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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM... - BIBLIOTECA NM
Clique na imagem para ir à página principal do livro 'Os Andradas'1922 - por Alberto Sousa (9)

A história, desde a fundação, pelo autor de Os Andradas

Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

É o caso da obra Os Andradas, publicada em 1922 por Alberto Sousa (Typographia Piratininga, São Paulo/SP) - acervo do historiador Waldir Rueda -, cuja transcrição do capítulo 1 (A Vila de Santos), com ortografia atualizada, continua (páginas 197 a 215):
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A Vila de Santos
Suas condições topológicas, demográficas, econômicas e sociais

Alguns aspectos da vida doméstica e social. Costumes, crenças e superstições

Não é tarefa muito fácil esboçarmos hoje na imaginação, à distância de quase duzentos anos, o quadro sumário da vida doméstica de social de Santos em tão recuados tempos. Apesar de a Povoação ter se estendido de preferência para os lados do Oeste, cercado de montanhas, ficando por isso privada das brisas refrescantes do alto mar, as ruas que se iam formando eram sempre estreitas para que o violento ardor dos raios solares, no verão, não pudesse penetrar nelas excessivamente, aumentando a intensidade do calor atmosférico.

Além disso, as longas projeturas dos prédios, avançando de lado a lado, para os resguardarem dos rigores da canícula, tornavam ainda mais merencório e sombrio o soturno aspecto dessas ruas acanhadas, onde pesadamente circulava um ar abafadiço e úmido.

Habitações dos pobres

As habitações da gente pobre eram geralmente ao rés-do-chão, com suas janelinhas sem vidraças, mas providas de rótulas discretas, através de cujos xadrezes os moradores curiosos observavam minuciosamente, sem serem vistos, tudo quanto se passava cá por fora.

Era esse o principal entretenimento das mulheres, que quase nunca saíam e que assim atenuavam a insipidez de sua vida solitária e reclusa, transcorrida entre suas costuras e quitandas e outros afazeres de que auferiam lucros.

Interior de uma casa rica

Os nobres abastados, e mesmo os remediados, residiam de ordinário em sobrados de um só andar. Na loja funcionava o escritório, ofício ou negócio do chefe; e no pavimento superior, para o qual dava acesso uma escada íngreme, não raro vacilatória e rangente, ladeada de corrimãos roliços e torneados, morava a família com os respectivos agregados e os escravos utilizados no serviço doméstico.

No alto do patamar, envolvido em trevas mesmo durante o dia, uma porta abria-se para o corredor apertado e escuro que conduzia aos aposentos do interior; outra, em frente, levava para a sala de visitas, vasta, arejada e clara, sob o teto baixo.

Iluminavam-na três ou quatro janelas de vidraça rasgadas amplamente para a sacada de gradil de madeira. A mobília, de pau santo, dispunha-se habitualmente sobre um espesso, aristocrático tapete de Arraiolos - pequenina vileta alentejana perto de Évora, que ainda hoje tece dessas estimadas e preciosas alcatifas.

Por cima do sofá se erguia, suspenso da parede, o polido espelho de cristal encaixilhado em peregrina moldura. Cadeiras de estado, ou de luxo, com seu espaldar e assento fofamente estofados; cadeiras rasas ou singelas, tamboretes espalhados aqui e acolá, uma mesa redonda, ao centro, e sobre ela, além de vários objetos decorativos, um austero candelabro de prata do reino, lavrada, para muitas luzes, rematavam a pompa da ornamentação.

Da sala de visitas passava-se para a alcova, peça retangular sem janelas, recebendo um feixe de luz mortiça pela clarabóia aberta no telhado. Era aí o dormitório principal - o dos donos da casa. A um dos cantos percebia-se, quase encostada à parede, a larga cama de cedro, muito alta e severa, e para a qual se montava por uma escadinha lateral fixada no próprio móvel, junto da cabeceira.

Do sobrecéu com franjas de retrós descia em dobras oscilantes o cortinado de filó. Os lençóis e as fronhas brilhavam e recendiam na alvura e no aroma do linho bem lavado; e, conforme corria a estação, usava-se o golderim - colcha estofada da Índia - ou o cobertor de seda com suas franjas de ouro.

Ao lado, pendente de um dos muros, um macilento Cristo de marfim pregado aos braços de uma cruz de prata. Um castiçal, também de prata, descansava sobre uma mesinha redonda, de cabeceira, coberta de uma toalha de rendas. Outros móveis e utensílios de indispensável uso quotidiano e obedecendo ao mesmo estilo, ao mesmo gosto e à mesma relativa riqueza, completavam a mobília deste aposento que se comunicava com o imediato, destinado às filhas donzelas e aos petizes.

Se o quarto era grande, as escravas de estimação e confiança também dormiam nele, em esteiras de tábua postas sobre o soalho; e tinham por obrigação capital velar pelo sono dos infantes, acudindo prontamente à menor inquietação que demonstrassem, vigiando que se não descobrissem e fazendo-os readormecer de novo, caso acordassem intempestivamente. Seguiam-se outros quartos, conforme o número, a idade e a condição dos restantes membros da família.

A sala de jantar, que era, em comprimento e largura, o maior dos cômodos internos, tinha portas comunicando com o corredor que levava ao patamar da rua, com os quartos da frente e com as dependências existentes nos fundos da habitação. Das suas janelas avistava-se, em bela perspectiva panorâmica, o extenso quintal arborizado e plantado, onde as hortaliças viçavam, os pomos cheirosos perfumavam o ar e os pássaros cantavam dentre as ramas, à claridade das manhãs jocundas ou ao lento morrer das tardes tristes.

A cada lado da longa mesa de jantar, de vinhático, enfileiravam-se as cadeiras que deviam ser ocupadas às horas das refeições. A de chefe da família, colocada nobremente à cabeceira, destacava-se das outras por ser de braços e de encosto. Ostentavam-se profundamente no bofete os pratos e covilhetes de loiça da Índia, os moringues de louça fina, os talheres de prata, as salvas e tamboladeiras do mesmo metal. Estas últimas eram uns discos próprios para verificar a densidade dos vinhos [243].

As gavetas achavam-se atopetadas de toalhas de algodão fino rendadas e guardanapos de igual tecido e padrão para os dias comuns. Para as datas solenes ou as ocasiões festivas e cerimoniosas havia as ricas peças de linho da Bretanha, embora, na opinião de D. Luís António, lhe fosse bem superior o linho português de Guimarães [244].

Nas frasqueiras, fechadas a chave, e com capacidade média para doze frascos, guardavam-se preciosamente os vinhos de qualidade superior. Na cozinha amontoavam-se os tachos de cobre, os caldeirões, os potes, as panelas de barro e os pratos de estanho para uso da famulagem.

Durante o dia, o chefe da família ocupava-se, desde cedo, de seus negócios comerciais ou oficiais no seu próprio armazém ou nas repartições adequadas; e se era agricultor ou industrial, saía para a faina das roças ou dos engenhos. As demais pessoas, após o almoço, que era servido às 7 horas da manhã, entregavam-se aos arranjos do lar e correlativas obrigações.

Esta refeição constava frugalmente de café simples ou com leite, acompanhado talvez de bolos de farinha de milho, de mandioca ou qualquer outro farináceo, pois não havia padarias e portanto não havia pão de trigo.

Ao jantar, entre as 11 e as 12 horas [245], e a ceia, das 3 às 4 da tarde - refeições abundantes, mas pouco variadas - servia-se geralmente pescado da terra, seco; bacalhau, arroz, batatas, cará, farinha de mandioca e legumes. Havia carne de vaca uma vez por semana e de porco de quando em vez. Nas crônicas do tempo não vemos referência alguma ao consumo de peixe fresco, o que nos faz acreditar que os pescadores lançavam as suas redes em épocas determinadas, secavam os produtos e só voltavam ao mar depois de esgotado o estoque existente na praça. Mesmo nas casas ricas preferia-se ao bacalhau o peixe seco da terra.

A galinha e o feijão constituíam pratos de cerimônia e de luxo, porque vinham do interior de S. Paulo ou de outras capitanias. Custava cada litro de feijão de superior qualidade 5$000 réis e cada cabeça de galinha de bom tamanho nada menos de 12$000 réis. E como não ser assim se, além da circunstância de serem importadas, ainda sobre elas pesava o ônus da fiscalização do juiz de fora, que tinha competência para pôr preço aos mantimentos destinados à alimentação do povo?

Em 1748, por exemplo, o dr. João Vieira de Andrade multava em mais do valor das galinhas, e fazia recolher à prisão, os vendedores de serra acima que não davam entrada de suas mercadorias perante ele. Tal exigência e tão severa punição determinaram de ponto o retraimento dos pequenos cultivadores do interior, produzindo a carestia dos gêneros de primeira necessidade na Vila, cujos moradores, aproveitando-se do fato de se achar entre eles o capitão-general dom Luís de Mascarenhas, apresentaram-lhe queixa formal, que foi ouvida.

E a 12 de abril do mesmo ano, o governador mandava publicar, a som de caixas, em Santos e S. Paulo, um Bando pelo qual desonerava os condutores de galinhas ou outros quaisquer mantimentos, vindos de serra acima, da obrigação em que se achavam para com o juiz de fora [246] - providência realmente muito acertada, mas que prova quanto eram confusos os limites das atribuições próprias de cada autoridade. Às vezes, alguma caça de pelo ou de penas, apanhada nas matas do arredor, quebrava a monotonia do cardápio habitual; e amigos eram convidados para fazer-lhe as merecidas honras. À sobremesa eram servidos frutos nativos do país e queijos da Holanda.

Findo o jantar, a dona da casa mandava trazer para junto do escabelo a caixa de costuras e o tear, e, ora cosendo, ora fiando, aí permanecia até a hora da ceia. As escravas admitidas à intimidade da senhora sentavam-se no chão, auxiliavam-na ativamente nessa dupla tarefa, que era antes um passatempo que um trabalho, ou montavam guarda aos folguedos e travessuras da criançada.

Os escravos do sexo masculino, que se não achavam empregados na lavra e plantio dos sítios distantes, cuidavam da horta, do jardim, do pomar, do transporte d'água para abastecimento da casa e iam buscá-la em potes ou barris à fonte do Itororó ou à de S. Bento, conforme a situação da moradia. Um poço cavado no meio do quintal fornecia a água suficiente para as necessidades mais grosseiras.

Primeiras letras

Quando algum dos filhos atingia a idade de aprender a ler, ministrava-lhe dedicadamente a mãe as primeiras lições abecedárias, até chegar o tempo de mandá-lo ao estudo de gramática com o professor pecuniário - que assim chamavam ao mestre particular, em oposição ao mestre régio que era gratuito. À falta de pedagogos, os caixeiros dos pais desempenhavam, rude e imperfeitamente, essa função [247].

Era tal o atraso reinante na Capitania a esse respeito que, precisando d. Luís António, em 1768, de alguns amanuenses para a Secretaria do Governo, não achou "quem tivesse letra, e que ao menos, por remédio", pudesse desempenhar aquelas funções. Por semelhante motivo, nomeou ele, ato contínuo, um mestre de meninos, cujos alunos revelaram em pouco tempo grande adiantamento [248].

Depois da ceia, às 3 ou 4 horas, passava-se para a sala de visitas e ficava-se à janela, digerindo o bolo e observando o quase nulo movimento da rua - um ou outro transeunte que regressava da labuta ou saía a dar um pequeno cavaco com algum amigo, até a boca da noite.

Se havia vizinhança, e boas relações com ela, encetava-se, de sacada para sacada, vivaz palestra - mexericos, enredos, falatórios, futilidades, bisbilhotices, entre as damas; os homens, porém, discreteavam sobre política e negócios práticos e comentavam as correspondências da Metrópole trazidas pelo último bergantim surto no porto.

Ao derradeiro toque das Trindades, badalejado grave e compassadamente, na doçura das tardes cor-de-rosa, pelo sino grande da Matriz, pelo do Carmo, pelo de S. Bento, pelo de Santo António, a mãe dirigia-se com a prole e a escravaria doméstica para o quarto do oratório e aí rezavam de joelhos ante a imagem da Virgem, talhada e mármore, e encerrada numa redoma entre flores secas, tostadas do calor.

Ao anoitecer acendia-se no patamar da escada um lampião de azeite, pendurado do teto e que subia e descia por meio de uma corda ligada a uma roldana giratória. As visitas durante a noite eram mui raras, devido à falta de iluminação pública e ao péssimo estado das ruas, esburacadas e sem calçamento. Quando forçoso era sair, um escravo, conduzindo uma lanterna de folha de Flandres, em cujo interior ardia um pedaço de vela, precedia o senhor, para indicar-lhe o melhor caminho e evitar-lhe a possibilidade de quaisquer desastres.

Serões de estio. Leituras prediletas

Nos cálidos serões da quadra estiva, que não convidavam ao leito, a família, isto é, o marido e a esposa entregavam-se à inocente leitura de algum livro honesto, para preencherem as horas fastidiosas que corriam lentas. Ela refocilava-se gozosa nos autores pios e nos filósofos moralistas, lendo, entre outras obras de edificante espiritualidade, a Vida de S. Bento, a Primavera Sagrada, o Desprezo do Mundo, o Despertador Cristão, os Clamores Evangélicos, a Conspiração Universal, os Sermões da Semana Santa, a Vida de Santa Rosa, a Peregrinação Cristã, os Ditames do Padre Euzébio, os Ramalhetes Espirituais, os Cristãos d'Alma, as Orações Evangélicas, a Festividade de Cristo, a Postila de Deus, a Mocidade Enganada, o Guia dos Pecadores ou os Diálogos de Santa Catarina.

O esposo atirava-se a obras mais proveitosas e mais positivas, tais como o Epítome Historial, a Arte de Inglaterra, a Prosódia da Língua Portuguesa, às vezes Os Lusíadas; e não raro, às ocultas da confiante metade que ingenuamente se deliciava com os seus respeitáveis e soporíferos teólogos, regalava-se o pecaminoso frascário devorando sorrateiramente as Novelas Ejemplares, de Cervantes.

Jogos infantis

Se às próprias crianças não se tornava apetecida a cama, era permitido que folgassem até horas um pouco mais tardias, organizando jogos infantis aos quais não raro se associavam alegremente os petizes da vizinhança. E formando roda, sentados no soalho, pés nus estendidos para a frente, lá começavam os folguedos:

Uma, duas angolinhas,
Finca o pé na pampolinha...
O rapaz que jogo faz?
Faz o jogo do capão.
Ó capão, semi-capão,
Veja bem  que vinte são...
E recolha o seu pezinho,
Na conchinha de uma mão...
Que lá vai um beliscão...

O menino que dirigia a brincadeira tocava com a mão direita em cada pé estendido sobre o pavimento, gesto que acompanhava a lenta emissão de cada sílaba, e terminava ferrando um beliscão no que era atingido pela sílaba final do último verso. À proporção que eram beliscados, recolhiam-se os pés; e o que ficava para o fim era agarrado por todas as crianças, que batiam com ele no chão, cantando tumultuariamente:

É de rim-fon-fon,
É de rim-fon-fon!
Pé de pilão,
Carne seca com feijão! [249]

E passavam depois, meninos e meninas, para o Canivetinho do pintainho, com a mesma música da Angolinha:

Canivetinho
Do pintainho,
Que anda na barra
Do trinta e um!
..........................
..........................
É de bão, bão, bão,
É de bão, bão, bão!
Mingorra,
Mingorra,
Ficaste fôrra!

Algumas vezes, enquanto os mais taludinhos assim brincavam, enchendo de jovial rumor a vasta sala, acontecia que um dos mais novos choramingava nos braços da mucama, sem poder dormir, com os frágeis nervos super-excitados pelos efeitos do calor insólito. E ela, até que a fadiga e o sono viessem finalmente imobilizar a criança, procurava entretê-la com o Dedo mindinho, jogo que, segundo a douta opinião do sr. THEÓPHILO BRAGA [250], já era conhecido entre os portugueses desde o século 17, por se a ele referir d. Francisco Manuel de Mello; e era então comum a toda a Europa Ocidental.

A paciente mucama segurava-lhe a destra com a mão esquerda, pela parte posterior, depois com a direita, ia-lhe apertando levemente a ponta de cada dedinho, e dizendo ao mesmo tempo:

Dedo mindinho,
Seu vizinho,
pai de todos,
Fura-bolos,
Mata-piolhos.

Este diz que quer comer,
Este que não tem o quê,
Este diz que vá furtar,
Este diz que não vá lá,
Este diz que Deus dará.

Em seguida, espetando o indicador da mão direita na palma esquerda da criança, perguntava-lhe, e por ela a si mesma respondia:

Quedêle o toicinho daqui?
- O gato comeu.
Quedêle o gato?
- Foi pro mato.
Quedêle o mato?
- O fogo queimou.
Quedêle o fogo?
- A água apagou.
Quedêle a água?
- O boi bebeu.
Quedêle o booi?
- Tá amassando trigo.
Quedêle o trigo?
- A galinha espalhou.
Quedêle a galinha?
- Tá botando ovo.
Quedêle o ovo?
- O padre bebeu.
Quedêle o padre
- 'Tá  dizendo missa.
Quedêle a missa?
- Tá no altar.
Quedêle o altar?
- Tá na Igreja.
Quedêle a Igreja?

Tá por aqui, por aqui, por aqui... e subia a mão pelo braço da criança, até a axila correspondente, fazendo-lhe cócegas e provocando-lhe o riso. Daí a pouco adormecia o inocente no colo da rapariga, e os outros, já exaustos e aborrecidos de tanto cantar, saltar, e andar à roda, tomavam a benção dos pais e corriam para os leitos, onde em breve se lhes cerravam pesadamente as pálpebras nas delícias de um sono sem cuidados.

Ainda alcançamos na remota infância esses ingênuos folguedos, quase inteiramente desaparecidos dos hodiernos costumes; e suas longínquas recordações ainda clareiam, qual merencório feixe luminoso, os sombrios recantos de nossa idade madura, pois é sempre com o coração premido de saudades que evocamos, no seu típico aspecto arquitetural, as velhas casas senhoriais de outrora, com o seu alegre bando de meninos e meninas agrupados na sala de jantar, ligando entre si, na afetividade de seus descuidosos brincos, os membros de uma mesma família, religando-os aos outros membros das demais famílias e mantendo, assim, inconscientemente, seculares e preciosas tradições, pelo estabelecimento de nexos morais que involuntariamente se perenizavam na alma de cada geração local. Dos companheiros dessa quadra amável, uns,

Pelas ondas do tempo arrebatados [251]

jazem de há muito no sagrado campo, colhidos da implacável ceifa que a nenhum mortal poupa jamais; outros, avelhados e desiludidos, refogem dos túmulos do Presente para a quietação do Passado, mostrando, no palor das faces escavadas e na tristeza do apagado olhar, os sulcos e os reflexos das agonias e dos sofrimentos.

Os petizes de agora não conhecem os castos jogos que encantaram a ruidosa meninice de seus avós, os quais, por sua vez, herdaram-nos de seus antepassados; mas, em compensação, exercitam-se destramente, desde tenros anos, nas brutalidades esportivas do futebol; dançam com airoso chiste os modernos bailados norte-americanos e cantam, por entre os aplausos dos papás e as barrigadas de riso do auditório adulto, as coplas obscenas das canções em voga nos cordões carnavalescos da Capital da República...


Campana do viático que serviu na Igreja Matriz de Santos, desde o século dezessete até a segunda metade do século dezenove (existente no Museu da Cúria Metropolitana de S. Paulo).
Imagem publicada com o texto

Passagem do viático

Às 8 horas, depois que se recolhiam os pretos incumbidos de levar à praia os despejos acumulados durante o dia, corriam-se precatadamente os grossos ferrolhos das reforçadas portas de jacarandá, e a Vilota reprofundava no mais completo silêncio - apenas interrompido, a quando e meio, por algum retardado oficial da Guarnição, que se demorara em demasia na batota tavolajeira e que voltava apressadamente para o Quartel, fazendo tinir a espada pendente do boldrié.

Outras vezes, a horas mortas, era o tanger funéreo da campana do viático que despertava em sobressalto os moradores adormecidos. Impressionados, erguiam-se do leito, corriam às sacadas, empunhando velas acesas e, ajoelhados contritamente, rezavam pela saúde do enfermo ou pela salvação do moribundo, enquanto o pároco, acolitado pelo sacristão e acompanhado de homens piedosos que se tinham incorporado ao préstito, passava conduzindo o Sacramento e entoando os hinos litúrgicos acomodados ao penoso transe.

Pedra da feiticeira

A essas horas tardonhas ninguém se atreveria, por mais valente que fosse, a aproximar-se das Duas Pedras ou mesmo das suas imediações. Pensavam as almas pávidas e crédulas de nossos timoratos ancestrais que, naquele agreste recanto mal-assombrado, em torno de uma grande pedra desagregada do Monte, e que ora já não existe, ajuntavam-se em diabólica assembléia as feiticeiras de sinistro olhar e faces encorrilhadas, os lobisomens uivantes, as larvas malfazejas, toda a caterva fantástica e misteriosa das entidades sobrenaturais dadas à prática de sortilégios.

Foi por essa pedra lendária que José Bonifácio, em companhia de Martim Francisco, encetou em 1820 a sua viagem mineralógica pela Província de S. Paulo, e assim nos descreve ele sua forma, estrutura e característicos principais: "Observei, a pouca distância do Monserrate, uma massa solitária de rocha, despegada daquele monte, que em partes era cor de cinza, e em outras amarela, assaz decomposta e fendida de hornstein ou petrosilex, e tendo quase nove braças de comprido, três de alto, e duas e meia de largura, formando um paralelepípedo irregular. Os habitantes lhe chamam A pedra da feiticeira" [252].

Procissões

As procissões eram as festividades populares por excelência, e a de Corpus-Christi primava pelo desusado esplendor. Limpavam-se as testadas das casas, por ordem da Municipalidade; e tapizavam-se de folhagens verdes as ruas por onde o séqüito haveria de passar. Das sacadas das casas nobres pendiam vistosamente colchas de seda de matizes vários.

A infantaria da Praça, trajando blusa de pano azul, calções brancos e botins pretos, fornecia, além do necessário contingente de soldados para acompanhar a procissão em todo o seu trajeto, uma guarda-de-honra que, desde pela manhã, se postava à porta principal da Matriz, e dava uma tríplice descarga de mosqueteria à saída e entrada do cortejo.

A Câmara, reunida em vereança, designava previamente seis homens bons para pegarem nas varas do pálio, sujeitos à pena de multa e prisão, que se cumpria rigorosamente se não se provasse motivo justificável para a escusa, impedimento ou falta.

Comparecia o clero regular e secular em peso, a Mesa e os Irmãos da Confraria da Misericórdia, com seus graves balandraus de seda preta; os oficiais da Guarnição, em grande uniforme; o juiz de fora, o capitão-mor, os oficiais edilícios precedidos do estandarte municipal que o procurador conduzia; todas as autoridades, enfim, em trajes de gala. O Natal do Menino-Deus era celebrado no dia de Ano Bom, na Igreja do Colégio de São Miguel dos Jesuítas.


Último estandarte da Câmara Municipal de Santos, confeccionado em 1888
e tendo servido até 15 de novembro de 1889 (existente no Arquivo da mesma Câmara)
Imagem publicada com o texto

Festa de São Gonçalo

Entre as raras diversões profanas daqueles tempos retrógrados, uma das mais estimadas e mais concorridas era a festa de São Gonçalo de Amarante, que se efetuava em princípios de janeiro, com grande e estrondoso entusiasmo popular. Ranchos de rapazes e raparigas mascarados percorriam de dia e de noite as ruas principais do triste burgo, cantando e dançando jovialmente, de acordo com os costumes tradicionais importados da Metrópole [253].

Não havia então bandas musicais arregimentadas para realçarem o alarido e a turbulência dos cortejos com a agradável harmonia de suas notas; mas os pífanos e as guitarras, as sanfoninhas e as violas, soprados ou tangidos pelos próprios foliões, atemperavam-se ruidosamente com seus descantes e saracoteios.

Faltam-nos de todo as informações documentais precisas que nos habilitem a reconstituir essa festividade nos seus mais interessantes pormenores - misto absurdo de sentimentos católicos e grosseiras reminiscências pagãs; mas a imaginação, sem se afastar essencialmente da objetividade dos fatos, pode subjetivamente recompô-los com relativo êxito, tentando aproximar-se da verdade por intermédio da verossimilhança.

São Gonçalo foi o primeiro habitador da graciosa Vila de Amarante, edificada às margens do Tâmega, na Província portuguesa de Entre-Douro e Minho; e do nome dela proveio-lhe o apelido. Varão insigne pelas suas virtudes e religioso fervor, foi um dos poucos que lograram a incomparável dita de contemplar de perto a Virgem Mãe, e ouvir-lhe a voz, num momento de êxtase inefável. Rezam as crônicas dos milagres que, sob a protetora e misteriosa inspiração da Virgem, é que ele se fez dominicano, e à respectiva Ordem legou memoráveis exemplos do mais severo e abnegado ascetismo.

Não sabemos porque um santo de tão severa compostura se transformou, no volver dos séculos, em objeto da irreverência folgazã dos povos da Península. Passaram a atribuir-lhe o prestigioso condão de fomentar e conseguir o casamento das velhas, o que sublevou contra ele o despeitado rancor das moças preteridas. Nas terras acanhadas como outrora Santos, onde o elemento feminil sobrepujava numericamente o varonil, essa intervenção parcial, se bem que generosa, em prol das damas passadouras, era não só calamitosa para as moças, que tinham de aguardar com resignação a sua vez de ficar velhas, como também inconveniente aos magnos interesses da República local no tocante às possibilidades do crescimento da população, segundo o maior ou menor grau de fecundidade dos seus casais, pois que a tal respeito não se podia esperar das velhas ponderoso concurso aumentativo.

É de presumir que, das jovens casadoiras prejudicadas, umas, de gênio mais plácido e acomodatício, se contentassem com apostrofar o ingrato santo, pondo em destaque a injustiça e seu agro procedimento:

São Gonçalo de Amarante,
Casamenteiro das velhas!
Por quê não casais as moças?
Que mal vos fizeram elas?

E no tumulto dos álacres bandos, pela escuridão da noite pontilhada das tênues luzes de algumas escassas lanternas, vibravam os cavaquinhos e as guitarras, acompanhando o ritmo das vozes.

Outras, porém, mais caprichosas ou mais vingativas, aproveitavam-se do rebuço dos vestuários e do mistério das máscaras, para atormentarem as pobres solteironas, estacionando acintosamente a cada porta e improvisando facécias rimadas em desabono de cada pretensão conhecida.

As vítimas, receosas de aparecer às janelas em tão arriscada ocasião, porém mordidas de curiosidade, espreitavam por detrás das rótulas protetoras o rebuliço e a confusão que andavam pelas ruas e, estourantes de mal contida indignação, ouviam contudo em mortificado silêncio as ferinas alusões aos seus namoros seródios.

Às coplas intencionais de certa rival aforismada de zelos e às gargalhadas sarcásticas com que a turba-multa as aplaudia, reguingavam às vezes do interior das casas com impropérios pesados; e não raro desordens se formavam, provocando a intervenção discricionária do comandante da Praça, que fazia dissolver autoritariamente os ranchos perturbadores da paz doméstica e do sossego da localidade.

Os elementos conservadores, os anciãos austeros, os homens sisudos, os esteios inabaláveis da Ordem constituída, da Moral consagrada e da Religião triunfante, não se conformavam com esses escandalosos desvarios, que reputavam aberrantes dos bons costumes e dos sentimentos católicos do povo.

Induzido, talvez, pelas insistentes reclamações dos opositores, o capitão-general d. Luís António de Sousa resolveu coibir tais abusos por ocasião das festas gonçalinas anunciadas para janeiro de 1774; e em portaria de 27 de dezembro do ano anterior [254], recomendou ao comandante da Praça, Francisco Aranha Barreto, então sargento-mor dos Auxiliares da Marinha [255], que não consentisse que nos ditos festejos houvesse "barulhos estranháveis e repreensíveis", somente permitindo "aqueles que fossem lícitos no público, e de máscaras, para honra e louvor" do Santo.

"Às danças menos decentes entre homens e mulheres em chusmas dia e noite pelas ruas - ponderava o Morgado de Matheus - podem seguir-se ações indecorosas que não devem consentir-se nem praticar-se entre católicos" [256].

Os almofadinhas

E tinha carradas de razão em assim agir o capitão-general, porquanto os progressos, embora lentos, que fazia a localidade, tendiam ao relaxamento dos costumes públicos, como daí a pouco se verificou plenamente.

Logo nos primeiros anos do século seguinte, era o governador Franca e Horta obrigado a tomar providências contra os insolentes casquilhos que não trepidavam em desinquietar o pudente coração das virgens conterrâneas ou em arrastar as donas maridadas à conspurcação dos respectivos tálamos. Era naturalmente nas Igrejas - ponto habitual das reuniões da sociedade naquela época, em que raro havia distrações profanas - que os almofadinhas santistas operavam.

Um olhar incendiado, um aperto de mão, um sorriso amoroso, preludiavam o romance. Depois, protegidos pela falta de iluminação das ruas, era um encontro à esquina mais próxima, uma palestra à janela, uma flor que, caindo das tranças da namorada, passava, como um troféu de vitória, a ornamentar o chapéu de seu feliz galã. Nos bailes, era a assiduidade nas contradanças, os dedos entrelaçados, um rápido passeio pelo jardim, um beijo trocado medrosamente sob as ramagens que o luar dourava.

Tão perniciosa se ia tornando essa prática que, a 14 de março de 1803, o governador, tomado de grande zelo pela pureza da moral santista, e atendendo por certo a alguma denúncia fundamentada, ordenou ao capitão-mor Francisco Xavier da Costa Aguiar que prendesse e remetesse para a Capital "todo moço solteiro que não tiver modo de vida, que for desinquieto, namorador ou valentão" - devendo o mesmo capitão-mor aplicar o devido castigo aos que promovessem "desinquietações de moças" [257].

Que castigo seria esse? Provavelmente a imobilidade, a prisão, pelos pés e pelo pescoço, aos olhais do tronco, instrumento de suplício que existia nas cadeias de então e que não era reservado exclusivamente aos escravos. O capitão-mor, em resposta, exulta de rejúbilo com a severa ordem governamental, "utilíssima para conservar o equilíbrio do respeito e honra em que devem florescer as Famílias, para aumento do Estado" [258].

Vê-se bem que não se melhorou grande coisa neste particular, em mais de um século de progresso material ininterrupto. Os moços desocupados, a perigosa turba dos valentões bem cotados, os namoradores profissionais, acrescidos dos elegantes toxicômanos, superabundam, não diremos em nossa terra, de hábitos morigerados, mas na própria Capital da ex-Capitania retrógrada, e atual Estado progressista, a julgar pelas medidas rigorosas que a polícia é forçada a adotar a cada passo para coibir a audácia desses jovens de desregrada conduta.

Passeios e visitas

Aos domingos. ouviam-se missas na Matriz, no Carmo, em Santo António, em S. Bento, em S. Miguel; depois, como o dia se conservasse límpido e formoso, ia-se de canoa até a Barra Grande, ao Guarujá, à Praia do Góis, à Ilha do Sol, hoje Ilha Porchat, aos sítios marginais do Jurubatuba e da Bertioga, atufados na sombra e na frescura da mata virgem.

As famílias principais, quando saíam incorporadas, a passeio ou visitas, obedeciam à seguinte ordem de marcha, a um de fundo: à frente, o chefe, com seu chapéu embicado, de feltro ou castor, casaca, véstia, calças e meias de seda, botas de cano alto e bastão de cana da Índia; depois, os filhos, a começar dos de menor idade e tamanho, e a mãe, com seu custoso vestido de crepe roçagante, o mantô de tecido leve e rendado, descendo, em caprichosas ondulações, da cabeça até a barra da saia ampla, redonda e bem armada; nos pés, graciosos chapins de cor discreta. Os lucilantes brincos de aljôfar, as memórias e os anéis encastoados de ametistas, os grossos cordões de ouro de duas voltas, coruscavam, chispavam nos lóbulos das orelhas, nos longos dedos afilados, no colo gentil das orgulhosas damas. Vinham, após os escravos, dispostos de acordo com o maior ou menor grau de intimidade que desfrutavam no lar.

Parece que esse costume se prolongou até a segunda metade do século passado (N.E.: século XIX), pelo menos na Capital de nossa Província, a julgarmos por uma espirituosa charge de Ângelo Agostini, no hebdomadário O Cabrião que, dirigido por Américo de Campos, se publicou em S. Paulo no ano de 1867.


Cadeirinha
N.E.: original baseado na estampa Senhora na sua cadeirinha a caminho da missa
produzida no Rio de Janeiro por Jean Baptiste Debret
Imagem publicada com o texto

Meios de transporte pessoal

Quando a vida social se desenvolveu e poliu regularmente, lá para os fins do século dezoito, as senhoras de posição qualificada, caso tivessem de sair sozinhas, usavam como transporte urbano um veículo chamado cadeirinha, de que damos aqui uma representação gráfica, e que era conduzido sobre os ombros robustos de quatro escravos fiéis - dois nas varas da frente e dois nas varas traseiras.

O banguê, utilizado para condução a lugares mais afastados ou de mais longo e mais difícil percurso, foi introduzido provavelmente em meados do século seguinte e era, como se vê da estampa junta, uma variante da cadeirinha, com a diferença de que se apoiava não sobre as fortes espáduas dos resignados cativos, mas sobre o rijo lombo de dois resistentes muares. As péssimas condições das vias públicas urbanas ou dos caminhos vicinais não permitiam ainda o emprego de quaisquer veículos de rodas no transporte pessoal.


Banguê
N.E.: original decalcado sobre a prancha Liteira para viajar no interior, de Jean Baptiste Debret
Imagem publicada com o texto


NOTAS:


[243] FRANCISCO MENDES - Diccionário da língua portuguesa e CÂNDIDO DE FIGUEIREDO - Novo diccionário da língua portuguesa, em cuja 2ª edição, à pág. 711, se lê: "Disco de prata, com a borda e o centro relevados, à semelhança de fundo de garrafa preta, e com que se avalia a grossura do vinho, conforme ele cobre ou barra o disco. Copo ou utensílio de prata ou louça, para se ver a cor do vinho ou para se lhe apreciar o cheiro". Este vocábulo antigo não se encontra em nenhum outro dicionário de nossa língua, além dos que citamos.

[244] Considerações sobre o estado econômico da Capitania, em data de 6 de fevereiro de 1768 (Documentos interessantes, Vol. 23, pág. 394).

[245] DEBRET - Voyage pittoresque au Brésil, Vol. II, pág. 39.

[246] Documentos interessantes, Vol. 22, pág. 209.

[247] VISCONDE DE SÃO LEOPOLDO - Memórias (compiladas e postas em ordem pelo BARÃO HOMEM DE MELLO), página 11.

[248] Documentos interessantes (Carta ao Conde de Oeyras), Vol. 19, pág. 20.

[249] O sr. THEÓPHILO BRAGA, nas suas eruditas notas aos Cantos Populares do Brasil, apenas ao 2º volume dessa preciosa coletânea reunida por SÍLVIO ROMERO, conta-nos que este jogo já era conhecido dos portugueses do século 18, pois é citado por GARÇÃO (página 230). O mesmo crítico e historiógrafo luso chama-lhe, porém, Jogo da Argolinha, em vez de Angolinha.

O sr. AFFONSO A. DE FREITAS (Tradições e reminiscências paulistanas, pág. 155) diz que esse brinquedo era "praticado pelas meninas" na Capital do Estado, no interior e principalmente nas localidades do chamado Norte. No litoral, ou antes em Santos, podemos testemunhar que era ele comum aos dois sexos, que se reuniam formando uma só roda.

Adotamos a variante cantada em Santos ainda há quarenta anos, a qual difere das que coligiram o sr. A. DE FREITAS e SÍLVIO ROMERO, aproximando-se mais da do último. Não nos recordamos de que o estribilho Amassa bolo cru fizesse parte do referido jogo em nossa terra, mas é provável que não passe de uma variante das versões paulistas.

[250] Notas citadas, aos Cantos Populares do Brasil (2º Vol. pág. 230).

[251] MACHADO DE ASSIS - Noivado (Phalenas).

[252] Viagem mineralógica pela Província de S. Paulo (ed. de M. BARBOSA, 1892, Typ. Montenegro, Rio de Janeiro, página 26).

[253] Doc. interessantes, V. 33, página 82.

[254] Documentos interessantes, Vol. 33, pág. 82.

[255] Morava então num prédio da Rua pequena, em companhia de sua mulher, dona Maria Mónica, cinco filhos, três agregados e vinte escravos (Recenseamentos coloniaes, existentes no Arquivo).

[256] Doc. interessantes, Vol. 33, página 82.

[257] Original no Arquivo Público do Estado.

[258] Idem.

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