Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa
SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS
GRANDEZAS DA BAHIA
TÍTULO 14 — De
vários himenópteros etc.
Capítulo
CXXII
Que trata de diversas castas de formigas.
Ubiraipu é outra casta de formigas, que se criam nos pés das árvores; são pardas e pequenas, mas mordem muito; as quais se mantêm das
folhas das árvores e da podridão do côncavo delas.
Há outra casta, a que os índios chamam tacicema, que se criam nos mangues que estão com a maré cobertos de água até o meio; as quais são
pequenas, e fazem ninho da terra nestas árvores, obrados como favo de mel, onde criam; a qual terra vão buscar enxuta, quando a maré está vazia; e
mantêm-se dos olhos dos mangues e de ostrinhas, que se neles criam, e de uns caramujos que se criam nas folhas destes mangues, e que são da feição e
natureza dos caracóis.
Tacibura é outra casta de formigas, que são pequenas de corpo e têm grande cabeça, têm dois cominhos nela; são pretas e mordem muito, e
criam-se nos paus podres que estão no chão, e mantêm-se deles e da umidade que estes paus têm em si.
Tacipitanga é outra casta de formigas pequenas, as quais não mordem, mas não há quem possa defender delas as coisas doces, nem outras de
comer. Estas se criam pelas casas em lugares ocultos, que se não podem achar, mas como as coisas doces entram em casa, logo lhes dão assalto, com o
que enfadam muito; e são muito certas em casas velhas, que têm as paredes de terra.
Outras formigas chamam os índios taciaí, que são grandes e pretas, e criam-se debaixo do chão; também mordem muito, mas não se afastam
muito do seu formigueiro. |