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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (C)
A qualidade de vida em questão (6)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. A crescente falta de espaço impediu que continuassem surgindo as vilas na área insular santista, como destaca esta matéria, publicada no jornal santista A Tribuna em 13 de março de 2005:
 


CONDOMÍNIOS - As vilas residenciais proporcionam um ar bucólico à paisagem urbana de Santos. Maioria dos locais concentra casas e sobrados
que oferecem conforto e tranqüilidade aos moradores
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

CONDOMÍNIOS
Conforto e segurança são os atrativos das vilas residenciais

Elas surgiram na década de 70 e dão tranqüilidade a seus habitantes

Luiz Gomes Otero
Da Reportagem

Elas se encontram consolidadas em vários bairros da Cidade, proporcionando um certo ar bucólico para a paisagem urbana. São as chamadas vilas residenciais, que concentram casas e sobrados térreos, com infra-estrutura semelhante à de um condomínio convencional.

Não há um levantamento preciso sobre quantos conjuntos residenciais existem em Santos com essas características. Especialistas indicam que eles se proliferaram com maior intensidade ao longo da década de 70, em função da maior oferta de terrenos observada naquela época.

Dois deles estão situados no Bairro da Aparecida. Um é o Conjunto Residencial Montenegro, na Alameda Montenegro, com acesso pela Avenida Epitácio Pessoa, próximo da Avenida Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6). O complexo possui 23 casas com área construída variando de 180 a 250 metros quadrados.

A infra-estrutura conta com uma pequena praça na área comum interna do núcleo, que tem os gastos com iluminação e serviços de limpeza rateados entre os proprietários. O serviço de portaria também está incluído no rateio das despesas.

O síndico do conjunto é João Evangelista Danelon, que reside há 27 anos no local. "Criei meus filhos aqui. O que mais me atraiu, além do conforto, é a segurança. Ninguém entra aqui sem ser anunciado pelo vigia na portaria".

Ele conta que residia em uma casa no Embaré. "Era uma realidade bem diferente. Aqui, todos se conhecem e se respeitam. Há um consenso quanto à conservação do núcleo".

23 casas

com área construída de 180 a 250 metros quadrados pertencem ao Conjunto Residencial Montenegro, na Aparecida

 

Diariamente, pessoas param na portaria perguntando se existem casas à venda. "Há uma procura muito grande, embora a rotatividade seja bem pequena. A maioria dos moradores atuais está aqui desde a inauguração do conjunto".

Outro conjunto existente no bairro é o Rosamar, com entrada pela Avenida Epitácio Pessoa, 448, que possui 30 casas com 157 metros quadrados cada, em média. Inaugurado em 1971, o conjunto mantém serviços de portaria com vigilância e iluminação da via central de acesso às residências.

O síndico do conjunto é Marcos Alonso, que também destaca a segurança como o item mais fundamental. "No meu caso, comprei esta casa porque era maior e oferecia mais comodidade para a minha família. Mas é inegável que a segurança que temos aqui é bem maior do que em um edifício vertical".

Cada proprietário responde pela limpeza da área frontal de sua residência. As despesas de água e luz das áreas comuns são rateadas, bem como as dos serviços de vigilância.

Alonso destaca o clima tranqüilo nas reuniões entre os proprietários. "Aqui, nós mantivemos toda a fachada original, porque dá um certo ar de uniformidade ao conjunto. Não há aqueles desentendimentos rotineiros que vemos nas assembléias de condomínios".

Situado na Rua Oswaldo Cruz, ao lado do complexo da Universidade Santa Cecília (Unisanta), o Conjunto Residencial Boqueirão chama a atenção pelo visual bucólico, proporcionado pela manutenção das características originais dos sobrados.

A síndica Rita de Carvalho Silva informa que existem 36 moradias, sendo 18 térreas e 18 na parte superior da edificação. "Eu moro aqui há 44 anos, praticamente desde o início. Durante esse tempo todo, houve algumas vendas, mas foram poucas".


No Boqueirão, paisagem bucólica desperta curiosidade.
Sobrados mantêm características originais
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

Praticamente não há casas deterioradas

Além de proporcionar um ambiente mais aprazível, a vila residencial também contribui para aproximar as pessoas que residem no núcleo. Esta é a opinião do coordenador do curso da Faculdade de Arquitetura da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Nélson Gonçalves de Lima Júnior.

Para reforçar o seu ponto de vista, Lima Júnior cita o estado de conservação das edificações. "Há pouquíssimos casos de casas deterioradas nessas vilas. O mesmo não ocorre com uma parcela dos edifícios com três ou mais andares da Cidade".

 

Contato entre os vizinhos é uma constante

 

Conforme salientou, este sentimento coletivo de preservação é estimulado pela maior proximidade entre os moradores locais. "Quem mora em uma casa dentro de uma vila residencial conhece pelo menos a maioria dos proprietários. Não existe aquele distanciamento que constatamos em um condomínio vertical, onde algumas pessoas sequer sabem quem vive nos demais apartamentos do prédio".

Para o especialista, a tendência atual do mercado imobiliário aponta para a verticalização. "Isto vem ocorrendo em função da liberação do gabarito dos imóveis, prevista na última revisão feita no Plano Diretor do Município pela Prefeitura. Desde então, aconteceram lançamentos de prédios maiores, que vêm se destacando na paisagem urbana".


Lima Jr. destaca preservação
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Escassez de terrenos impede novas obras

As vilas residenciais são apontadas por especialistas do setor como as mais visadas pelo público interessado em adquirir um imóvel. Entretanto, com a pouca oferta de áreas disponíveis em Santos, não há uma perspectiva segura de que elas possam vir a ser implantadas no futuro.

A Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) informou que não há um estudo técnico em andamento visando a implantação de novas vilas residenciais na Cidade. A proposta pode ser discutida durante a revisão do Plano Diretor do Município.

O presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), Domingos Augusto Nini de Oliveira, explicou que o que dificulta a vinda de empreendimentos nessas características é a baixa oferta de terrenos na Cidade. "Essa escassez provoca uma supervalorização dos imóveis. Quem compra uma área de mil metros quadrados não consegue recuperar o investimento construindo um conjunto residencial com casas térreas. Acaba sendo obrigado a verticalizar o empreendimento".

Para Oliveira, a vila residencial representa o sonho de qualquer comprador de imóvel. "Não tenho dúvidas de que, se implantadas, as unidades seriam vendidas em pouco tempo. Mas, no caso de Santos, não vejo condições para implantá-las".


Limpeza e arborização tornam o ambiente mais aconchegante
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

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