco, de gloriosas tradições, passaram os mais notáveis artistas, em suas diversas modalidades de arte, ao tempo, que já vai longe, em que o teatro, no verdadeiro sentido do vocábulo, era levado realmente a sério.

Santos, pode-se dizer, teve no Guarani o berço do seu teatro bom, limpo, consciente. Foi, por assim dizer, antes de ser transformado em cinema, o teatrinho clássico da comédia, dada a sua excelente acústica.

Mas, como tudo na vida passa, a fama do velho teatro da Praça dos Andradas também passou, e ele é, hoje, o cineminhna popular que todos conhecem, com filmes seriados.

Construído ali ao lado do veterano jardim da mesma praça, o Guarani forma com esse logradouro público de árvores seculares, como duas legítimas tradições da cidade.

Antigamente, quando se falava no Guarani, era com o respeito devido às suas tradições, à sua qualidade inconteste de "vovô" das casas de diversões de Santos.

Hoje, porém, quando se pronuncia seu nome, todos já sabem que a referência é feita ao cinema de sabor popular, mesmo porque o cinema fez desaparecer o teatro.

Obras primas da cena brasileira foram representadas no Guarani, entre as quais O Dote, de Artur Azevedo, considerada, com razão, a comédia padrão do teatro nacional.

Há várias dezenas de anos passaram pelo velho teatro atores de fama universal, como Zaconi, Noveli, o cômico Petrolini, a notável atriz patrícia Itália Fausta, com A Ré Misteriosa, de Bisson; o cômico português Carlos Leal, com sua companhia de revistas; Palmira Bastos, encabeçando um ótimo conjunto de operetas; Léa Candini, Clara Weiss, Clara De La Guardia, Emile Derziat, com sua companhia de altas comédias francesas; Cia. Juvenil Italiana de Operetas, que levou à cena Crispino e la comare (Crispim e a comadre), hoje completamente desconhecida do público santista, não obstante os sugestivos trechos de música que ornavam o seu entrecho; Cia. Portuguesa de Operetas, com Auzenda de Oliveira e o tenor Almeida Cruz; Adelina Abranches etc., para só citarmos os conjuntos de valor.


O Coliseu atual, quando ainda em construção, em 1924, e hoje o principal teatro de Santos
Foto e legenda publicadas com a matéria

O espetáculo inaugural do Teatro Coliseu - O espetáculo inaugural do Teatro Coliseu, na noite de 21 de junho de 1924, há vinte anos, portanto, foi classificado pelos cronistas mundanos daquele tempo como "um acontecimento de alta expressão artística e social", atraindo à nossa grande casa de diversões um público fino, que constituía a nata da sociedade santista, contando, também, com a presença do mundo oficial, numa noite suntuosa, difícil de ser igualada.

Representou-se nessa noite o canto lírico do dr. Carlos de Campos, então presidente do Estado; A Bela Adormecida, contando o espetáculo com a presença do seu ilustre autor, acompanhado de suas casas civil e militar e dos seus secretários de governo; general Abílio de Noronha, altas autoridades federais e estaduais, deputado Azevedo Júnior, Arnaldo Aguiar, vice-prefeito; dr. João Carvalhal Filho, vereador municipal, e outras figuras de projeção em nosso mundo social e em nossa edilidade.

A Bela Adormecida subiu à cena com suntuosa montagem, de acordo com o ambiente da peça, tendo sido seus intérpretes: a boa fada, sra. Leontina Knesse; a velha fâmula, sra. Aura Rodrigues Dias; a princesa, sra. Hermínia Russo; a rainha, sra. Elvira Mondlo; a fada má, sra. Alice de Carvalho; a fada da floresta, sra. Ivone Stumpe Daumerie; o pastor, N. N.; o príncipe, João Girardeli; o rei, Ramon Romeu; o lenhador, Armando Mondego; o secretário do rei, sr. Giordano.

Os coros e bailados de A Bela Adormecida estiveram a cargo das alunas do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e dos alunos da Associação Ópera Lírica Nacional. Os cenários eram de Rômulo Lombardi, tendo dirigido a grande orquestra o maestro Filipe Alessio.


O Coliseu tal qual é ele, hoje, vinte anos após a sua inauguração
Foto e legenda publicadas com a matéria

Outras companhias que atuaram em Santos - De junho em diante ocuparam o palco do Coliseu os seguintes elencos teatrais: Cia. Velasco, de revistas;  pianista prodígio Luciano Sgrizzi, de 13 anos de idade; conjunto de bailados de Maria Olenewa, hoje diretora coreográfica do Corpo de Baile do Teatro Municipal de S. Paulo; a Cia. de Operetas Giordanino, a Cia. Francesa de Ópera Cômica, a Cia. Velasco, a Cia. de Comédias Jaime Costa, a Cia. Mexicana de Operetas Esperanza Iris, a Cia. Portuguesa de Comédias Aura Abranches, a Cia. Portuguesa Alves da Cunha, Cia. Italiana de Operetas Léa Candini, Leopoldo Fróes, Lucila Peres, a Lírica do Teatro Municipal de S. Paulo, Cia. do Teatro Eden, de Lisboa; Brailowski, Feligne Verbiat, o pianista Risler, Cia. Giordanino, Cia. Lombardo-Caramba, os Coros Ucranianos, o transformista Frégoli, Cia. Dramática Maria Melato, Cia. Portuguesa de Operetas Armando de Vasconcelos, a transformista Fátima Miris, a Cia. de Bailados de Saacha Margot, a Cia. Itália Fausta, Cia Lírica Walter Mocchi, Clara Weiss, Angelina Pagano, ilusionista Raimond, Cia. Dramática Santos Silva, Cia. Espanhola de Revistas "Guiró"; Circo Helden, a troupe Liliputiana, a bailarina Ada Bogoslowa, Cia. Abigail-Oduvaldo Viana, Berta Singermann, o ilusionista Ruddy, Cia. de Operetas Léa Candini, o mágico Chefalo, os fantoches líricos do cav. Salici, a Cia. Portuguesa de Revistas de José Clímaco, Cia. Aura Abranches, Cia. Jardel Jercolis, o violinista polonês Romeu Tetemberg, Cia. Maria Matos, Cia. Típica Mexicana de Revistas, os Picoli de Pedroca, Cia. Procópio Ferreira, Cia. Gilda de Abreu-Vicente Celestino, Cia. Duleina-Odilon, Cia. Portuguesa do Teatro Variedades, de Lisboa; Cia. Mesquitinha-Alma Flora, Cia. Delorgas Caminha, Cia. Portuguesa de Revistas, encabeçada por Beatriz Costa, os Cantores da Rússia Imperial, a bailarina nipônica Sai Shoki, o Ballet Russo de Monte Carlo, Madalena Tagliaferro, ilusionista Carante com Miss Telma, os Meninos Cantores "À La Croix de Bois", Cia. de Comédias Jaime Costa, Cia. "Paradise", de Jardel Jersolis, Original Ballet Russo, Brailowski, a Cia. Joraci Camargo, a Cia. Valter Pinto e a Cia. Eva Todor, dirigida por Luiz Iglesias, que foi a última companhia de declamação a ocupar o Coliseu.

De fevereiro de 1944 até a presente data, nenhum conjunto ocupou o palco do nosso primeiro teatro, terminando, assim, essa reportagem retrospectiva destinada a evocar, o quanto possível, os artistas de predileção do público que transitaram por esta cidade, em suas diversas modalidades de arte.


O saudoso comendador Manoel Fins Freixo, fundador da Empresa Cine Teatral e um dos mais completos homens de teatro que Santos já teve
Foto e legenda publicadas com a matéria

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