Planta da Praça de Santos em 1765/1775
Reproduzido de Um olhar sobre as cidades do Brasil Colônia, de Rodrigo Cavalcante,
citado na revista Cidades nº 26, Ano 4, de 1999
A Vila de Santos no século XVIII
A Vila de Santos está a 24º graus dentro da Ilha de
São Vicente, e é uma das mais nobres que há em todo Brasil, pela construção das suas casas e templos, Casa de Câmara, e
uma excelente cadeia banhada de um regato que sepulta suas águas no mar, tem dois conventos, 1 de
religiosos carmelitas, e outro de capuchos de Santo Antônio; 1 mosteiro
dos monges beneditinos, cujo lugar é de presidente, e 1 colégio que foi dos jesuítas; tem uma
casa de misericórdia, e 1 nobre e formoso arsenal vulgarmente chamado Casa do Trem.
Tem Juiz de Fora, e também serve aos órfãos e de provedor de defuntos e ausentes, com
2 tabeliões do judicial e notas, e 1 escrivão de órfãos; tem um escriturário da Alfândega que também serve da matrícula da gente de guerra do
presídio desta praça, e todos servem por donativo que anualmente pagam.
Até o ano de 1766 se conservou nesta Vila a residência do provedor contador da Fazenda
Real, juiz da Alfândega com um escrivão dela e matrícula da gente de guerra, e com um escrivão da provedoria; e passou
para São Paulo o provedor contador da Fazenda pela criação do Tribunal e Junta da mesma Fazenda, que Sua Majestade mandou criar, servindo de
debutados a ela o mesmo provedor, o ouvidor geral e o corregedor da Comarca, e o provedor da Coroa e da Fazenda e com presidente o Governador e
Capitão General da Capitania; tem um escrivão da Fazenda e outro da Junta e um almoxarife.
Desta Vila de Santos foi seu primeiro provedor Braz Cubas,
que acabou Cavalheiro Fidalgo, provedor da Fazenda, Capitão-mor, Governador e alcaide-mor da Capitania de São Vicente, por mercê do donatário
Martim Afonso de Souza, por ordem de quem foi fundada a dita Vila, e com tanta nobreza e riqueza pelo comércio do seu
porto, que chegou a ter três famosos Engenhos de Açúcar, que foram o da Madre de Deus, que fundou o fidalgo Luiz de Góis; o
de S. João, que fundou José Adorno, nobre genovês, e o de N. Sra. Apresentação, que fundou Manoel de Oliveira Gago, e de todos eles já nenhum
existe, e só há abundância de moendas para espremer o suco das canas para as águas ardentes.
São Paulo, 5 de janeiro de 1772
PEDRO TAQUES DE ALMEIDA PAES LEME
Casa do Conselho ou Câmara e Cadeia
Imagem: tela de Benedito Calixto
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Domínio Público (obra sf000043):
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