Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb270.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:30:31
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 192]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 19 — Recursos da Bahia para defender-se

Capítulo CXCII

Em que se aponta o aparelho que na Bahia tem para se fazer pólvora, e muita picaria e armas de algodão.

Pois temos dito o aparelho que a Bahia tem para se fortificar e defender dos corsários, se a forem cometer, saibamos se tem alguns aparelhos naturais da terra com que se possam ofender seus inimigos, não falando nos arcos e flechas do gentio, com o que os escravos da Guiné, mamelucos, e outros muitos homens bravos naturais de terra sabem pelejar, do que há tanta quantidade nesta província; mas digamos das maravilhosas armas de algodão que se fazem na Bahia, geralmente por todas as casas dos moradores, as quais não passa besta, nem flecha nenhuma; do que se os portugueses querem antes armar que de cossoletes, nem couraças; porque a flechada que dá nestas armas resvala por elas e faz dano aos companheiros; e deste estofado de algodão armam os portugueses os corpos e fazem do mesmo estofado celadas [armaduras] para a cabeça, e muito boas adargas [escudos ovais].

Fazem também na Bahia paveses e rodelas de copaíba, de que fizemos menção quando falamos da natureza desta árvore, as quais rodelas são tão boas como as do adargueiro, e da vantagem por serem mais leves e estopentas, do que se farão infinidade delas muito grandes e boas.

Dão-se na Bahia muitas hastes de lanças do comprimento que quiserem, as quais são mais pesadas que as de faia, mas são muito mais fortes e formosas; e das árvores de que estas hastes tiram, há muitas de que se pode fazer muita picaria, e infinidade de dardos de arremesso, que os tupinambás sabem muito bem fazer.

E chegando ao principal, que é a pólvora, em todo o mundo se não sabe que haja tão bom aparelho para ela como na Bahia, porque tem muitas serras que não têm outra coisa senão salitre, o qual está em pedra alvíssima sobre a terra, tão fino que assim pega o fogo dele como de pólvora mui refinada; pelo que se pode fazer na Bahia tanta quantidade dela que se possa dela trazer tanta para a Espanha, com que se forneçam todos os Estados de que Sua Majestade é rei e senhor, sem esperar que lhe venha da Alemanha, nem de outras partes, de onde trazem este salitre com tanta despesa e trabalho, do que se deve de fazer muita conta.