Um
drama em quatro atos pode ser percebido na leitura do que foi manuscrito nestes quatro cartões postais, enviados para Montevidéu (Uruguai) durante a
Primeira Guerra Mundial. Mesmo percorrendo o mundo, estes postais conseguiram ficar juntos por um século, ao contrário do que aconteceu com os
personagens desta história, e assim foram encontrados por Novo Milênio num site norte-americano de leilões, prestes a se separarem. Todos os
cartões foram produzidos no Brasil pela Union Postale Universelle, por volta de 1910 a 1915, e não têm nada manuscrito no verso.
Pode-se dizer que o ato inicial desta
história está registrado neste postal:
Imagem: cartão postal produzido pela
empresa santista M. Pontes & Cia. e negociado no site de leilões EBay,
em 2 de abril de 2010
Sobre a imagem da
Agência do Correio então situada no Largo do Rosário, em prédio que ainda pode ser visto na atual
Praça Rui Barbosa, o emitente escreveu: "Porta por onde entro todas
as terças-feiras, para saber se tenho cartas de Montevidéu, logo que chegam os vapores da Mala Real".
Outro postal, sobre os "Arredores de
Santos", mostrando um recanto da Ilha Porchat, em São Vicente, tem manuscrito, com algumas
partes obscuras, o texto, assim interpretado e atualizado ortograficamente com a ajuda do internauta
Antonio Farjani: "Lembra-te
do passeio que fizemos com a Olívia e Hermina Couto na Ilha do Porchat em S. Vicente e que ao voltarmos à praia caíste lá no lugar que tem x.? vês
meu bem/Não me esqueço de nada/X".
Como em outros postais, o remetente assinala com um x os pontos a que se refere. Neste, o primeiro x do texto parece se referir ao outro, no final,
que teria sido o lugar da queda:
Imagem: cartão postal produzido pela
empresa santista M. Pontes & Cia. (Nova série em cores número 123), negociado no site de leilões EBay,
em 2 de abril de 2010
Pode-se dizer que o terceiro ato é
entrevisto nesta mensagem, sobre uma foto da antiga Santa Casa de Misericórdia, prédio da
Avenida São Francisco: "Enfermaria onde está a megera Maria que traiu-me auxiliando
a tua fuga. Deus que a ajude. Não viajará mais para a Europa à minha custa. Está pagando tenho certeza e chora quando fala em meu nome. Isso
contou-me Troncoso não faz muitos dias":
Imagem: cartão postal produzido pela
empresa santista M. Pontes & Cia. (Nova série em cores número 136), negociado no site de leilões EBay,
em 2 de abril de 2010
E a cena final se passa na
Ponta da Praia, onde se encontram dois navios de passageiros da armadora inglesa
Royal Mail Steam Packet (RMSP - Mala Real Inglesa), o Araguaya e o
Aragon. Referindo-se ao Araguaya, visto na direção da Fortaleza da
Barra, o missivista escreve: "Trouxe a Santos o ídolo de meu amor!".
Já em relação ao navio Aragon, que segue mais à frente em direção à saída do porto, ele registra: "Levou
a minha ingrata para jamais!":
Imagem: cartão postal produzido por
M.Pontes & Cia., firma estabelecida em Santos na Rua 15 de Novembro, 15 (Nova série em cores número 174) negociado no site de leilões EBay,
em 2 de abril de 2010 |