Importância do prédio como patrimônio arquitetônico
e o bom estado de conservação são os motivos
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
UNISANTOS
Condepasa quer tombamento do casarão da mantenedora
Imóvel está situado na Rua Euclides da Cunha, na Pompéia, e pertence à Cúria
Da Reportagem
O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa)
protocolou quinta-feira passada um pedido de tombamento do casarão que atualmente abriga a mantenedora da Universidade Católica de Santos (UniSantos),
a Sociedade Visconde de São Leopoldo, à Rua Euclides da Cunha, 241, na Pompéia. O documento foi entregue pelo professor de História e pesquisador
Carlos Laércio de Góes. O imóvel pertence à Cúria Diocesana, que preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Amanhã, o Condepasa poderá analisar a proposta e abrir o processo de tombamento do
prédio, durante a reunião quinzenal com os conselheiros do órgão. Segundo o presidente do Conselho, Bechara Abdalla Pestana Neves, "muito
provavelmente o processo será aberto".
Conforme o professor Góes, a iniciativa foi tomada tendo em vista a importância do
prédio como patrimônio arquitetônico da Cidade e o bom estado de conservação do imóvel.
O pedido de tombamento também é justificado pelo "valor do ponto de vista histórico,
de sua identidade sociocultural, de sua significação para a memória e o desenvolvimento do conhecimento e para a preservação da qualidade de vida
das gerações futuras".
"Trata-se de um palacete com arquitetura eclética, sendo o único prédio deste porte no
Bairro da Pompéia, em Santos", argumenta Góes.
Processo - De acordo com o presidente do Condepasa, o pedido de tombamento do
casarão será apresentado amanhã aos 14 conselheiros do órgão, que irão decidir sobre a abertura do processo.
"Posso adiantar que, muito provavelmente, o processo será aberto", afirmou Neves,
explicando que após esse início, automaticamente, o imóvel fica protegido de qualquer tipo de intervenção.
Uma vez iniciado o processo, conforme Neves, entre seis meses e um ano o casarão
poderá ser tombado. Atualmente, o Condepasa está com 17 pedidos de tombamento e quatro imóveis poderão ser declarados como integrantes do patrimônio
cultural de Santos até o final deste ano.
Cúria - Atualmente, o casarão vem passando por um processo de restauro, de
acordo com o vigário-geral da Diocese da Pompéia, padre Antônio Baldan Casal. "Estamos tentando chegar à cor original externa do imóvel".
A parte elétrica e a de alvenaria (janelas) do palacete também foram trocadas.
"Queremos reinaugurar a parte externa do casarão até o Natal", contou padre Baldan, acrescentado que a idéia é inaugurar o jardim e a iluminação
natalina antes do dia 20.
Sobre o pedido de tombamento, o bispo dom Jacyr Francisco Braido, da Cúria Diocesana,
informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá se pronunciar a respeito do assunto somente depois que tiver conhecimento de todo o
processo.
Fachada está passando por processo de restauro, que deve ser concluído durante este
mês
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Construção data de 1927 e já foi alvo de uma permuta
A arquitetura eclética do casarão localizado na Pompéia, e que chegou a abrigar a
reitoria da Universidade Católica de Santos (UniSantos), pode ser constatada por quem o visita. O palacete apresenta traços da arte clássica e
barroca nos afrescos e detalhes das colunas e pinturas internas.
Construído em 1927 por Francisco Loureiro, o imóvel possui dois andares, com
escadarias de mármore rosa importado da Itália, colunas romanas e azulejos alemães. "O casarão possui jardim, vitrais, madeira de lei", conta o
professor de História e pesquisador Waldir Rueda.
Conforme o pesquisador, o imóvel foi trocado pela viúva de Francisco Loureiro, Genésia
de Souza Loureiro, com a Cúria Diocesana, por uma casa localizada na Avenida Ana Costa, em 31 de dezembro de 1947.
Símbolo do auge do período cafeeiro, o casarão ainda abriga uma capela. Em 25 de julho
de 1928, um documento assinado pelo papa Pio XI autorizou a celebração de missas no local.
"A primeira missa foi celebrada por dom José Maria Parreira Lara (o primeiro bispo de
Santos)", lembra o professor de História.
Caso o imóvel seja tombado, praticamente todo o bairro da Pompéia ficará livre de
demolições. Rueda explica que todos os imóveis localizados dentro de um raio de 300 metros do prédio considerado patrimônio cultural ficam
protegidos de intervenções. "Não há porque não tombar o casarão. Ou se aprova pelo Condepasa, ou judicialmente".
Planta arquitetônica do casarão da Rua Euclides da Cunha, 247, no bairro santista da
Pompéia
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Imagem cedida a Novo Milênio pelo historiador Waldir Rueda Martins
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