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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TRANSPORTES
O terminal de ônibus do Valongo (3)

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Em 1992, foi inaugurado o terminal de integração de passageiros situado no bairro do Valongo. A instalação mudou significativamente o aspecto da área e o fluxo do trânsito na cidade. Até então, o terreno ao lado da Estação Rodoviária de Santos era usado apenas como estacionamento para usuários que deixavam seus carros ali e viajavam de ônibus para outras cidades. Em 6 de junho de 1992, o diário oficial santista, D.O. Urgente, publicou assim a notícia da inauguração do terminal:
 


O terminal poderá operar 200 ônibus/hora
Foto: Francisco L.Rubio, publicada com a matéria

Hoje tem inauguração em Santos

O Terminal Urbano de Integração de Passageiros "Rubens Paiva" será inaugurado pela prefeita Telma de Souza às 10 h de hoje, dia 6, em solenidade que contará com a presença de autoridades e familiares de Rubens Paiva, entre eles a viúva Eunice e o filho, o escritor Marcelo Rubens Paiva.

Após a cerimônia, aberta com a execução do Hino Nacional pela banda militar e o descerramento da placa inaugural, será desenvolvida ampla programação, com desfile de bandas e fanfarras; show do grupo de animação da Guarda Municipal, que colocará quatro motos para passeios com as crianças; inauguração do novo ônibus-biblioteca da Secretaria de Cultura (Secult); apresentação do Projeto "Dança na rua" da Secult; e atividades recreativas organizadas pela Secretaria Municipal de Esportes (Semes). A participação em todos os eventos é aberta ao público.

O Terminal entra em operação comercial na madrugada de domingo, dia 7, a partir das 5 h, quando começarão a circular as oito linhas distribuidoras (do Terminal para o Centro, Bairros, Cais e Praias) e seis das novas linhas da Zona Noroeste. Também entra em operação domingo o primeiro dos três circulares que serão criados entre a Zona Noroeste e o Centro da cidade, sem parar no Terminal. Será a linha 87, cobrindo o itinerário Dale Coutinho/Paquetá, via Av. Manoel Ferramenta Jr.

O cancelamento de linhas com saída da Zona Noroeste e a entrada em operação das novas linhas que ligarão a ZN ao Terminal será feito semanalmente, sempre aos sábados, à exceção desta primeira semana, devido à solenidade oficial de inauguração. O processo deverá estar concluído dentro de um mês. Os usuários serão avisados com uma semana de antecedência, através de panfletos distribuídos nos ônibus, pelos cobradores, das próximas linhas a serem desativadas e das que entrarão no lugar.

TUDO PELA CIDADE/PERFIL

Quem foi Rubens Paiva

Rubens Paiva
Foto publicada com a matéria

O santista Rubens Beyrodt Paiva nasceu no bairro do Boqueirão, em 26 de dezembro de 1929, onde morou algum tempo, até sua família (pai, mãe e cinco irmãos) fixar residência em São Vicente. Cursou o ginásio no tradicional Colégio Santista e ingressou na Faculdade de Engenharia da atual Universidade Mackenzie, em São Paulo. Maria Eunice Faciola se tornou sua esposa em 1952 e o casal teve cinco filhos.

Em 1954 formou-se engenheiro e montou firma – a Paiva Construtora. Em 1962 foi eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Durante o exercício do mandato, foi relator da CPI que investigou as atividades de entidades consideradas de direita: o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), quando, junto com outros parlamentares, teve acesso a contas bancárias das instituições, onde constavam remessas vindas do exterior. Foi também vice-presidente da Comissão Permanente de Transporte do Congresso.

Cassado pelo golpe militar de 1964, foi exilado na embaixada da Iugoslávia e, depois, em vários países da Europa. Retornou ao Brasil no final daquele ano e reassumiu seus serviços de engenharia na Paiva Construtora. Com a ampliação da firma, abriu uma filial no Rio de Janeiro, em 1967, e se mudou para aquela cidade. Aos 46 anos, no dia 20 de janeiro de 1971, foi preso pelos órgãos de segurança e encaminhado para as dependências do DOI-CODI da R. Barão de Mesquita, no Rio. Nunca mais foi encontrado.

Apesar dos esforços da mulher Eunice, e dos filhos Vera, Eliana, Ana Lúcia, Beatriz e Marcelo (autor do livro Feliz Ano Velho), até hoje Rubens Paiva continua, oficialmente, na lista dos desaparecidos no Brasil. Seu nome consta do arquivo da Anistia Internacional, que registra sua morte pelos órgãos de repressão brasileiros.