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Imagem: Indicador Santense 1912
Instrução em Santos
É bastante animador o desenvolvimento da instrução primária e secundária neste município; e fazendo justiça se deve reconhecer que a municipalidade tem concorrido muito para difundir e
melhorar este importante ramo da administração pública. As casas de ensino, há uns dez anos mais ou menos, eram apenas de curso primário: escolas isoladas do Estado, em pequeno número, algumas municipais e outras particulares. Convencidos devem
estar, todos os que residem nesta cidade, de que se a nossa instrução ainda se ressente de faltas, todavia muitos bons serviços prestam hoje os estabelecimentos que conta o município.
Damos neste anuário uma relação pela qual verá o leitor o número de casas de ensino em funcionamento. A relação a que nos referimos é completa quanto aos institutos de caráter oficial e
nela incluímos também alguns fundados e mantidos pela iniciativa particular.
Para melhorar as escolas isoladas do Estado quanto a instalações, seria preciso que o governo, por uma lei, mesmo de exceção, aumentasse os vencimentos dos professores pelas razões
seguintes: é caríssima a vida em Santos, e uma das coias que mais custam são as casas de aluguel. Ora, dar a um professor duzentos e poucos mil réis mensais, obrigando-o ao aluguel de uma casa em que exista uma sala com os requisitos determinados
no regulamento, é exigir o impossível. Além do pesado aluguel, pois uma casa em condições não custará mensalmente menos de 250$000, o funcionário, pela posição social, ainda é obrigado a despesas que ultrapassam muito o vencimento.
Os dois grupos escolares do Estado - "Dr. Cesário Bastos" e "Barnabé" - estão sempre com a lotação completa, o que impede os diretores de aceitar os pedidos de lugares que recebem.
Grande serviço à infância prestaria o governo se mandasse com urgência construir os dois prédios projetados para os grupos escolares de Vila Macuco e Vila Mathias, arrabaldes importantes e nos
quais existe grande população escolar. Construídos os dois prédios, poderia o governo neles reunir as escolas isoladas, corrigindo assim a falta que apontamos: más instalações.
As escolas municipais, isoladas, principalmente as de arrabaldes, funcionam em salas que deixam muito a desejar quanto ao conforto dos alunos, e sabemos que o atual inspetor, o ilustre
lente sr. Delfino Stockler de Lima, em relatório apresentado ao sr. Prefeito, já aventou a idéia da construção de pavilhões escolares, neles funcionando duas sessões: uma pela manhã e outra à tarde. Certo estamos de que a Câmara ainda fará em
realidade esta idéia, que muito melhorará as escolas mantidas na cidade e nos arrabaldes.
Um dos estabelecimentos de curso secundário que possuímos, fundado há quatro anos pela Câmara, e que reais serviços está prestando à mocidade santense, é a
Academia de Comércio, sob a direção do ilustrado dr. Adolpho Porchat de Assis, que tem desempenhado com dedicação inexcedível os seus deveres, fazendo-a prosperar a bem da mocidade estudiosa. A congregação fundou e
mantém anexo á Academia o Ginásio José Bonifácio que, se até agora prestava tais serviços, de agora em diante mais útil se torna aos candidatos à matrícula nos cursos de Direito, Engenharia etc., que necessitam o preparo
para o exame de admissão, segundo exige a Lei Orgânica do Ensino.
O que temos hoje em matéria de instrução pública, conquistamos num período apenas de dez anos, e é claro que um belo futuro devemos esperar, desde que em tão importante ramo de
administração continuem a se empenhar os dirigentes do Município. Para a construção dos prédios escolares de Vila Macuco e Vila Mathias, já a nossa Câmara ofereceu ao Governo os terrenos precisos e esperamos em breve mais este melhoramento que se
torna de urgente necessidade.
Uma grande e justa aspiração de Santos é que o governo do Estado instale aqui uma Escola Normal, e não é exagerada inspiração, porquanto cidade de muito
menos importância do que esta já tem estabelecimentos desta natureza. Uma Escola Normal em Santos prestaria serviços ao Município e a toda a importante zona marítima do Estado. Fundando nesta cidade uma escola Normal e construindo os dois prédios
projetados, o Governo faria obra valorosa e de justiça, pois Santos tem sido e continuará a ser sempre um dos maiores fatores do progresso de S. Paulo, como segundo porto que é do Brasil.
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