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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TRILHOS
2008: os trens deixam o centro da cidade (2)

Reivindicação de décadas da população, enfim atendida...

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Por mais de um século, a população de Santos enfrentou o problema representado pela passagem de trens na área urbana, interrompendo o trânsito em todas as principais avenidas, às vezes por longo período para manobras, ou de madrugada acordando com o apito das locomotivas - além dos acidentes periodicamente ocorridos com motoristas imprudentes ou equipamentos falhos de sinalização. Primeiro foram encerradas as atividades da linha de passageiros que servia o litoral Sul paulista; depois, fechadas estações como a da Avenida Ana Costa; e, com os acertos para que os trens alcançassem o porto contornando a cidade, foi possível enfim desviá-los em fevereiro de 2008 para fora da área urbana.

O principal acerto foi a negociação dos direitos de passagem dos trens (de bitola métrica) da sucessora da Sorocabana/Fepasa/Brasil Ferrovias (a ALL - América Latina Logística) com a sucessora da São Paulo Railway/Estrada de Ferro Santos-Jundiaí/RFFSA (a MRS Logística), que usa bitola larga, compreendendo a colocação do terceiro trilho e integração dos controles.

Em 12 de fevereiro de 2008, o Diário Oficial de Santos registrou, em suas primeira e última páginas:


Antiga reivindicação da população, medida foi comunicada pelas concessionárias ontem na prefeitura - Desativação da linha elimina tradicionais congestionamentos
Foto: Marcelo Martins, publicada com a matéria

Trens de carga não circulam mais na área urbana

Uma das mais importantes providências para o desenvolvimento regional foi concretizada ontem, com o fim da circulação dos trens de carga pela área urbana de Santos e São Vicente.

Reivindicada há décadas pela população, a medida foi comunicada oficialmente ao prefeito João Paulo Tavares Papa por representantes das empresas concessionárias, em reunião na prefeitura. O encerramento das operações de carga libera a linha férrea para o transporte de passageiros em sistema VLT (Veículos Leves sobre Trilhos), essencial para a integração entre os municípios da região metropolitana.

A medida, determinada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), foi viabilizada graças à construção de um terceiro trilho entre Perequê (Cubatão) e Valongo (Santos), que permite a passagem de composições de bitola mista e a remodelação de trechos dentro do porto, realizadas pelas operadoras MRS Logística e ALL (América Latina Logística).

"A cidade tem de comemorar muito a solução de pendências e as oportunidades que se criam", disse o prefeito. Entre os benefícios da medida, destacou o aproveitamento do espaço pelo sistema VLT, informando que o projeto executivo está em elaboração.

"Com o espaço livre, o custo do sistema não envolverá necessidade de expropriação", afirmou. Outras melhorias foram enfatizadas, entre as quais a segurança para pedestres e motoristas que cruzam a linha férrea; menos poluição sonora e ambiental; valorização imobiliária do entorno e fluidez do trânsito.

A proposta que resultou na suspensão da passagem dos trens de carga pela cidade foi articulada pela prefeitura. Em 2005, em seminário promovido pelo Instituto de Engenharia de São Paulo, Santos defendeu a implementação do terceiro trilho para acesso ao Porto, e em 2006, enviou ofício à ANTT solicitando o fim da passagem dos trens de carga pela ruas da cidade. Intermediou o impasse entre a MRS e a Brasil Ferrovias (atual ALL) sobre a construção das obras necessárias e defendeu a aprovação da proposta junto ao CAP (Conselho da Autoridade Portuária).

A prefeitura está promovendo ainda a reurbanização das áreas ao longo dos trilhos. Construiu baias de estacionamento, muros e guarda-corpos, ajardinou e reforçou a iluminação e retirou painéis de publicidade.

Estiveram presentes os gerentes da ALL, Ivana Spir, e da MRS, Claudenildo Chaves, e o secretário municipal de Assuntos Portuários e Marítimos, Sérgio Aquino.


Maior segurança para quem cruza a linha, menos poluição e valorização imobiliária são alguns dos benefícios
Foto: Marcelo Martins, publicada com a matéria

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