Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb247.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:28:54
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 169]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 17 — Noticia etnográfica do gentio tupinambá que povoava a Bahia

Capítulo CLXIX

Que trata de como os contrários dos tupinambás dão sobre eles quando se recolhem.

Acontece muitas vezes aos tupinambás, quando se vêm recolhendo para suas casas, dos assaltos que deram em seus contrários, ajuntar-se grande soma deles, e virem-lhes no alcance até lhes não poderem fugir; e ser-lhes necessário esperá-los, o que fazem ao longo da água, onde se fortificam fazendo sua cerca de caiçá; o que fazem com muita pressa para dormirem ali seguros de seus contrários, mas com boa vigia; onde muitas vezes são cercados e apertados dos contrários; mas os cercados vêem por detrás desta cerca a quem está de fora, para empregarem todas as suas flechas à vontade, e os de fora não vêem quem lhes atira; e se não vêm apercebidos para os abalroarem, ou de mantimentos, para continuarem com o cerco, se tornam a recolher, por não poderem abalroar aos tupinambás como queriam.

E estes assaltos, que os tupinambás vão dar aos tupinaés e outros contrários seus, lhes acontece também a eles por muitas vezes, do que ficam muito maltratados, se não são avisados primeiro, e apercebidos; mas as mais das vezes eles são os que ofendem a seus inimigos, e são mais prevenidos quando vêem nestas afrontas [cansaço, extenuação] de mandar pedir socorro a seus vizinhos, e lho vêem logo dar com muita presteza.

Quando os tupinambás estão cercados de seus contrários, as pessoas de mais autoridade dentre eles lhes andam pregando de noite para que se esforcem e pelejem como bons cavaleiros, e que não temam seus contrários, porque muito depressa se verão vingados deles porque lhes não tardará o socorro muito; e as mesmas pregações costumam fazer quando eles têm cercado seus contrários, e os querem abalroar; e antes que dêem o assalto, estando juntos todos à noite atrás, passeia o principal de redor dos seus, e lhes diz em altas vozes o que hão de fazer, e os avisa para que se apercebam, e estejam alerta; e as mesmas pregações lhes faz, quando andam fazendo as cercas de caiçá, para que se animem, e façam aquela obra com muita pressa; e quando os tupinambás pelejam no campo, andam saltando de uma banda para outra, sem estarem nunca quedos, assobiando, dando com a mão no peito, guardando-se das flechas que lhes lançam seus contrários, e lançando-lhes as suas com muita fúria.