Bolsa de Café e sala de pregões são tombadas pelo Iphan
O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) aprovou, por unanimidade, o tombamento da Bolsa Oficial do Café e de sua sala de pregões. Foi aprovado também o tombamento do Elevador
Lacerda, em Salvador, e o registro, como patrimônio imaterial, da Feira de Caruaru, em Pernambuco.
Reunião do Conselho do Iphan foi realizada na sede da Bolsa de Café
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria
Sexta-feira, 8 de
Dezembro de 2006, 08:52
PATRIMÔNIO
Prédio da Bolsa do Café é tombado pelo Iphan
Pedido, de 2003, foi aprovado em reunião do órgão realizada na construção
histórica
Da Reportagem
A proposta de tombamento do prédio da Bolsa Oficial do
Café, no Centro Histórico, foi aprovada ontem pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por
unanimidade.
Durante a reunião, realizada na sala de pregões da Bolsa, também foram aprovados o
tombamento do Elevador Lacerda, em Salvador, na Bahia, e o registro no Livro dos Lugares, como patrimônio imaterial, da Feira de Caruaru, em
Pernambuco.
Em 70 anos de existência do Iphan, está foi a primeira vez que o Estado de São Paulo
foi sede de uma reunião do grupo. Nas poucas vezes que o encontro foi realizado fora do eixo Rio/Brasília foram escolhidas cidades consideradas
patrimônios da humanidade, como Salvador.
Segundo o presidente do Instituto e coordenador do Conselho, Luiz Fernando de Almeida,
essa foi uma forma de prestigiar o prédio e o Estado de São Paulo. "A Bolsa de Café finaliza um processo de proteção do sistema econômico e da
produção do café. O Iphan já protege algumas fazendas representativas desse ciclo, algumas casas dessa burguesia cafeeira dentro das cidades e o
sistema de transportes. Faltava a comercialização, essa relação do café com o exterior".
Almeida explica que, a partir de agora, toda a intervenção realizada no prédio
precisará passar pelo crivo do Iphan. "Mas nós também temos obrigação de garantir a permanência desse edifício para as novas gerações. O órgão é
responsável, junto com o Estado e com os municípios, pela conservação, manutenção e preservação do Patrimônio Histórico Nacional".
A proposta de tombamento do prédio pela União partiu da Associação dos Amigos Museu do
Café. O pedido foi protocolado em janeiro de 2003. "O tombamento pelo Iphan só confirma a importância desse edifício para a história de Santos, do
Estado e do Brasil. Uma construção dessa qualidade, erguida com o dinheiro do café para fazer negócios de café, é única no mundo", diz o
secretário-executivo da Associação dos Amigos do Museu dos Cafés, Eduardo Carvalhaes.
Para ele, o prédio da Bolsa é o edifício mais emblemático da importância que o café
teve para a história moderna do País. "O Estado de São Paulo começou a enriquecer e se transformar na locomotiva do Brasil a partir do ciclo do
café".
Proteção - A Bolsa do Café já é tombada em níveis municipal, pelo Conselho de
Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), e estadual, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico do Estado (Condephaat). E é o sétimo bem tombado pelo Iphan em Santos.
Os demais são a antiga Casa de Câmara e Cadeia e a
área arborizada em seu entorno; a Casa da Frontaria Azulejada; a Casa do Trem;
a Igreja da Ordem Terceira do Carmo; a Igreja e o Mosteiro de São Bento e as ruínas do
Engenho dos Erasmos.
Segundo o Iphan, Santos é a cidade com o maior número de bens tombados pela União em
todo País.
Edificação, localizada no Centro Histórico, é o sétimo bem tombado pelo Conselho em
Santos
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria
Inauguração marcou Centenário da Independência
O prédio da Bolsa Oficial do Café começou a ser construído em 1920 e foi inaugurado no
dia 7 de setembro de 1922, em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil. O edifício foi erguido em Santos porque, na época, a Cidade era
a maior praça de café do mundo e muitos só aceitavam comprar o produto se ele fosse negociado e chancelado na Bolsa.
O local funcionou até 1986, mas ficou fechado em alguns períodos, como em 1929, na
quebra da Bolsa de Nova York; em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, e na segunda guerra
mundial.
O último pregão aconteceu na década de 50, quando os negócios do café foram
transferidos para São Paulo. Até 1986, quando foi desativado, funcionou para divulgação da cotação do café no mercado internacional.
Depois de dez anos fechado, o prédio foi restaurado. Foram 14 meses de trabalho até a
reinauguração, realizada em 25 de setembro de 1998.
Atualmente, o prédio é mantido pela Associação dos Amigos do Museu do Café. No acervo,
estão obras de Benedicto Calixto, além de espaços para exposições temporárias. |