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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ESTRADAS
Novas rodovias e ferrovias, em 1939

No regime do Estado Novo, a ordem era marchar para o interior do país
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Na sua edição especial de 15 de novembro de 1939, comemorativa do cinqüentenário da Proclamação da República - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


O sr. Adhemar de Barros inspecionando as obras da Via Anchieta
Foto publicada com a matéria

A via Anchieta e a eletrificação da Sorocabana

Raramente o departamento de Estado que cuida das nossas obras públicas teve em mãos tanto serviço. Alguns deles são mesmo capitais para a economia paulista. Só em estradas mais de mil quilômetros foram entregues ao tráfego. Dessas estradas cumpre destacar a Via Anchieta, a que ligará, por um leito cômodo e mais curto a capital a Jundiaí e as que vão dar acesso ao litoral, notadamente à zona da Ribeira de Iguape, cujos tesouros minerais o sr. Adhemar de Barros acaba de incorporar à riqueza paulista.

Em discurso pronunciado em fins do ano passado (N.E.: 1938), o interventor Adhemar de Barros prometeu aos paulistas que 1939 assistiria à realização de um grandioso plano destinado a aumentar sensivelmente a rede de estradas do Estado. A promessa, como sói acontecer aos homens de bem, vai sendo cumprida galhardamente.

Nunca é demasiado pôr em relevo a importância econômica dos novos trechos de rodovias já entregues ao público pelo Departamento Estadual de Estradas de Rodagem. Esses trechos, já prontos, fazem parte de um sistema rodoviário mais vasto, que o governo espera concluir até dezembro próximo. Integrando esse sistema acha-se o trecho que ligará Taubaté a Ubatuba. Basta a referência a tais cidades para se avaliar o critério do rendimento técnico e econômico que presidiu a abertura das novas rodovias.

Ligar Taubaté a Ubatuba é, sobretudo, favorecer o reerguimento econômico do Vale do Paraíba. Acresce, ainda, a circunstância de que, segundo recentes declarações do sr. ministro da Viação, general Mendonça Lima, será concretizada, em breve, a ligação por ferrovia, de Mogi das Cruzes ao porto de S. Sebastião - significam tais empreendimentos a certeza de novas possibilidades, não só para o fomento de toda a produção do Vale, como para o seu escoamento. Mais tarde, a ligação de Cunha a Angra dos Reis completaria a obra iniciada com tão evidente reverência às necessidades de nossa economia regional.

Agora, é o início da construção da nova rodovia S. Paulo-Santos. Com ela, e numa extensão de 60 quilômetros, quatorze dos quais no trecho da serra, terá São Paulo aberto um novo caminho para o mar.

Caminho mais curto e sem os inconvenientes ocasionados pelos declives da antiga Estrada do Mar. Além do que, na palavra dos técnicos, a viagem entre a capital e o grande porto cafeeiro será de 45 minutos apenas, sobre piso magnífico, observadas condições técnicas irrepreensíveis. Da rapidez com que vêm sendo executados os trabalhos, dão-nos conta as seguintes referências: os trabalhos de terraplenagem do planalto estarão concluídos no tempo máximo de oito meses e os da serra, iniciados antes do fim deste ano.

São caminhos que se abrem para a beleza e prosperidade de S. Paulo. Cuida o interventor Adhemar de Barros de, através deles, estabilizar - dando-lhes inéditas possibilidades de expansão - sua inteligente política de fomento das várias fontes de riqueza do Estado.

E é esse precisamente o maior mérito do plano rodoviário ora em execução. Trata-se de um sistema em que não se cogita apenas de abrir estradas, mas de construir estradas de acordo com as exigências de nossa organização econômica. Fomentar as fontes de riqueza disponíveis do Estado, dando, porém, a esse plano de revitalização econômica o indispensável corolário da política de transportes, a ele entrosada, tal é, em síntese, o admirável pensamento do interventor Adhemar de Barros.

Sabe S. Paulo que ele está com a razão, e é, sua política, a política reclamada por todos os paulistas para os quais governar é, acima de tudo, servir ao bem comum, para consolidação de um Estado humano.

Não menos admirável é o esforço da administração paulista para aumentar e melhorar nossa rede ferroviária.

Dois acontecimentos de vulto marcam o sentido da política ferroviária do atual governo paulista: o prolongamento da Estrada de Ferro Araraquara a Porto Taboado, nas divisas de Mato Grosso, e a eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana.

O prolongamento da Araraquarense às fronteiras do vizinho Estado traz-nos benefícios incalculáveis. Vários são os aspectos por que podemos encará-lo, mesmo sumariamente. O primeiro reside na feição política da iniciativa. Esta responde à ordem do Estado Novo, que é a da "marcha para o Oeste", tantas vezes posta em relevo pelo presidente Getúlio Vargas. S. Paulo, mais uma vez, fiel à sua missão de desbravar caminhos, contribui, através do prolongamento da Araraquarense, com um ideal longínquo e caro.

Outro aspecto é o militar. Nossos técnicos concedem uma importância estratégica decisiva a todas as vias de penetração que demandam o Estado de Mato Grosso. O governo federal já baixou decreto-lei dispondo sobre a nacionalização de nossas zonas fronteiriças, como medida preliminar para instalação nelas de mais amplas bases militares, necessárias à estruturação da defesa nacional. É claro que o prolongamento da Araraquarense contribuirá bastante para a consecução dos objetivos visados pelo governo federal.

A importância econômica de que se reveste a iniciativa do interventor Adhemar de Barros dispensa comentários. Esse é o seu programa administrativo. E dele é magnífica ilustração o exemplo da Sorocabana. Saibam os paulistas que a referida eletrificação será realizada sob um critério de surpreendente economia de gastos. Vejamos por quê. É fora de dúvida que, além de, por largo espaço de tempo, dispensar a aquisição de locomotivas novas, a tração elétrica aumenta a capacidade do tráfego.

Ora, tal aumento importa em considerável economia, produzindo, com serviço melhor, em maior escala. Os cálculos feitos, a respeito, pelos técnicos, refletem não só o que se faz em todos os países, onde a eletrificação - moderna e imprescindível - vem substituir mais antigos sistemas de tração como também mostram, com abundância de detalhes, a considerável economia decorrente dessa realização.

Vê-se, assim, a extensão da iniciativa que acaba de tomar o interventor Adhemar de Barros. Eletrificar um largo trecho da Sorocabana, pagando os serviços com o produto da economia que com a eletrificação proporciona - eis, em síntese, o presente que o atual governo dá aos paulistas, sempre tão ciosos do progresso de sua terra.


O interventor observando os trabalhos de construção da via Anchieta
Foto publicada com a matéria

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