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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1912 - por Laércio Trindade (Indicador Santense)

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Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas Clique aqui para voltar à página inicial do 'Indicador Santense 1912'condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Em 1912, Laércio Trindade era o redator do anuário Indicador Santense, propriedade do "Bureau Central" Agência Central de Negócios, empresa concessionária pela Câmara Municipal, com sede na Praça da República, 16 ("telephone 257, Caixa do Correio 361"). A obra foi impressa na Typ. da "Casa Rembrandt", na Rua 15 de Novembro, 80, Santos. O exemplar, com 620 páginas (entre fotos, anúncios e textos, divididos em seis capítulos e apêndice) foi cedido a Novo Milênio para cópia pelo professor e pesquisador Francisco Carballa.

O texto a seguir integra a 2ª Parte (grafia atualizada):

Companhias, Sociedades, Instituições, Cultos e Associações em geral
[...]


Corpo de Bombeiros de Santos (o comandante Sulzer e auxiliares)
Imagem: Indicador Santense 1912

Corpo Municipal de Bombeiros

É incontestável que o Corpo de Bombeiros desta cidade vem desempenhando serviços de importância ao comércio e à população santenses. Depois da reorganização que lhe foi dada pelo sr. capitão Gustavo Sulzer, obedecendo a determinação de ordem superior, tornou-se uma corporação útil e prestante.

Parece que diante disso é intenção da Municipalidade adotar material moderno mais apropriado para o desempenho que é destinado a essa corporação.

Sua atual organização é a seguinte:

Estado-maior - capitão-comandante, sr. Gustavo Sulzer; tenente-fiscal, sr. Gino Marques; alferes-secretário, sr. Ary Cruz; alferes-quartel-mestre, sr. Antonio João Maurício; alferes-regente da banda, sr. Patrício Adriano Soares.

Estado-menor - 1 sargento ajudante, 1 sargento quartel-mestre, 1 contramestre da banda de música, 10 músicos de 1ª classe, 10 músicos de 2ª classe, 15 músicos de 3ª classe, 1 corneteiro-mor, 1 mestre correeiro, 1 mestre pintor, 1 mestre ferreiro, 1 mestre ferrador, 1 mestre cocheiro, 1 maquinista de 1ª classe, 1 maquinista de 2ª classe, 1 foguista de 1ª classe, 1 foguista de 2ª classe.

Companhia - alferes comandante da companhia, sr. José Nery Costa; 1 1º sargento, 2 segundos sargentos, 1 furriel, 4 cabos de esquadra, 15 condutores, 40 bombeiros, 2 corneteiros.

Total, 121 homens.

O estado-maior e o estado-menor do corpo fazem parte também da companhia, a qual divide-se em duas seções.

Material rodante - Possui o corpo de bombeiros o seguinte: 2 bombas a vapor, tendo uma a capacidade de 2.000 litros de água por minutos e outra de 750, dos fabricantes Shand Mason & C. e Merryweather & Sons, de Londres; 2 carros automáticos de mangueira Merryweather; 2 carros para transporte de pessoal; 1 carro para ferramentas; 1 carro pipa d'água e carvão; 1 carro escada Magyrus, com 18 metros de altura, giratória, também do fabricante Merryweather; 1 carro para transporte de oficiais; 1 carro Victoria para o comando; 2 carros ambulâncias e finalmente uma bomba manual.


Corpo de Bombeiros de Santos (prontidão para incêndio)
Imagem: Indicador Santense 1912

Serviço diário - Primeira prontidão - Diariamente, às 9 horas da manhã, entram em serviço para fogo: 1 oficial d'estado, 1 inferior de dia auxiliar daquele, uma guarda do quartel comandada por um inferior ou cabo, 8 condutores, uma seção de bombeiros e 8 parelhas de muares para os 8 carros de que se forma a primeira prontidão para fogo.

Os carros que compõem a prontidão acima são: 1 bomba a vapor, 1 carro de mangueiras com 500 metros de dita, 1 carro de transporte de pessoal que leva também 150 metros de mangueiras, escadas prolongáveis, de assalto, aparelhos de registro, baldes, esguichos, aparelhos de salvação; 1 carro com ferramentas para o trabalho de rescaldo, como sejam: pás, picaretas, machados, alavancas; 1 carro pipa d'água que também traz carvão para o abastecimento da bomba a vapor; 1 carro escada Magyrus; 1 carro de transporte de oficiais e o carro do comando.

A seção de bombeiros é dividida em guarnições, tocando a cada guarnição e a cada bombeiro uma obrigação definida.

As guarnições que compõem a primeira prontidão para fogo são: a da bomba a vapor, 7 bombeiros; carro de mangueiras, 3 bombeiros; registro, 3 bombeiros; escada Magyrus, 3 bombeiros; escada de assalto, 3 bombeiros, e uma guarnição especial sem número certo de bombeiros, a qual varia conforme o número do pessoal pronto; entram também de serviço 2 corneteiros.

Esse pessoal conserva-se durante 24 horas de serviço uniformizado e armado, não lhes sendo permitido sequer tirar o calçado durante a noite; ficam também de prontidão às 8 parelhas de animais que se conservam arreadas e preparadas para o primeiro alarme de fogo.

Além do pessoal acima que compõe a primeira prontidão, correm mais para fogo o comandante e os demais oficiais, indo os respectivos carros buscá-los.

Serviço interno - Durante as 24 horas de serviço no quartel, também a cada bombeiro está determinado um serviço, como seja: sentinelas, faxinas do quartel, do material, instrução etc.

Aviso de incêndio - Os avisos de incêndio são recebidos pelo oficial de serviço ou pelo sargento escalado de dia ao aparelho telefônico, conservando-se o oficial durante o dia próximo ao aparelho e durante a noite é substituído de duas em duas horas.

O corpo já possui 20 caixas de avisos de incêndio, dependendo apenas de colocação nos diversos pontos da cidade.

A instalação dos avisos de incêndio é de grande utilidade e o sr. prefeito em breve resolverá este assunto.

Segunda prontidão - Logo que sai o trem de incêndio de 1ª prontidão, os bombeiros que estão de folga recolhem-se imediatamente ao quartel, procuram organizar sem perda de tempo a 2ª prontidão, arreando parelhas e formando guarnições, não só para atender a um pedido de socorro à primeira prontidão, como também para acudir a um novo sinistro.

Escrituração - A escrituração é organizada em tudo de acordo com a do Corpo de Bombeiros da Força Pública do Estado, tendo as seguintes repartições:

Secretaria - afeta ao sr. alferes Ary Cruz, secretário, o qual tem como auxiliar um sargento amanuense.

Casa da Ordem - afeta ao sr. sargento ajudante Antonio Del Bagno.

Quartel-mestrado - sobre a direção do sr. alferes quartel-mestre Antonio João Maurício, que tem como auxiliar o sr. sargento quartel-mestre Marcellino da Costa Cruz.

Companhia - dirigida pelo sr. alferes comandante da mesma José Nery Costa, tendo como auxiliares 1 primeiro sargento, 2 segundos e 1 furriel.

Banda de música - sob a direção do sr. alferes regente prof. Patrício Adriano Soares, que tem como auxiliar o sr. contra-mestre Luiz de Nardi, e finalmente a repartição

Fiscal - afeta ao sr. tenente fiscal Gino Marques, a quem estão sujeitas todas as repartições, à exceção da secretaria, que é privativa do comandante.

Banda de música - A banda de música, que é composta de 37 figuras, inclusive o regente e contramestre, ocupa-se unicamente do seu mister, que é: ensaiar 3 horas por dia, dar dois concertos públicos por semana e demais tocatas que lhe sejam determinadas.

Oficinas - Tem o Corpo as seguintes: de correeiro, pintor, ferreiro e ferrador. Essas oficinas, além de serviços que fazem para a corporação, como sejam: consertos e manufaturas de arreios, reparos de carros e pintura dos mesmos, fazem também serviços para as demais repartições da Prefeitura.

Instrução - A instrução adotada é a do Corpo de Bombeiros da capital e refere-se ao que diz respeito a bombeiro e escola de soldado, sem armas; observa-se entretanto à risca a disciplina militar. É ministrada esta instrução pelos oficiais de estado, diariamente.

Socorros públicos - Tem o Corpo de Bombeiros uma seção de Assistência Pública que também conserva prontidão rigorosa como a da seção para incêndio.

Esta seção ainda não está perfeitamente organizada, ressente-se de muitas lacunas, sendo intenção da Prefeitura dar-lhe uma instalação especial sob os moldes das que existem na Capital do Estado e na Capital Federal.

***

A organização que vimos de descrever foi estabelecida no Corpo pelo atual comandante, sr. capitão Gustavo Sulzer, cujo cargo dignamente ocupa desde 1909, época em que reformulou por completo a organização do corpo, mantendo-a com máxima correção, no que é secundado pelos dignos oficiais seus auxiliares.


Corpo de Bombeiros de Santos (em ordem de marcha, exercício de infantaria)
Imagem: Indicador Santense 1912


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