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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Uma história santista com Frei Galvão...

No dia 11 de maio de 2007, durante visita à capital paulista, o papa Bento XVI canonizou Frei Antônio de Sant'Ana Galvão como o primeiro santo brasileiro. Em Santos, ocorreram várias manifestações religiosas e pela imprensa, nesses dias, valendo registrar o comentário publicado em sua coluna social regular por Luiz Alca de Sant'Anna, no jornal santista A Tribuna, em 10 de maio de 2007:


Frei Antonio de Sant'Anna Galvão, esse querido santo de casa que será canonizado amanhã pelo papa Bento XVI, para emoção de todo o Brasil e honra de seus parentes
Legenda e imagem publicadas com a matéria

SOCIAL
Santo de casa

Luiz Alca de Sant'Anna

Desde que me conheço por gente ouço falar em Frei Galvão, pela família de meu pai, como o primo padre que construiu o Convento da Luz. Meus pais, avós e tios acostumaram-me a recorrer a ele diante das dificuldades e medos da vida. Sua imagem, muito antes de ser divulgada no Brasil, já ornava o criado-mudo e uma cômoda da minha casa.

Frei Galvão era como um tio querido, um avô carinhoso que sempre velava por nós. Minha mãe, quando grávida de mim, dizia que olhava para as mãos do parente, achando-as lindas e torcendo para que o filho nascesse com mãos tão espirituais (o que não aconteceu, evidentemente).

Muito além dos milagres hoje conhecidos, as histórias de família sobre o frei faziam parte dos papos das primas idosas de meu pai, muito religiosas ou super católicas.

Aos 8 anos, quando fui levado pela primeira vez ao Convento da Luz, parecia estar indo visitar um parente querido. E as hoje famosas pílulas, então? Eram dadas não só para as parturientes da família, mas para curar qualquer mal que afligisse um dos membros. Elas eram enviadas pelas freiras concepcionistas (uma delas também prima) com bilhetinhos carinhosos e desejos de saúde de proteção divina.

A árvore genealógica que chegava a ele estava num álbum antigo de família, manuscrito por minha bisavó e que meu pai, apaixonado pelo assunto, guardava com o máximo carinho, junto com dois outros álbuns imensos. A praticidade irritante da vida levou-os a serem guardados no maleiro de um armário que os cupins atingiram e destruíram tudo. Meu pai se foi sem saber do ocorrido, o que o magoaria muito.

Tive que recorrer ao livro Genealogia Paulista, de Luiz Gonzaga da Silva Leme, e ao compêndio do dr. Brotero para situar o parentesco: Frei Galvão é irmão do pentavô de meu pai, José Galvão de França.

 

"Santo de casa pode fazer milagre sim.
Como eu poderia imaginar que aquele parente tão mencionado em família iria se tornar o primeiro santo brasileiro?"

 

Entre as mais bonitas histórias contadas em família sobre ele, duas se destacam para mim: certa feita estava o frei jantando em casa de uma prima, quando abaixou a cabeça e parecia cochilar. Os parentes à mesas estranharam muito. De repente, ele volta e diz: "Fui até Itu ver o primo José, que está muito mal, e dar-lhe a extrema unção".

Todos se olharam e pensaram que ele estivesse fora de si. Na manhã seguinte, não só chega o aviso da morte como foi descoberto o lenço de Frei Galvão ao lado do travesseiro do moribundo.

E uma outra: num momento de sufoco financeiro, minha avó Ignacinha colocou, aos pés da foto dele, uma apólice a passou quase a noite inteira rezando para que a ajudasse a sair da situação, para que não precisasse vender a casa em que morava. No dia seguinte, foi avisada de que havia sido sorteada exatamente com a quantia necessária.

De repente, aquele parente tão querido se torna o primeiro santo brasileiro e vai ser canonizado amanhã pelo papa. E eu, emocionado, honrado e agradecido, passo a saber literalmente o que significa a expressão "santo de casa"...


Anúncio publicado no jornal santista A Tribuna em 2 de maio de 2007 - seção Classificados


Anúncio publicado no jornal santista A Tribuna em 4 de maio de 2007

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