Companhias, Sociedades, Instituições, Cultos e Associações em geral
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Corpo de Bombeiros de Santos (o comandante Sulzer e auxiliares)
Imagem: Indicador Santense 1912
Corpo Municipal de Bombeiros
É incontestável que o Corpo de Bombeiros desta cidade vem desempenhando serviços de importância ao comércio e à população santenses. Depois da reorganização que
lhe foi dada pelo sr. capitão Gustavo Sulzer, obedecendo a determinação de ordem superior, tornou-se uma corporação útil e prestante.
Parece que diante disso é intenção da Municipalidade adotar material moderno mais apropriado para o desempenho que é destinado a essa corporação.
Sua atual organização é a seguinte:
Estado-maior - capitão-comandante, sr. Gustavo Sulzer; tenente-fiscal, sr. Gino Marques; alferes-secretário, sr. Ary Cruz; alferes-quartel-mestre, sr. Antonio João Maurício;
alferes-regente da banda, sr. Patrício Adriano Soares.
Estado-menor - 1 sargento ajudante, 1 sargento quartel-mestre, 1 contramestre da banda de música, 10 músicos de 1ª classe, 10 músicos de 2ª classe, 15 músicos de 3ª classe, 1
corneteiro-mor, 1 mestre correeiro, 1 mestre pintor, 1 mestre ferreiro, 1 mestre ferrador, 1 mestre cocheiro, 1 maquinista de 1ª classe, 1 maquinista de 2ª classe, 1 foguista de 1ª classe, 1 foguista de 2ª classe.
Companhia - alferes comandante da companhia, sr. José Nery Costa; 1 1º sargento, 2 segundos sargentos, 1 furriel, 4 cabos de esquadra, 15 condutores, 40 bombeiros, 2 corneteiros.
Total, 121 homens.
O estado-maior e o estado-menor do corpo fazem parte também da companhia, a qual divide-se em duas seções.
Material rodante - Possui o corpo de bombeiros o seguinte: 2 bombas a vapor, tendo uma a capacidade de 2.000 litros de água por minutos e outra de 750, dos fabricantes Shand Mason
& C. e Merryweather & Sons, de Londres; 2 carros automáticos de mangueira Merryweather; 2 carros para transporte de pessoal; 1 carro para ferramentas; 1 carro pipa d'água e carvão; 1 carro escada Magyrus, com 18 metros de altura, giratória, também
do fabricante Merryweather; 1 carro para transporte de oficiais; 1 carro Victoria para o comando; 2 carros ambulâncias e finalmente uma bomba manual.
Corpo de Bombeiros de Santos (prontidão para incêndio)
Imagem: Indicador Santense 1912
Serviço diário - Primeira prontidão - Diariamente, às 9 horas da manhã, entram em serviço para fogo: 1 oficial d'estado, 1 inferior de dia auxiliar daquele, uma guarda do quartel
comandada por um inferior ou cabo, 8 condutores, uma seção de bombeiros e 8 parelhas de muares para os 8 carros de que se forma a primeira prontidão para fogo.
Os carros que compõem a prontidão acima são: 1 bomba a vapor, 1 carro de mangueiras com 500 metros de dita, 1 carro de transporte de pessoal que leva também 150 metros de mangueiras,
escadas prolongáveis, de assalto, aparelhos de registro, baldes, esguichos, aparelhos de salvação; 1 carro com ferramentas para o trabalho de rescaldo, como sejam: pás, picaretas, machados, alavancas; 1 carro pipa d'água que também traz carvão para
o abastecimento da bomba a vapor; 1 carro escada Magyrus; 1 carro de transporte de oficiais e o carro do comando.
A seção de bombeiros é dividida em guarnições, tocando a cada guarnição e a cada bombeiro uma obrigação definida.
As guarnições que compõem a primeira prontidão para fogo são: a da bomba a vapor, 7 bombeiros; carro de mangueiras, 3 bombeiros; registro, 3 bombeiros; escada Magyrus, 3 bombeiros;
escada de assalto, 3 bombeiros, e uma guarnição especial sem número certo de bombeiros, a qual varia conforme o número do pessoal pronto; entram também de serviço 2 corneteiros.
Esse pessoal conserva-se durante 24 horas de serviço uniformizado e armado, não lhes sendo permitido sequer tirar o calçado durante a noite; ficam também de prontidão às 8 parelhas de
animais que se conservam arreadas e preparadas para o primeiro alarme de fogo.
Além do pessoal acima que compõe a primeira prontidão, correm mais para fogo o comandante e os demais oficiais, indo os respectivos carros buscá-los.
Serviço interno - Durante as 24 horas de serviço no quartel, também a cada bombeiro está determinado um serviço, como seja: sentinelas, faxinas do quartel, do material, instrução
etc.
Aviso de incêndio - Os avisos de incêndio são recebidos pelo oficial de serviço ou pelo sargento escalado de dia ao aparelho telefônico, conservando-se o oficial durante o dia
próximo ao aparelho e durante a noite é substituído de duas em duas horas.
O corpo já possui 20 caixas de avisos de incêndio, dependendo apenas de colocação nos diversos pontos da cidade.
A instalação dos avisos de incêndio é de grande utilidade e o sr. prefeito em breve resolverá este assunto.
Segunda prontidão - Logo que sai o trem de incêndio de 1ª prontidão, os bombeiros que estão de folga recolhem-se imediatamente ao quartel, procuram organizar sem perda de tempo a
2ª prontidão, arreando parelhas e formando guarnições, não só para atender a um pedido de socorro à primeira prontidão, como também para acudir a um novo sinistro.
Escrituração - A escrituração é organizada em tudo de acordo com a do Corpo de Bombeiros da Força Pública do Estado, tendo as seguintes repartições:
Secretaria - afeta ao sr. alferes Ary Cruz, secretário, o qual tem como auxiliar um sargento amanuense.
Casa da Ordem - afeta ao sr. sargento ajudante Antonio Del Bagno.
Quartel-mestrado - sobre a direção do sr. alferes quartel-mestre Antonio João Maurício, que tem como auxiliar o sr. sargento quartel-mestre Marcellino da Costa Cruz.
Companhia - dirigida pelo sr. alferes comandante da mesma José Nery Costa, tendo como auxiliares 1 primeiro sargento, 2 segundos e 1 furriel.
Banda de música - sob a direção do sr. alferes regente prof. Patrício Adriano Soares, que tem como auxiliar o sr. contra-mestre Luiz de Nardi, e finalmente a repartição
Fiscal - afeta ao sr. tenente fiscal Gino Marques, a quem estão sujeitas todas as repartições, à exceção da secretaria, que é privativa do comandante.
Banda de música - A banda de música, que é composta de 37 figuras, inclusive o regente e contramestre, ocupa-se unicamente do seu mister, que é: ensaiar 3 horas por dia, dar dois
concertos públicos por semana e demais tocatas que lhe sejam determinadas.
Oficinas - Tem o Corpo as seguintes: de correeiro, pintor, ferreiro e ferrador. Essas oficinas, além de serviços que fazem para a corporação, como sejam: consertos e manufaturas
de arreios, reparos de carros e pintura dos mesmos, fazem também serviços para as demais repartições da Prefeitura.
Instrução - A instrução adotada é a do Corpo de Bombeiros da capital e refere-se ao que diz respeito a bombeiro e escola de soldado, sem armas; observa-se entretanto à risca a
disciplina militar. É ministrada esta instrução pelos oficiais de estado, diariamente.
Socorros públicos - Tem o Corpo de Bombeiros uma seção de Assistência Pública que também conserva prontidão rigorosa como a da seção para incêndio.
Esta seção ainda não está perfeitamente organizada, ressente-se de muitas lacunas, sendo intenção da Prefeitura dar-lhe uma instalação especial sob os
moldes das que existem na Capital do Estado e na Capital Federal.
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A organização que vimos de descrever foi estabelecida no Corpo pelo atual comandante, sr. capitão Gustavo Sulzer, cujo cargo dignamente ocupa desde
1909, época em que reformulou por completo a organização do corpo, mantendo-a com máxima correção, no que é secundado pelos dignos oficiais seus auxiliares.
Corpo de Bombeiros de Santos (em ordem de marcha, exercício de infantaria)
Imagem: Indicador Santense 1912
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