Foto de 1930: exposição mostra caminhões aguardando embarque entre os armazéns 21 e 22
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ANIVERSÁRIO
Sindisan comemora 60 anos e resgata história
O sindicato apresentou ontem o prédio reformado, que conta agora com uma galeria e anfiteatro com 80 lugares
Da Reportagem
Antecipando as comemorações do 60º aniversário, o Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan) apresentou ontem, aos
associados e convidados, a conclusão das reformas no prédio da entidade, na Rua Dom Pedro II, 89, no Centro. O Sindisan completa 60 anos em 1º de agosto deste ano.
Totalmente reformada, a edificação - construída no início do século - foi revitalizada, depois de uma série de obras realizadas nos últimos sete meses. Dez profissionais estiveram envolvidos
no projeto. Além de nova pintura, a área interna do prédio também sofreu mudanças nas partes hidráulica e elétrica.
Mesmo fora do perímetro estipulado no Projeto Cores da Cidade, o prédio do Sindisan teve a reforma assessorada por um arquiteto do programa, que desenvolveu trabalho semelhante ao que está
sendo feito em outros edifícios da região central.
O anfiteatro do Sindisan, com 80 lugares, ganhou novo acabamento, além de sistemas de TV, som e vídeo. No hall de entrada, uma galeria expõe fotos e pinturas a óleo de ex-presidentes da
entidade. As fotografias do início do século retratam as carroças, meio de transporte utilizado naquela época.
Nova comemoração - Assim como os 60 anos do Sindisan, 1997 também marca a comemoração dos 75 anos do Centro dos Proprietários de Veículos de Santos (CPVS), fundado em 24 de janeiro de
1922. É a segunda entidade representativa do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) mais antiga do País. A primeira foi instalada no Rio de Janeiro cinco anos antes.
Desde 1981, o CPVS faz parte do Centro Empresarial do Transportador Rodoviário de Cargas da Baixada Santista (Cetrans), que congrega, também, o Sindisan e a Associação Brasileira das Empresas
Transportadoras de Contêineres e Terminais Retroportuários (ABTTC).
Na época em que foi fundado o CPVS, o Brasil vivia o auge do ciclo do café, principal produto de exportação do País. Os caminhões eram raríssimos e todo o transporte de cargas era
feito por carroças.
O conceito de empresa de transporte era totalmente diferente do adotado hoje. Qualquer loja ou estabelecimento que possuísse um veículo para a entrega de mercadorias no perímetro urbano de
Santos (a ferrovia era o modal utilizado nos demais casos) seria considerado uma transportadora.
No início do século XX, o cais santista, já com acostamento em amurada, mas tendo operação de carga integralmente manual, e ainda o uso de carroças para o transporte urbano
Imagem: acervo do professor e pesquisador santista Francisco Carballa
Congregação - Participaram da fundação do CPVS 22 empresas. O objetivo, segundo a Assessoria de Imprensa do Sindisan, era congregar os empresários, criar um espaço para a troca de
informações e reivindicações ao Governo.
"O centro foi criado para reunir a classe e assessorá-la nas rigorosas fiscalizações que a Prefeitura promovia para a cessão de licenças para o trânsito de carroças", conta Albino Vivian Eiróz,
proprietário da Vivian & Cia. Ltda., um dos mais antigos transportadores da Baixada, hoje aposentado. Sua empresa encerrou as atividades há três anos.
"Além disso, pela primeira vez no País, o TRC formulava uma tabela de fretes para as muitas especialidades do transporte, em especial a de sacas de café", completa Albino. O CPVS também foi
pioneiro nas negociações com os rodoviários, já organizados em sindicatos muito antes da fundação do centro. "Nós conseguimos unificar as negociações salariais com os trabalhadores", recorda.
Dificuldades - Com a Segunda Guerra Mundial, o CPVS se viu às voltas com o racionamento de combustível. O Governo fornecia bônus e o centro repassava-os aos associados de acordo com o
tamanho da frota. Os transportadores não associados encontraram dificuldades para manter os tanques cheios.
Outra história que Albino recorda é a do terreno onde foi construída a sede do centro e que hoje abriga o Sindisan. "Nós precisávamos de uma sede; por isso, compramos um terreno e passamos a
construí-la. O dinheiro das mensalidades não cobria os gastos. Assim, criamos um sistema de contribuição sobre o valor das notas fiscais. Cada transportador associado doava 1% da fatura para o CPVS. Esse sistema durou 20 anos", recorda.
Na década de 60, o CPVS passou por um período de intervenção. Albino conta que o motivo foi a saída de muitas empresas associadas que mudaram de atividade. "A liberação do transporte do café
por rodovias para outras cidades (antes, somente os trens podiam fazê-lo) decretou o fim de muitas empresas que não se prepararam para os novos tempos". As atividades do CPVS diminuíram drasticamente até 1980.
Neste ano, os transportadores rodoviários uniram-se ao CPVS, fortalecendo, assim, o Sindisan e o Cetrans. De lá para cá, o sindicato já teve quatro presidentes: Júlio Cândido Fernandes, José
Villarino Cortês, Flávio Benatti e, atualmente, Marcelo Marques da Rocha.
Porto de Santos em 1908: veículos motorizados começavam a substituir as carroças,
mas o café ainda seguia para bordo nos ombros dos estivadores
Foto: cartão postal da época
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