Citado por Kidder, o Colégio dos Jesuítas, em foto de Augusto Militão de Azevedo em
1860/70
Foto: Revista USP nº 41, de março/maio de 1999, editada
pela
Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo (USP), S. Paulo/SP
[...]
Para 1839, sendo Santos já uma cidade, Kidder fornece-nos uma excelente descrição.
Lembra primeiramente qual a sua posição, para em seguida chamar a atenção para o Rio de Santos (o estuário de Santos). Diz-nos em seguida que
"à margem setentrional de sua entrada ergue-se a fortaleza de Santo Amaro. Essa
relíquia dos velhos tempos é ocupada por um punhado de soldados cuja função principal é visitar os navios que entram e saem a fim de evitar o
contrabando. O curso do rio é sinuoso e lamacento o seu leito. As margens, baixas e cobertas de mangue. Subindo o canal vimos primeiramente, à
esquerda, agrupamentos de casas que, como quem viaja pelo país pode perfeitamente antecipar, constitui o que se chama Vila Nova. Logo adiante, do
lado oposto, surgiu o Forte Itapema, velha fortificação já bastante decaída e cuja guarnição se resumia em uma
única família" (págs. 166-167)
A cidade é descrita como "construída no velho estilo
português, com casas de pedras alinhadas ao longo de ruas estreitas mal calçadas e sujas. Tem três conventos e uma Misericórida que é a mais antiga
do império. Há ainda em Santos um velho Colégio de Jesuítas que, desde a expulsão dessa ordem, vem servindo sucessivamente
de quartel e palácio para os presidentes da província, quando estes se decidem a ocupá-lo".
Chama a atenção para o fato de Santos distinguir-se "mais
pelo seu comércio, como porto de mar da província, que pela beleza de sua situação ou pela elegância de seus prédios",
o que se vê confirmado pelo fato de que são muitas "as casas de comércio estrangeiras aí instaladas, fazendo próspero
negócio" (págs. 254-255).
[...]
Excursionando de Santos para São Vicente, lembra que o
caminho, de cerca de seis milhas, nada mais era "que um trilho serpeando por entre culturas e florestas, e, da mesma
forma que muitas outras estradas públicas, fechado de vez em quando com portões particulares". Depois de superado
aproximadamente três quartos do caminho, ouviu o marulhar das ondas que, entretanto, não podia avistar "porque o
caminho corria em paralelo com a praia".
Finalmente, diz o autor, "saindo do último capão de mato,
atingimos uma rua estreita, ladeada por várias casas velhas e abandonadas. Com vinte e cinco ou trinta metros de caminhada, chegamos ao fim dessa
rua que se abre para o largo central dessa vila. Em frente estava a igreja de onde partiam dois caminhos: um em
direção a um braço de mar, a cerca de 300 metros de distância, e outro para a barra, ou entrada do porto, que se vê livremente à esquerda. No ângulo
formado por esses dois caminhos divergentes, havia uma velha casa de pedra, não muito diferente dos prédios escolares rurais da Nova Inglaterra, na
qual se acha instalada a Câmara Municipal, tendo no porão a cadeia pública com uma janela gradeada, solitária. Alguns
passos à direita, viam-se montes de tijolos sobre os quais antigamente havia diversas cruzes. O madeiro de uma delas marcava ainda o local da igreja
de Santo Antonio, que caiu em ruínas" (pág. 255).
A descrição é sugestiva, e a imagem de abandono e desolação é suficiente para se tenha
uma idéia do que era São Vicente. |