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A polícia de Santos através dos anos
Resenha dos fatos verificados durante dez lustros - Crimes célebres ocorridos na
cidade - As autoridades policiais de Santos desde 1894 até esta data
Reportagem de José Ferreira Coelho
Da Polícia de Santos de 1894, até o dia de hoje, é do
que nos vamos ocupar, procurando, de maneira sucinta, demonstrar a transformação por que passou o nosso aparelhamento policial nestes 10 lustros,
enumerando também o nome daqueles que exerceram o árduo cargo de delegado de Polícia.
O único vestígio que ainda perdura da polícia de 50 anos passados é o vetusto casarão
da Praça dos Andradas. Quase centenário, resistiu ao avanço impetuoso do progresso, não modificando sua estrutura exterior, muito embora sofresse
inúmeras reformas internas.
Naquela época, havia apenas um delegado de polícia, autoridade leiga, indicada pelo
partido dominante, que devia agir de acordo com seus correligionários políticos. Auxiliavam-no os suplentes, bisonhos inspetores de quarteirão e
resumido número de soldados de polícia.
Hoje, Santos possui um delegado auxiliar, seis delegados de carreira, 14
sub-delegados, 42 suplentes, 300 inspetores de quarteirão, um corpo de investigadores experimentados, modelar Gabinete de Identificação, Polícia
Técnica, Gabinete Médico-Legal, Polícia Marítima, Rádio Patrulha, Guarda Civil e um batalhão da Força Policial.
Em 1894 eram recolhidos à Cadeia Pública cerca de 30 presos por mês. Hoje, esse número
ascende a 300. Só o presídio não aumentou. O fato é que Santos foi e continua sendo uma cidade bem policiada e os santistas sempre prestigiaram as
autoridades locais.
Dr. Isidoro de Campos, delegado de polícia em 1894
Foto publicada com a matéria
Em 1894 - Quando este jornal nasceu, exercia o cargo de delegado de polícia
nesta cidade o dr. Isidoro de Campos, provecto advogado no nosso fôro e pessoa radicada nos meios sociais. Numa época em que o país se agitava com
uma revolução interna, soube exercer o espinhoso cargo de maneira serena, resolvendo com justiça e sem partidarismo os complexos problemas que se
lhe apresentavam.
Inimigo da violência, embora enérgico, conseguiu manter a cidade em absoluta ordem.
Era seu suplente o dr. Francisco Malta Cardoso. Demitiu-se em 1898. O dr. Isidoro de Campos ainda é vivo, residindo atualmente na capital do país.
Era médico da polícia, na época, o dr. Carneiro de Sousa.
1895 - Foi seu substituto o cidadão José Paulo de Azevedo Sodré, que tinha como
1º suplente o cap. Sebastião Lorena. A ação dessa autoridade também se realçou pela maneira criteriosa como solucionou todos os casos que dependeram
de sua decisão.
Procurou alijar da cidade os maus elementos, o que conseguiu sem grande esforço.
Permaneceu no cargo durante um ano, quando, por questões políticas, solicitou demissão, sendo seu substituto em
1896 o dr. Estácio Correia, advogado nesta cidade e figura de realce nos meios
sociais.
Sua permanência à frente dos serviços policiais foi rápida. Depois de cinco meses,
demitia-se, transmitindo o cargo ao major Francisco Cruz, que nele permaneceu até janeiro de
1899, sendo nomeado para substituí-lo o cidadão José André do Sacramento
Macuco, que tinha como suplente o sr. Ludgero dos Santos. Sacramento Macuco, pessoa radicada na cidade, onde era largamente estimada, embora tivesse
ação brilhante na polícia, demitiu-se em novembro do mesmo ano. O governo do Estado enviou então para Santos, em comissão, o dr. Herculano Crispim
de Carvalho, que veio acompanhado do seu escrivão, o saudoso cap. Manoel Vieira Coelho.
Pouco se demorou o dr. Herculano na direção dos serviços policiais da cidade,
transmitindo o cargo ao major José Evangelista de Almeida, nomeado pelo governador do Estado, dr. Fernando Prestes, continuando o cap. Vieira Coelho
como escrivão.
Foi construtiva a ação do major Evangelista de Almeida na Polícia de Santos. Enfrentou
sérios problemas sociais e políticos, vencendo-os de maneira digna e a contento geral. Nessa época, grassava na cidade a peste bubônica. As pessoas
atacadas do terrível mal foram imediatamente recolhidas ao hospital do Isolamento. Foi eficiente o concurso que o major
Evangelista prestou às autoridades sanitárias, à cuja frente se achava o notável médico, dr. José Nicolau Tolentino Filgueiras. Entre os enfermos
recolhidos ao Isolamento encontrava-se o dr. Américo Baeta Neves, 1º suplente do delegado de Polícia.
Foi o major Evangelista quem determinou o registro policial dos carregadores da
cidade, recebendo cada um deles um caderno com a respectiva fotografia e uma placa numerada. Dessa forma, todos os carregadores de Santos podiam ser
facilmente identificados.
Deve-se também ao major Evangelista de Almeida a iniciativa da fundação da banda de
música do Corpo de Bombeiros. Essa diligente autoridade, que vinha mantendo severa campanha contra o porte de armas
proibidas, chegara à conclusão de que os crimes de sangue ocorriam, na maioria, aos domingos. Operários e gente humilde, não tendo onde passar o dia
destinado ao descanso, procuravam os botequins, onde ficavam horas esquecidas, ingerindo bebidas alcoólicas. Era quase sempre trágico o resultado
dessas libações. Discussões que se verificavam por motivos fúteis, degeneravam em conflito.
O povo não tinha onde se divertir. Não havia cinema e o teatro não estava à altura da
bolsa da gente pobre. Uma banda de música, realizando concertos públicos aos domingos, viria favorecer a situação. O povo, da classe modesta, ao
invés de procurar os bares, iria para a praça pública ouvir música. Depois de entendimento com o dr. José César da Silva Bastos, então chefe
político, conseguiu o major Evangelista de Almeida fosse fundada a banda do Corpo Municipal de Bombeiros, cujo primeiro regente foi o maestro
Aurélio Prado.
Major Evangelista
Foto publicada com a matéria
Como se vê, a gestão do major José Evangelista de Almeida foi profícua. Prestou à
cidade relevantes serviços, recebendo ofício elogioso do dr. Oliveira Ribeiro, então chefe de Polícia do Estado, quando solicitou demissão do cargo,
em abril de
1901, sendo substituído pelo tenente Rodolfo Lassala Freire, que tinha como
suplente o dr. Américo Baeta Neves. Foi curta a gestão do tenente Lassala Freire, o qual em setembro de 1901 foi substituído pelo dr. Manoel Galeão
Carvalhal, que teve como auxiliares os srs. Henrique Porchat de Assis e Augusto Filgueiras. Sua gestão, entretanto, terminou em dezembro desse ano,
sendo nomeado para substituí-lo em
1903 o sr. Augusto Filgueiras, cidadão largamente relacionado na cidade, onde
desfrutava de conceito e estima. Manteve-se pouco tempo no cargo, passando-o, três meses depois, ao seu suplente, o dr. Álvaro da Mota e Silva,
médico de um batalhão do Exército aquartelado em Santos, sob o comando do tenente-coronel Vileroy.
A gestão do dr. Mota e Silva foi brilhante. Dotado de temperamento sereno e trato
afável, moderado nas suas decisões, encarnava-se o tipo de autoridade consciente e capaz. Embora enérgico, não se lhe conheceu qualquer ato de
violência. Pela persuasão, procurava resolver as mais intrincadas contendas.
Foi assim, inteligente e complacente, que conseguiu debelar a greve dos açougueiros
que irrompeu naquela época. Indo pessoalmente ao Matadouro, convenceu os grevistas exaltados a prosseguirem no trabalho
para o bem da população. Não fez a menor demonstração de força. Falou aos grevistas com a máxima serenidade e ponderação, sem, contudo, demonstrar
tibieza. De tal maneira se houve nessa empresa difícil que, na mesma ocasião, aqueles homens, antes irredutíveis na decisão de só mesmo retornar ao
trabalho quando satisfeitas suas reivindicações, em homenagem à atitude serena do delegado, abateram um boi, cuja carne foi distribuída aos
estabelecimentos hospitalares e asilos.
Por esse e outros fatos, o dr. Mota e Silva tornou-se credor da admiração do povo de
Santos, que sentiu profundamente seu afastamento espontâneo do cargo de delegado de Polícia, fato ocorrido em abril de
1903. Por decreto do governo do Estado, era nomeado delegado de Polícia desta
cidade o tenente-coronel Benedito Ernesto Guimarães, pessoa conceituada nos meios políticos e sociais. Foi uma autoridade íntegra, honesta e
enérgica. Travou ferrenha luta contra os elementos nocivos à ordem pública, desordeiros e vadios habituais, que infestavam os arrabaldes da "urbe",
conseguindo alijá-los do convívio social durante longo tempo.
Encetou severa campanha contra o jogo, principalmente o chamado "jogo do bicho".
Mereceu da própria imprensa oposicionista calorosos elogios pela maneira criteriosa, justiceira e enérgica com que desempenhou as funções de
delegado de polícia. Necessitando atender com mais assiduidade à firma comercial que dirigia nesta praça, solicitou demissão em 10 de maio de 1904.
No dia seguinte ao seu afastamento espontâneo do cargo, advogados, solicitadores e
funcionários forenses prestaram-lhe significativa homenagem. Após ser saudado por vários oradores, recebeu como lembrança custosa bandeja de prata
com a seguinte inscrição: "Ao coronel Benedito E. Guimarães, ex-delegado de polícia. Lembrança do Fórum de Santos". Nessa mesma ocasião, recebeu
ainda do dr. Isidoro Campos, chefe político local, um cartão de prata, onde se lia: "Como atestado de apreço ao delegado modelo, tenente-coronel
Benedito Ernesto Guimarães - 1904".
Foi substituído pelo 1º suplente, sr. Paulo Filgueiras.
O velho casarão da Praça dos Andradas, que vem resistindo ao avanço do progresso
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1904 - Assumia o cargo de delegado de polícia o dr. Antenor de Campos Moura,
acatado advogado nesta cidade. Espírito culto, dotado de temperamento calmo, sua atuação como autoridade policial foi profícua. Dirigindo a polícia
numa ocasião em que os partidos políticos se empenhavam em acirrada luta, soube manter-se alheio às questões partidárias, dedicando-se
exclusivamente à causa pública.
Procurou humanizar a Cadeia, oferecendo aos presos maior conforto. Preocupado com o
número de mendigos que, perambulando pela cidade, ofereciam aspecto contristador, teve a feliz iniciativa da fundação de um asilo para recolhê-los.
Em curto espaço de tempo, viu realizar-se o seu projeto. O Asilo de Mendicância, hoje Asilo de Inválidos, é o
estabelecimento modelar que se ergue lá para as bandas do José Menino e onde são acolhidos aqueles que, deserdados da
sorte, chegaram à velhice sem amparo algum. A atuação do dr. Campos Moura, na polícia santista, foi assinalada por ótimos serviços, prestados à
coletividade. Solcitou demissão em
1905. Em comissão, era nomeado para o cargo de delegado de polícia o coronel
Pedro Arbues Xavier, da Força Policial do Estado, que teve como suplentes os srs. João Carlos Rato e Bento Mendes da Silva. Fatos de pouca monta se
registraram durante a gestão do coronel Arbues, que deixou o cargo em
1906, sendo seu substituto o dr. José Vicente de Azevedo, advogado em Santos.
Moço culto, conhecedor dos problemas sociais que afligiam a população na época, soube resolvê-los com moderação e alto critério.
Teve alguns atritos com pessoas influentes na política, mas sem maiores conseqüências.
Certo dia, quando se encontrava à porta de uma casa de diversões, foi agredido a bengaladas por conhecido moço do alto comércio local. Essa
ocorrência teve larga divulgação na cidade, tornando-se o comentário obrigatório durante vários dias. O dr. Raul Vicente pediu demissão em
1907, sendo substituído, ao que parece, pelo dr. Paulo Passalacqua, hábil
causídico, hoje desembargador aposentado. Sua administração foi eficiente. Embora tivesse por vezes de agir com rigor, nunca praticou um ato
arbitrário.
Procurou combater os maus elementos que infestavam a cidade, fazendo contínuas
incursões pelos bairros afastados, onde se acoitavam larápios, vadios e desordeiros da pior espécie. Nessa época foi assassinado, num comício
político, o carcereiro da Cadeia Pública. Deixou o cargo por divergências com o partido dominante, em
1908, ficando em seu lugar o sr. Palemom Cândido Gomes, figura acatada nos
meios políticos e sociais. Em março desse ano, o governo do Estado criava a polícia de carreira, sendo então nomeado delegado regional de Santos o
dr. Antônio Bias Bueno, bacharel recém-formado, descendente de ilustre família paulista. Foi a autoridade policial que mais tempo se manteve na
direção da polícia santista e a quem a cidade deveu valiosos serviços.
Meses após ter assumido o cargo, irrompeu a greve dos operários da Cia. Docas, uma das
mais sérias que se registraram em nossa cidade. Graves conflitos surgiram entre a polícia e os grevistas, os quais, exaltados, trouxeram a população
em desassossego por vários dias. Finalmente, graças à ação enérgica e por vezes temerária do dr. Bias Bueno, foi sufocado o movimento grevista que
ameaçava alastrar-se.
No mesmo ano ocorreu o célebre "Crime da Mala", praticado pelo sírio Miguel
Trade. Matando, na capital, seu patrício Elias Farah, Miguel Trade mutilou o cadáver, colocou-o numa mala, que transportou para Santos, conseguindo
embarcá-la no navio francês Cordilliére. Em viagem, quando procurava desfazer-se da trágica carga, tentando atirá-la ao mar, foi surpreendido
por tripulantes do navio. Esse hediondo crime teve larga repercussão em todo o país.
Miguel Trade, segundo ficou apurado mais tarde, matou o patrício para poder
consorciar-se com a esposa deste, Carolina Farah, de nacionalidade italiana, considerada cúmplice no brutal homicídio.
Outro fato sensacional ocorrido na gestão do dr. Bias Bueno foi a evasão de 10 presos
da Cadeia Pública. Esses detentos, todos condenados, arrombaram o teto do presídio e, por meio de lençóis ligados uns aos outros, conseguiram ganhar
a rua, fugindo pelos lados da Santa Casa. Dias após, por uma caravana policial, chefiada pelo inspetor Olívio de Freitas, foram presos nas matas da
Bertioga nove desses presidiários evadidos. O faltante, Júlio Branco, condenado a 24 anos de prisão celular, foi preso anos depois no Rio Grande do
Sul, na cidade de Pelotas.
Em 1912, o dr. Bias Bueno partiu para a Europa, em viagem de recreio, sendo
substituído pelo dr. Otávio Ferreira Alves, então delegado na capital. A ação dessa experimentada autoridade em Santos também foi profícua. Durante
sua gestão, ocorreram fatos dignos de registro, dentre os quais podemos recordar o fracassado assalto ao River Plate Bank, na Rua 15 de Novembro. Os
ratoneiros já estavam no interior daquele estabelecimento de crédito e pretendiam abrir, por meio de um aparelho de oxigênio, um cofre onde existiam
cinco milhões de cruzeiros, quando foram surpreendidos e presos.
Outro caso sensacional ocorrido nessa época foi a prisão agitada do estelionatário
Américo da Rocha Sampaio. Américo, falsificando um cheque da firma Niocac e Cia., no valor de 25 mil cruzeiros, conseguiu receber essa importância
com a ajuda de seu amigo Manoel Lopes, fugindo, em seguida, para o Cubatão, onde a polícia o foi procurar.
Vendo-se perdido, reagiu à prisão, ferindo gravemente a tiro de revólver o inspetor Olívio de Freitas, que chefiava a caravana policial. Esse
inspetor, que ainda hoje presta serviços à polícia de Santos, esteve no hospital da Santa Casa durante 45 dias.
O dr. Bias Bueno abandonou a carreira policial em
1918, sendo seu substituto o dr. Ibrahim de Almeida Nobre, outra autoridade a
quem Santos deve inestimáveis serviços.
O dr. Ibrahim Nobre enfrentou situações difíceis, inclusive várias greves, sendo que a
de maior proporção foi a dos empregados da Cia. City. Nessa ocasião, chefiando pessoalmente uma caravana policial, que se
encaminhava à estação de bondes na Vila Matias para reprimir a ação destruidora dos grevistas,
foi recebido a tiros, tendo uma bala lhe arrancado o alfinete de gravata. Sem recuar, a destemerosa autoridade dominou os agitadores, prendendo os
principais cabeças e debelando, assim, o movimento.
Outro fato de grande repercussão na cidade foi a morte do sr. Ascelino Dantas, chefe
do tráfego da Cia. Docas. Nessa época, os operários daquela empresa portuária estavam em greve. Viajava aquele
senhor, juntamente com um filhinho de quatro anos de idade, num bonde da linha Paquetá, de regresso ao lar, quando foi atacado a tiros no
interior do veículo pelo grevista Miguel de Sousa, auxiliado na criminosa empresa pelos comparsas, Antônio Braga, Antônio Monteiro e Joaquim José
Alves, este presidente do Centro dos Estivadores.
Os assassinos foram condenados pelo júri local, à pena máxima. Esse crime ecoou
dolorosamente em toda a cidade. Empregados da Cia. Docas, não solidários com os grevistas e revoltados com a brutal cena de sangue, depois do
enterro do sr. Ascelino Dantas, atacaram a sede da sociedade dos estivadores, situada, naquela época, na Praça Antônio Teles.
Houve depredações e o incidente não teve maiores conseqüências devido à pronta intervenção da polícia.
Outro crime de profunda repercussão na cidade, ocorreu, àquela época, no morro de São
Bento. Um ensacador de café da firma Teodor Wille e Cia., num momento de exaltação, abateu a golpes de machadinha sua própria esposa, sendo preso
horas depois pelos inspetores de polícia Olívio de Freitas e Deolindo Prado. Levado, mais tarde, à barra do Tribunal do Júri, foi condenado a 30
anos de prisão celular.
Também despertou interesse na cidade a prisão do mais hábil e elegante larápio que até
então havia pisado em nossa terra. Eduardo Abali, por alcunha o "Rei dos ladrões". Figura insinuante, falando vários idiomas, tinha
facilidade de transformar-se. Vestia trajes femininos com tal perfeição que dificilmente seria reconhecido como não pertencendo ao sexo frágil.
Agia, de preferência, nos hotéis, e tinha por hábito narcotizar suas vítimas.
Antes da sua detenção, praticara vultoso roubo na Rotisserie Sportman, hotel de luxo,
que existiu no lugar onde hoje se ergue a agência do Banco do Brasil. Dias após estar recolhido à Cadeia, fugiu, mas foi recapturado e ferido a
tiros nessa ocasião.
O célebre crime do restaurante Quaglia, no Alto da Serra, também ocorreu nessa época.
Durante a madrugada, um casal de italianos, donos do estabelecimento, foi assassinado e roubado em 14 mil cruzeiros, todo o dinheiro que guardava
consigo. Depois de demoradas investigações, o dr. Ibrahim Nobre conseguiu identificar os criminosos, prendendo um deles, o indivíduo Clemente
Ferreira, mais conhecido pela alcunha de "Dente de ouro". O outro, Adriano de tal, foi preso muitos anos depois no Estado do Rio de Janeiro,
onde se instalara e já possuía avultada fortuna. Foi detido quando pretendia obter uma carteira de motorista amador. Adriano já estava convicto de
que seu bárbaro crime passaria impune.
O dr. Ibrahim Nobre afastou-se da Polícia devido a um incidente lamentável, provocado
por um subdelegado de Polícia. Foi no ano de 1922. Chegavam a esta cidade os heróicos aviadores portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho, os
quais, pilotando frágil avião, uniram, pelo ar, Portugal e Brasil. O povo fremia nas ruas da cidade, em delirantes aclamações aos dois bravos
aeronautas lusos, autores de um feito glorioso que jamais se apagará da história.
Em frente à Câmara Municipal, que naquela época estava instalada à
Praça Monte Alegre, compacta massa de povo ali estacionava, pois o governador da cidade iria oferecer uma recepção em
honra aos intrépidos aviadores portugueses. Em dado momento, ante a estupefação geral, por ordem do subdelegado, um esquadrão de cavalaria, de
espadas desembainhadas, investiu contra o povo. Foi uma cena selvagem, que empanou o brilho daquela inesquecível festa de civismo.
1922 - O dr. Ibrahim Nobre foi substituído pelo dr. Coriolano de Araújo Góis,
autoridade que já havia exercido o cargo de delegado em várias cidades do interior do Estado. Logo que assumiu suas funções, iniciou severa campanha
contra o "jogo do bicho" e, a seguir, contra os vendedores de tóxicos que, nessa época, infestavam a cidade.
Na sua gestão, foram presos em Santos os autores de um bárbaro crime ocorrido em
Montevidéu, no bairro de Rampla Wilson, onde uma jovem doméstica fora degolada e, a seguir, atirada na via pública. Os autores do brutal crime foram
detidos numa casa de cômodos situada à Rua da Constituição. Tratava-se de um casal.
Até hoje não se soube com precisão a origem do desumano assassinato. Os criminosos
foram conduzidos ao seu país de origem, pelos investigadores da polícia local, Carlos Hummel, André Caetano e o escrevente Pedro Neves.
Mais ou menos nessa ocasião, o larápio Davi de Sousa, num golpe audaz e feliz,
subtraiu de uma joalheira da Rua General Câmara, de propriedade do sr. Francelino Horta, jóias de grande valor. Três dias
depois, o perigoso gatuno era preso pelo inspetor desta cidade, José Ferreira Porto, na estação de Mogi das Cruzes, tendo em seu poder as jóias
furtadas.
Em julho de 1922, estalou uma revolução no Rio de Janeiro. O dr. Coriolano de Góis
teve ação eficiente, prendendo nesta cidade vários elementos de ligação com os principais chefes da rebelião.
Em 1924, outra intentona rebentou em nosso Estado. E mais uma vez, a operosa
autoridade prestou relevantes serviços à legalidade, efetuando prisões de elementos suspeitos e tomando outras medidas preventivas. Foi tal a sua
ação eficiente que, dois depois (N.E.: SIC), foi convidado pelo presidente da República
para exercer o cargo de chefe da Polícia do Distrito Federal. Foi seu comissário o dr. Washington de Almeida.
Projeto do Palácio da Polícia, cuja pedra fundamental já foi lançada
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1925 - Assumiu o cargo de delegado regional de polícia de Santos o dr. Armando
Ferreira da Rosa, sendo delegado da 1ª circunscrição policial o dr. Manoel Vieira de Campos e da 2ª circunscrição o dr. Jordão de Magalhães.
Autoridade experimentada, com largo tirocínio policial, exercera na capital a
Delegacia Especializada de Vigilância e Capturas, sua ação nesta cidade foi proveitosa. Localizou o meretrício, fechando os lupanares que se
espalhavam pelas ruas centrais da cidade. Combateu o jogo, fechando alguns cassinos, inclusive o Cassino Miramar, naquela
época o mais luxuoso da cidade, que existia no Boqueirão, no prédio onde hoje está instalado o quartel do 6º B.C. da
Força Policial.
Nessa época, registraram-se vários fatos de sensação, dentre os quais podemos citar o
crime de José Pistone, o cruel matador de Maria Féa. Estrangulando sua vítima num quarto de hotel da capital, mutilou o
cadáver, colocando-o numa mala. A seguir rumou para esta cidade e embarcou o tétrico volume no paquete francês Massilia, atracado no armazém
n. 16, e que seguia para a Europa. Quando a mala era carregada para um dos porões, o horrível fétido que dela exalava intrigou os estivadores,
tripulantes e o agente Castro, da Polícia Marítima.
Esse crime, pela maneira hedionda como foi praticado, teve larga repercussão em todo o
país. José Pistone, julgado na capital, foi condenado à pena máxima e ainda se encontra cumprindo a sentença na Penitenciária do Estado. Maria Féa
foi enterrada nesta cidade, na necrópole do Saboó, sendo seu túmulo visitado todos os anos, no dia de Finados, por
vultoso número de pessoas, que lhe atribuem dons miraculosos.
O desmoronamento parcial do Monte
Serrate, pavoroso desastre, no qual perderam a vida centenas de pessoas, também ocorreu na gestão do dr. Ferreira da Rosa. Essa autoridade
redobrou de esforços para salvar o maior número possível de vítimas.
O dr. Armando Ferreira da Rosa, que trouxe para Santos a Guarda Civil, permaneceu na
polícia desta cidade até o ano de 1929, quando foi convidado pelo governo Júlio Prestes para o alto cargo de chefe de Polícia de S. Paulo. Foi
comissário de polícia nessa época o dr. Gilberto de Andrada e Silva.
Foi seu substituto o dr. Aguinaldo de Araújo Góis. Sua permanência à frente dos
serviços policiais da cidade foi curta, pois meses após ter assumido o cargo, irrompeu a vitoriosa revolução de 1930, em
conseqüência da qual houve radical transformação em todos os setores governamentais. Assim mesmo, durante sua gestão, o dr. Aguinaldo de Araújo Góis
criou a Guarda Noturna oficiosa, fiscalizada pela Delegacia Regional de Polícia.
1930 - Devido à situação anormal que o país atravessava, foram inúmeros os
delegados de polícia que, nesse período, passaram por Santos. O primeiro delegado logo após a revolução foi o capitão do Exército Ciro Nole Ataíde,
hoje coronel. A seguir, o dr. José Amazonas, que permaneceu no posto durante 40 dias, sendo substituído pelo tenente Hélio Cristovão Pires. Depois
assumiu a Delegacia de Polícia o coronel Cícero Costard. E assim, sucessivamente, foram delegados regionais de Santos os srs. Alberto Parente e cap.
Heitor Bianco de Almeida Pedroso, este exercendo o cargo por duas vezes, e o dr. Manoel Vieira de Campos, a mais antiga autoridade policial da
cidade.
1932 - Irrompeu a Revolução Constitucionalista. Era
delegado regional desta cidade o dr. João Clímaco Pereira, e respectivamente 1º e 2º delegados os drs. Delduque Garcia e Félix Pacheco. Depois de
terminada a rebelião, assumiu, interinamente, a direção da Polícia, o tenente Nascimento, do Forte do Itaipu.
Regularizada a situação, era nomeado delegado regional o dr. Vicente Tramonte Garcia, que três meses depois era substituído pelo dr. Ulisses Luna,
que também pouco se demorou na chefia dos serviços policiais da cidade, sendo substituído pelo dr. Eduardo Tavares Carmo, então 2º delegado de
polícia nesta cidade.
O dr. Tavares Carmo, que permaneceu na polícia de Santos durante cerca de oito anos,
tendo exercido, em caráter interino, por três vezes, a Delegacia Regional, foi uma autoridade que conseguiu granjear a simpatia da população, pela
maneira criteriosa, honesta e reta com que sabia exercer suas funções. Quando deixou o cargo, sendo promovido para S. Paulo, recebeu da imprensa
santista significativa homenagem, que consistiu num almoço que os jornalistas locais lhe ofereceram no Restaurante Boêmio. Foi até hoje a única
autoridade homenageada pela imprensa desta cidade.
1934
- Era nomeado delegado regional de Santos o dr. Pedro Alcântara Carvalho de Oliveira. Exerceu aquele cargo por duas vezes. No primeiro período,
esteve à frente dos serviços policiais durante cerca de um ano, sendo substituído pelo dr. Jordão de Magalhães, então 1º delegado, e que também
exerceu, durante algum tempo, o cargo de delegado regional.
No segundo período de sua gestão, o dr. Pedro Alcântara permaneceu no posto cerca de
três anos, sendo substituído pelo dr. Aguinaldo de Araújo Góis, que, afastado da polícia oito anos, restornava ao seu antigo cargo, que deixara em
conseqüência da Revolução de 1930.
Ao dr. Aguinaldo deve Santos a instalação dos serviços de Rádio Patrulha, prestimosa
corporação, que relevantes serviços tem prestado à cidade. Meses depois, o dr. Aguinaldo era nomeado diretor de Trânsito do Estado de S. Paulo.
1940 - Assumiu a Delegacia Regional de Santos o dr. Luiz Gonzaga Mendes de
Almeida, já falecido. Moço culto, ponderado e honesto, soube dirigir a polícia de Santos com acerto. Permaneceu no cargo cerca de dois anos. Atacado
de insidiosa moléstia, foi forçado a retirar-se da cidade, sendo substituído interinamente pelo dr. Manoel Ribeiro da Cruz, que já há alguns anos
vinha exercendo com proficiência o cargo de 1º delegado de polícia, e que também deixou nesta cidade largo círculo de amizades.
Era nomeado para delegado regional de polícia o dr. Delduque Garcia, autoridade que,
pela segunda vez, vinha dirigir a polícia de Santos. Muito embora curta, a gestão do dr. Delduque Garcia caracterizou-se por apreciáveis serviços em
prol da população. Criou o plantão permanente na Central de Polícia, medida há muito desejada. Enfim, a passagem da experiente autoridade por Santos
ficou assinalada de maneira elogiável.
Durante esse longo período, ocorreram em Santos vários crimes que despertaram a
atenção popular. Dentre eles é digno de registro o praticado por José Bueno. Esse indivíduo, tomado de ciúmes, na noite da festa de suas núpcias,
assassinou o sogro, um cunhado e o padrinho do seu casamento. Levado à barra do Tribunal do Júri, foi condenado a 90 anos de prisão, caso inédito na
cidade.
Certo dia, quando se encontrava na cadeia local, aguardando vaga na Penitenciária, com
uma faca de mesa que conseguira ocultar dos guardas do presídio, feriu gravemente o carcereiro Augusto Monteiro e mais dois companheiros de cárcere.
José Bueno encontra-se hoje no Manicômio Judiciário. Funcionou no inquérito policial o dr. Hermenegildo Corrêa de Andrade, então 2º delegado de
polícia nesta cidade.
Em 1942, a Delegacia Regional de Santos passava a ser Delegacia Auxiliar.
Dr. Afonso Celso, superintendente dos serviços policiais da cidade
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1944 - Encontra-se na superintendência dos serviços policiais da cidade uma
figura de alta projeção na Polícia do Estado, o dr. Afonso Celso de Paula Lima. Descendente de tradicional e nobre família brasileira, o dr. Afonso
Celso, antes de sua personalidade policial que todos respeitam e estimam, é o diplomata que, com moderação e lhaneza de trato, sabe resolver os
fatos mais emaranhados dependentes de sua solução.
Dotado de sólida cultura, temperamento afetivo, coração fidalgo e generoso, está
sempre à frente de iniciativas filantrópicas que visem minorar o sofrimento dos desprotegidos da fortuna. Pratica a caridade sem alarde, sendo
protetor anônimo de muitos lares, onde a pobreza impera.
Enérgico e por vezes intransigente no cumprimento do dever, é incansável na vigilância
que mantém pela manutenção da ordem pública.
Logo que chegou a Santos, ficou alarmado com o número de pedintes que havia nas ruas
da cidade e ofereciam aos forasteiros aspecto desolador. Resolveu, de pronto, sanar a grave anomalia. Entrando em entendimento com a filantrópica
Sociedade de São Vicente de Paula, fundou o "Abrigo dos Mendigos", onde são recolhidos aqueles que, verdadeiramente necessitados, estendiam a mão à
caridade. Aos falsos pedintes, aqueles que exploravam a rendosa "indústria da esmola", deu-lhes destino conveniente, processando uns,
encarcerando outros. Hoje, dificilmente se encontra na vida pública uma criatura andrajosa, de mau aspecto, implorando uma espórtula ao viandante.
É justo ressaltar que nada de vulto tem ocorrido durante a gestão do dr. Afonso Celso.
Numa cidade como a nossa, em black-out permanente (N.E.: devido a estar em curso a Segunda Guerra Mundial),
não se registram assaltos, nem atentados à propriedade, e essa situação de tranqüilidade demonstra que nossa polícia está ativa e vigilante. É bem
verdade que o dr. Afonso Celso conta com auxiliares dedicados e operosos, que muito contribuem para o completo êxito de sua administração.
A autoridade em atividade mais antiga da cidade é o dr. Nelson da Veiga. Veio para
Santos na gestão do dr. Luiz Mendes, como inspetor de Trânsito, cargo que desempenhou a contento geral. Depois foi nomeado delegado de Ordem
Política e Social, onde ainda se encontra. Autoridade zelosa, dedicada e inteligente, introduziu melhoramentos na repartição que dirige, tudo com o
fito de bem servir ao público. Sempre vigilante, não consentiu que os inimigos de nossa pátria agissem na cidade.
Dr. Nelson da Veiga, delegado de Ordem Política
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A seguir vem o dr. Joaquim Marcondes Camargo, que hoje acumula a 1ª e a 2ª Delegacia
de Polícia. Autoridade experiente, dotada de invulgar sagacidade, inteligente e honesta, tem prestado à cidade ótimos serviços no combate que
permanentemente mantém contra os maus elementos que a infestam.
Dirigindo há muito tempo a delegacia incumbida da repressão aos furtos e roubos, por
mais de uma vez fez valer seu tato policial, desvendando com relativa facilidade e presteza roubos aparentemente misteriosos. Ainda há pouco tempo,
hábil ratoneiro praticara uma série apreciável de roubos. Verdadeiro profissional do crime, não deixava vestígios de sua passagem. O dr. Camargo,
após demoradas investigações, conseguiu identificá-lo e, finalmente, prendê-lo. Esse larápio, que tem o vulgo de "Bombeirinho", autor de
cerca de 20 roubos, foi condenado a oito anos de prisão celular. O dr. Marcondes Camargo é, sem favor, uma das ótimas autoridades policiais que têm
passado por Santos.
O dr. Leonel Ferreira de Sousa veio para Santos com o dr. Afonso Celso, como delegado
adjunto, depois de percorrer, como autoridade policial, inúmeras cidades do nosso Estado. Iniciando-se muito jovem na carreira policial, revelou-se
desde logo autoridade de altos méritos, deixando pelos lugares por onde passou traços marcantes e sua inteligência. Hoje exerce o cargo de delegado
de Trânsito e Acidentes e vem imprimindo, à nova repartição que dirige, melhoramentos de vulto.
Conseguiu, não sem grande esforço, a sinalização da cidade e já formou um pelotão de
guardas de trânsito, ainda, infelizmente, em número reduzido. É de se esperar, entretanto, do dinamismo da diligente autoridade que, dentro em
breve, o tráfego em Santos esteja completamente regularizado.
Ocupa hoje o cargo de delegado adjunto o dr. Adail Ari de Oliveira, que, além de
autoridade policial, já milita na imprensa. Conhecedor das coisas da polícia, o dr. Adail tem evidenciado, por vários motivos, sua figura de
autoridade criteriosa e justiceira.
Encontra-se na direção da polícia do Guarujá o
dr. Almeida Morais, das mais antigas autoridades policiais do Estado. Sua ação naquela estância balneária tem sido serena, motivo por que se tornou
ali bastante estimado.
Dirige, com notável acerto, a delegacia de polícia de São
Vicente o dr. Francisco José da Nova. Moço de grandes predicados, culto, temperamento ponderado, conseguiu granjear a simpatia da população da
vizinha cidade, pela maneira criteriosa com que desempenha suas árduas funções.
Dr. Adail Ari de Oliveira, delegado adjunto
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Polícia marítima - A Polícia Marítima foi criada elo decreto n. 121, de 29 de
outubro de 1892, do Governo do Estado, sendo nomeado oficial externo - cargo equivalente hoje ao de inspetor - o capitão Lorena. Em 1906, o cap.
Lorena solicitou reforma, sendo nomeado para substituí-lo o cidadão João Batista Rost, que exerceu o cargo até 12 de abril de 1916. Foi seu
substituto o sr. Antonio Bernardo da Costa, aposentado em 1922.
Para seu lugar foi nomeado, já então no cargo de inspetor, o major Vitor Vieira
Barbosa, que tinha como sub-inspetor o major Joaquim Soares Medusa. Em 1936, no mês de agosto, o major Vieira Barbosa solicitava
aposentadoria, sendo substituído, em comissão, pelo major Júlio Cesar de Toledo Murat, cargo que exerceu até dezembro de 1936.
Nessa época, foi nomeado inspetor da Polícia Marítima o bacharel Nicolino Primavera
Amato, exonerado em 1938, voltando a ocupar o cargo, como acertada medida de justiça, o maior Júlio Cesar de Toledo Murat. Em 27 de março de 1940,
vítima de lamentável desastre de automóvel, faleceu o major Toledo Murat, cidadão culto, possuidor de um coração magnânimo, motivo por que era
grandemente estimado em toda a cidade, que sentiu profundamente o seu passamento.
Em abril de 1940, foi nomeado inspetor-chefe da Polícia Marítima o sr. José Joaquim da
Cruz Seco, que ainda se encontra na direção daquele importante departamento da nossa polícia. Sua ação à frente daquela repartição tem sido
proveitosa. Mantendo severa vigilância em toda a orla marinha, já prestou relevantes serviços à Delegacia de Ordem Política, detendo elementos
suspeitos, "quinta-colunas" perigosos.
São seus auxiliares imediatos os sub-inspetores Valdemar Dias Martins, que pertence à
Polícia Marítima desde 1921, Antonio Pinheiro Lima e o 1º escriturário Haroldo Zacrison.
Rádio Patrulha - Dirige a Rádio Patrulha nesta cidade, desde sua fundação, o
dr. Pedro Freire Gomes, moço de reais méritos morais e intelectuais. Grande amigo da imprensa, dotado de coração bondoso, jovial e temperamento
moderado, granjeou na cidade vasto círculo de amizades.
Dirigindo com carinho paternal a Rádio Patrulha, procura tornar sua repartição cada
vez mais útil ao público. De fato, são inúmeros os serviços prestados por essa corporação à coletividade. Agindo com presteza, não só tem evitado
vários crimes, como levado à presença da Justiça inúmeros delinqüentes.
Dr. Marcondes Camargo, 2º delegado
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Gabinete Médico-Legal
- Chefia há longos anos o Gabinete Médico-Legal o dr. Roberto Catunda, conceituado facultativo nesta cidade, onde desfruta de geral estima. São seus
auxiliares os drs. Hugo Santos Silva e Plínio Brandão de Camargo, ambos médicos que gozam de grande consideração na cidade.
Polícia Técnica
- A Polícia Técnica foi instalada em Santos em 1933, quando exercia o cargo de delegado regional de polícia o cap. Heitor Bianco Pedroso. O dr.
Brito Alvarenga foi o primeiro chefe dessa útil repartição policial, que valiosos auxílios tem prestado à causa da Justiça, deixando o cargo por ter
sido nomeado diretor da Polícia Técnica da capital, sendo seu substituto o dr. Roberto Molina Cintra.
Hoje encontram-se como peritos da Polícia Técnica os drs. Luiz Gonzaga Alvarenga e
Manoel Paulino.
Guarda Civil - No dia 2 de maio de 1930, instalava-se nesta cidade o primeiro
destacamento da Guarda Civil, comandado pelo inspetor Sizenando Arouca, o qual ficou sediado num prédio da Rua Comendador Martins, onde hoje se
encontra a Rádio Patrulha.
São inumeráveis os serviços prestados por essa disciplinada corporação à nossa cidade,
que já se habituou a admirá-la.
Comandaram o destacamento da Guarda Civil em Santos, em diferentes épocas, mais os
seguintes inspetores-chefes: Sebastião de Campos Aranha, Albino Moledo Almeida, Jovino Dias de Almeida, Guilherme Soterau, Francisco Pereira Mota
Filho, Rubens Daneker, Ciro Fontes de Godói, Júlio Bicudo Filho, João Franco das Neves, Alberto Alves da Silva e Genésio de Carvalho Vilar.
É seu atual comandante o inspetor-chefe Pedro Gracia y Gracia, moço de esmerada
educação, enérgico, que já se fez credor da estima de seus subalternos e daqueles que com ele privam, pela sua conduta irrepreensível. |