Eles perceberam que unidos ganharam força e estão criando uma sociedade
Surge uma sociedade de melhoramentos...
Os moradores não agüentaram mais. Reuniram-se para protestar
contra o terreno da Fepasa, perceberam que unidos ganharam força e partiram para a criação de uma sociedade de melhoramentos. Querem dar vez e voz
ao bairro.
Uma reportagem na televisão mostrou que os maiores problemas da periferia de São Paulo estão sendo resolvidos
pela ação comunitária. Isso serviu de exemplo e estimulou o pessoal do Campo Grande, que parece não ter dúvidas de que união e participação são as
únicas saídas. A partir dessa constatação, a idéia de se criar a sociedade de melhoramentos foi simples conseqüência.
Uma comissão de seis moradores está cuidando da parte legal e, no máximo em um mês, convocará uma assembléia,
para eleger a primeira diretoria e selar a questão.
O apoio e o respaldo popular à nova entidade parecem certos: uma reunião realizada no dia 27 de março mobilizou
mais de 100 moradores. Todos se sentiram prejudicados pelo mato, pelo lixo e pelos marginais que se ocultavam na área.
O ambiente não poderia ser mais ideal para a proliferação de ratos, insetos e até cobras. Em resumo, uma questão
de saúde pública que não pode ficar de lado. Por estarem cientes disso é que os moradores estranharam ainda mais a ausência das autoridades
convidadas para a reunião do dia 27 de março. Pelo mesmo motivo, fazem questão de citar as que não compareceram ou mandaram representantes: o
prefeito Paulo Gomes Barbosa; o secretário de Obras e Serviços Públicos, Osmar Pinto Gomes; o secretário de Higiene e Saúde, José Pereira Sartori;
o presidente da Prodesan, Gonsalo Peres Gil; o comandante da Polícia Militar, coronel Roberto Torres Barreto; e o 2º Distrito Policial. Apenas a
Fepasa e o Departamento Regional de Saúde (DRS/2) estiveram presentes.
"Creio que o senhor prefeito municipal nem tomou conhecimento desse nosso problema", reclama o coordenador da
comissão de moradores, Walter Coelho. Ninguém consegue entender a omissão dos representantes municipais.
Mas os moradores já conquistaram uma pequena, porém significativa, vitória: a Fepasa está limpando o terreno e
refazendo o muro de proteção. Além disso, não pretende tolerar os abusos dos que tentam transformar a área em depósito de lixo e recebe as
denúncias pelo telefone 34.1220, ramal 225.
"A Fepasa pediu a colaboração dos moradores e eles estão dando. Falta a manifestação das autoridades", insiste
Walter Coelho. Com a Sociedade de Melhoramentos do Campo Grande em atividade, quem vai segurar os moradores? Na certa, lutarão por mais linhas de
transporte coletivo, contra as enchentes e por uma praça pública, pois o bairro não tem nenhuma. Quanto ao terreno da Fepasa, a população não
pretende simplesmente vê-lo limpo: já há uma sugestão para que se crie lá uma área de lazer. O Campo Grande também não tem nenhuma.
Os que quiserem participar da criação da sociedade de melhoramentos e não estão entrosados com a comissão podem
telefonar para 37.2097 ou 37.5314.
Os moradores sentem saudade do bonde 17,
quando constatam que a condução hoje demora e não é tão confortável
...e os moradores têm muito o que reclamar
"Chove na Bahia e aqui já está enchendo". A frase do morador
carrega muito exagero, mas ele não encontra outra mais adequada para se referir às inundações que ocorrem em diversas ruas, entre elas a Teixeira
de Freitas, Visconde de Cairu, Visconde de Faria, Gonçalves Ledo e Carlos Gomes e Evaristo da Veiga, nos cruzamentos com a Almirante Barroso e
Arnaldo de Carvalho. Basta uma chuva de nada para os moradores serem obrigados a se desfazer de calçados, arregaçarem as calças e fazerem
malabarismos para evitar os pontos mais cheios.
As providências já foram pedidas várias vezes: as soluções não se sabe quando virão. O certo é que todos estão
cansados do problema e da manutenção dos hoje perigosos trilhos de bonde em ruas de muito movimento, como Carlos Gomes, Duque de Caxias, José
Clemente Pereira e João Caetano.
Continua também em segundo plano a continuidade da Rua João Carvalhal Filho. A Prefeitura chegou a desapropriar
áreas entre a Visconde de Cairu e Visconde de Faria, mas depois abandonou o local, deixando margem para a formação de lixão e construção de
casebres. E, se a Prefeitura não cuida nem dessa questão, o que se dirá do antigo projeto de se prolongar a Rua Álvaro Guião até a Rua Amazonas,
ainda na dependência de uma desapropriação?
A falta de condução faz muita gente sentir saudades do bonde 17. Para os lados da Conselheiro Nébias, só há duas
opções: os ônibus da linha 10 e 17. O primeiro, percorre o Centro para depois atingir aquela avenida, e ainda assim, não trafega em toda sua
extensão. O 17 faz o percurso contrário, via praia, e mesmo assim não passa exatamente na Conselheiro Nébias, mas na Oswaldo Cruz. A linha 94, faz
ligação com bairros da Zona Noroeste ou Ponta da Praia, mas, dependendo do horário da noite, os usuários têm que se armar de muita paciência para
esperar.
Ônibus da Bernardino de Campos para a Pinheiro Machado não há, não restando alternativas se não ir a pé ou
tentar melhor sorte na Avenida Ana Costa. A não ser que sirva o 27, que apenas corta a Pinheiro Machado.
Restam ainda queixas, estas mais específicas, contra o péssimo estado de conservação da Rua Arnaldo de Carvalho,
entre as ruas Pedro Américo e Carlos Gomes. Além de muito estreita - se há um veículo estacionado sobra espaço para circular apenas um por vez -
está toda esburacada, é mal iluminada e suas calçadas são muito pequenas. Em um dos lados, as pessoas têm que descer para a rua para desviar dos
postes de iluminação, e, para evitar essa ginástica a todo instante, muitos preferem correr o risco de andar direto no meio da via.
O terreno baldio da Rua Evaristo da Veiga, 75, também já deu muito o que falar. Houve reclamações, o
proprietário construiu um muro mas não pôs portão e a área continua servindo como depósito de lixo. |