Hoje denominada XV de Novembro,
a Rua Direita foi a mais importante de Santos nos primeiros séculos da então vila de Santos. Dentro do traçado citadino dos portugueses, a Rua
Direita costuma ligar o ponto principal da vila à porta de entrada da mesma, geralmente situada no lado oposto, atravessando assim todo o vilarejo.
Nela se situam as principais edificações administrativas, religiosas, militares e particulares, e ligadas a ela ficam também os principais largos da
povoação.
Rua Antonina, vista dos Quatro Cantos, em foto de Militão Augusto
de Azevedo
(albúmen com 12,0 x 16,5 cm. Acervo Museu Paulista)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
É o caso de Santos, se bem que em 1865, quando foi feita esta foto pelo então
famoso Militão Augusto de Azevedo, a via já estava subdividida, ligando o Convento de Santo Antonio
do Valongo ao Convento do Carmo (sendo complementada pelas ruas Meridional e Setentrional,
que desapareceram quando da formação da atual Praça da República).
A própria Rua Direita restante teve um trecho que ficou conhecido como Rua
Antonina, no cruzamento com a Rua Santo Antonio (atual Rua do Comércio), assim visto em 1865:
Rua Antonina, vista da esquina da Rua Santo Antonio, em foto de
Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 11,0 x 16,4 cm. Acervo Instituto Moreira Salles)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
Sobre esse local e as fotos feitas em 1865, escreveu o arquiteto Gino Caldatto
Barbosa, no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de Azevedo, em 2004:
"A Rua Antonina esteve intimamente ligada à
formação de Santos, quando, no final do século XIX, assumiu importância equiparada à de grandes centros comerciais e de negócios do país. Via
pequena e estreita, de perspectiva limitada, era definida pelos cruzamentos do antigo Quatro Cantos com a Rua de Santo
Antônio, e intermediava a comunicação do eixo da Rua Direita com o bairro do Valongo, conquistando importância histórica determinante no sistema
viário da cidade. No final do século XIX, recebeu diferentes nomes, como 25 de Março, quando se juntou à Rua Direita, até ganhar a denominação
atual, Rua Quinze de Novembro, após a implantação da República no país.
"Inicialmente, foi cenário para os rituais da fé, onde casarões se alinhavam em todo o
percurso, que durante séculos serviu de eixo condutor às procissões que partiam da Matriz ao Convento de Santo Antônio, no bairro do Valongo. Havia
uma parada obrigatória na Casa das Beatas, no Quatro Cantos – o cruzamento das atuais ruas Quinze de Novembro e
Frei Gaspar, no terreno em frente à atual Bolsa de Café, onde se situava a imagem de Nossa
Senhora, no cunhal da fachada.
"Foi área residencial de gente importante e ponto comercial de prestígio, que,
conseqüentemente, trouxe o adensamento arquitetônico de grandes sobrados, contidos nas duas imagens de Militão. As fotografias revelam o conjunto
comercial abrangente desse pequeno trecho urbano, que, em 1865, contava com o estabelecimento do relojoeiro Julio Kaiser, do alfaiate W. Kubel e a
farmácia do químico Camilo Bourroul, profissionais que disputavam a excelência do ponto com a loja de colchões e arreios, a padaria, a oficina do
ourives entre outros (publicidade no jornal santista Revista Comercial, vários números de 1865).
"As duas vistas da Rua Antonina, feitas dos cruzamentos com a Rua Santo Antonio e
Quatro Cantos, respectivamente extremos opostos do logradouro, revelam atitude singular do fotógrafo diante do ensaio visual de Santos, considerando
a intenção de documentar, com insistência, o mesmo espaço. Apesar dos ângulos inversos, as imagens quase se confundem diante da similaridade no
tratamento formal dispensado." |