Depois que invadiu a praia santista, nas proximidades do Canal 6, a embarcação também
se transformou em atração turística
Foto: reprodução, publicada com a matéria
Navio encalhado chegou a ser palco de festa
Muitas pessoas estiveram a bordo do Recreio no Réveillon de 1971
Da Reportagem
"Me lembro como se fosse hoje. O acidente ficou muito
marcado na minha memória porque aconteceu pouco tempo depois de termos participado de uma festa no navio Recreio. Nem acreditamos. Durante a
festa, chegamos até a brincar que o navio estava estranho, se mexia demais para uma embarcação que estava presa ao fundo do mar", contou a
comerciante Dóris Tolosa Conceição Gonçalves.
Dóris, hoje com 54 anos, junto com seu marido, o professor universitário Manuel Roseti
Gonçalves, de 64 anos, e um grupo de amigos, comemoraram o Réveillon de 1971 a bordo da embarcação Recreio, que acabou encalhando na praia
menos de dois meses depois (veja o quadro).
Na época, Dóris e Gonçalves ainda eram jovens e estavam namorando. O casamento foi
realizado dois anos depois, em dezembro de 1973.
"Compramos os ingressos para a festa de Réveillon do navio, que, aliás, foi muito
agitada. Teve jantar, música. Pena não termos tirado uma foto na ocasião. Nunca íamos imaginar que ele iria encalhar na praia e que os destroços só
seriam retirados mais de 30 anos depois".
Os trabalhos de remoção do navio, encalhado na Ponta da Praia, nas proximidades do
Canal 6, começaram no último sábado pela Prefeitura e já tiveram duas etapas.
A mais recente foi na noite da última segunda-feira. Conforme o secretário municipal
de Meio-Ambiente, Flávio Rodrigues Corrêa, a terceira fase dos trabalhos está prevista para o final do mês (dia 27 ou 28).
A realização dos serviços está condicionada à maré, que precisa estar baixa para
permitir a atuação das equipes da Terracom, Defesa Civil e da própria Secretaria Municipal de Meio-Ambiente (Semam), responsáveis pela remoção.
"Estou achando ótimo a Prefeitura ter decidido retirar esses destroços, porque sempre
comentávamos que poderia causar algum acidente. Era perigoso para os banhistas", disse Gonçalves.
Manuel Roseti e Dóris Tolosa eram namorados
e estavam na festa na chegada do Ano-Novo de 1971
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Atração - O trabalho de remoção das ferragens do navio acabou virando atração
para turistas e moradores que passam pela região, conforme mostrou A Tribuna na edição de ontem.
"Quando o navio encalhou foi a mesma coisa. Muita gente ia lá para ver. Também virou
atração", contou, rindo, o professor universitário Manuel Gonçalves.
De acordo com o professor Rogério Rocha, que também esteve na praia no dia em que a
embarcação encalhou, antes de vir para Santos, o navio Recreio ficava em Santa Catarina.
Na época ele levava o nome de Carl Hoepcke. Um
incêndio, explicou ele, teria destruído boa parte da embarcação, que foi reformada e trazida para a região, funcionando como um restaurante
flutuante e boate.
Remoção - A previsão da Semam é que a quarta etapa do trabalho de remoção dos
destroços ocorra em fevereiro, também à noite, devido ao grande fluxo de pessoas na praia durante todos os dias da temporada de verão. Ao todo,
serão necessárias 50 horas para a conclusão dos serviços.
O objetivo da Semam é retirar os destroços que estão a até 40 centímetros de
profundidade, garantindo assim a segurança dos banhistas.
Em alguns períodos, devido à maré baixa e à movimentação da areia, pedaços das
ferragens chegam a ficar expostos, podendo causar acidentes envolvendo as pessoas que caminham pela região. |