Um jornal da Capital já classificou Molina como um dos maiores artistas do Brasil
Um artesão sem apoio...
Sua imaginação vai longe, as mãos trabalham com precisão e
aos poucos Manoel Josete Molina dá vida aos bonecos. Dezenas de bonecos de madeira que movimenta por meio de um manejo feito com arruelas, arame e
sucata. Podem ser grandes ou pequenos, e estão sempre inseridos em um mundo bem particular como um parque de diversão, um bar ou um dia no drama
de Cristo.
Desde criança, Molina andava com essas coisas de fazer arte na cabeça. Ficava admirado de ver como o Italiano,
um conhecido seu, reproduzia as feições de qualquer pessoa em bonecos de barro. Tentou fazer o mesmo e descobriu que tinha jeito. Primeiro usou
barro, depois gesso. Uma ocasião tentou pincéis e tintas coloridas. Nunca estudou nada a respeito do assunto: já nasceu artista.
Atualmente, trabalha mais com madeira. Seus bonecos já estiveram no Maranhão e no Rio de Janeiro, a convite da
Funarte, fora as muitas exposições em São Paulo e Santos. Acumulou centenas de elogios, mas nunca recebeu ajuda financeira, nem mesmo da
Secretaria de Turismo de Santos, apesar de ser um grande divulgador da Cidade.
Mora na subida do Morro do José Menino, em um cômodo que lhe serve de quarto, cozinha e ateliê. "Não acho arte
difícil. O difícil é sempre o meio de poder fazer. O meio é financeiro", diz com seu jeito simples e não esconde o constrangimento: "Eu não
poderia estar morando em um lugar como este".
Apesar da arte lhe render muito pouco em termos financeiros, não desiste, trabalha e faz planos, sempre. Já está
pensando em montar a Paixão de Cristo com 500 figuras e falada. Imagina tudo direitinho e espera apoio para executar o projeto.
No mais, sonha em conseguir um lugar para guardar seus trabalhos, pois a sala oferecida pelas faculdades Santa
Cecília já se tornou pequena. Molina deparou com muito espaço ocioso sob as arquibancadas do ginásio co Colégio Canadá e vai tentar a cessão junto
aos responsáveis pela escola.
Como se vê, não pede muito esse artista de 65 anos de idade, habilidoso como poucos.
O Espanhol cria peixinhos, mas a grande atração é o passarinho que o beija
na boca
...e o homem dos peixinhos
Tudo começou por acaso: seu José Cid, o Espanhol,
ganhou dois casais de peixes, comprou mais um e os deixou em um laguinho no quintal. Eles se reproduziram de tal forma que, três meses depois, o
lago estava repleto daqueles animais pequenos e coloridos. Hoje, passados quase 20 anos, o Espanhol tem nada menos que 11 lagos e perdeu a
conta da quantidade de peixes que possui.
Pois é. O Espanhol tomou amor pela coisa e conhece mais de peixes do que muitos especialistas que
passaram a vida sobre livros. E seu quintal, numa encosta do Morro do José Menino, se transformou em uma atração turística.
Aposentado e tranqüilo, o homem sente o maior prazer do mundo em percorrer os lagos, mostrar e alimentar os
levistes, os espadas, os paratis, os paulistinhas e os chamados véus-de-noiva e tantos outros. Só não mostra para todos os visitantes o seu
coleirinha fêmea de estimação. O pequeno pássaro faz coisas incríveis: beija seu Cid, limpa o bico quando ele manda, deita em uma
pequena cama de madeira e, com um pedacinho de palito de fósforo no bico, faz de conta que está fumando.
A ave aprendeu tudo naturalmente, em troca do carinho com que é tratada. Já ofereceram milhões por ela, mas
seu Cid não a vende por dinheiro nenhum. |