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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Menotti del Picchia (1)

Um dos expoentes da cultura brasileira no contexto da Semana de Arte Moderna de 1922, Paulo Menotti del Picchia freqüentou a cidade de Santos, participou de seus carnavais, foi paraninfo em escola, publicando artigos regulares no jornal santista A Tribuna, sobre temas da cidade e região. Sua biografia foi publicada no Jornal de Poesia, de Fortaleza (Ceará), por Alisson de Castro, em 2 de janeiro de 1998:


Menotti del Picchia aos 10 anos de idade
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP

Menotti Del Picchia

Paulo Menotti del Picchia nasceu em São Paulo, em 1892. Fez seus estudos secundários em Pouso Alegre, Minhas Gerais, onde aos 13 anos de idade, editou o jornalzinho Mandu, nele inserindo suas primeiras produções literárias. Viveu em Itapira, cidade do interior paulista, e aí editou Juca Mulato, sua obra de maior repercussão, que já teve dezenas de edições.

É autor de romances, contos e crônicas, de novelas e ensaios, de peças de teatro, de estudos políticos e de obras da literatura infantil. Fundou jornais e revistas, foi fazendeiro, procurador geral do Estado de São Paulo, editor, diretor de banco e industrial. Fez pintura e escultura. Foi deputado estadual e federal. É tabelião e ocupou diversos e altos cargos administrativos. Pertence às Academias Paulistas e Brasileira de Letras.


Menotti del Picchia e sua família
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP

Menotti del Picchia teve destacada atuação no movimento modernista. Preparou, com Oswald de Andrade, o advento da nova tendência literária e artística, sustentando a polêmica com os passadistas, antes e depois da Semana de Arte Moderna. Em seguida, foi aguerrido defensor da doutrinação Verde e Amarelo, opondo-se ao Oswald de Andrade de Pau Brasil e Antropofagia. Defendeu também os ideais do Grupo da Anta, que superavam os propósitos verdeamarelistas.

Participou da Semana de Arte Moderna, sendo mesmo o seu orador oficial, apresentando, na festividade, os poetas e prosadores que exibiam, então, as produções da literatura nova. Suas crônicas no Correio Paulistano, de 1920 até 1930, como que constituem um "diário do modernismo", registrando, quase que quotidianamente, os entusiasmos, as raivas, as lutas e as desavenças da sua geração.


Antonieta, Menotti del Picchia e família
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP

A poesia da fase modernista de Menotti del Picchia é colorida e engenhosa, padecendo do excesso das imagens. Abusa dos elementos plásticos, dos efeitos pitorescos e verbais. Mas, como todos os seus defeitos, que decorrem da atitude polêmica assumida, fecundou de idéias o período histórico que viveu, e que ajudou a desenvolver, sacrificando até a realização de obra poética de maior ressonância que podia dar.

Poetando agora de raro em raro, controla os seus modismos e as invenções audaciosas, do que resulta uma poesia comunicativa e emocionada. "Nenhum dos seus livros modernistas" – escreve Manuel Bandeira – "superou o êxito de Juca Mulato, onde o poeta se apresenta em sua feição mais genuína".

[Remetida por Cícero Magalhães]


Menotti del Picchia
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP


Menotti del Picchia, entre amigos
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP

Obras publicadas:

Poesia e Prosa
Poemas do Vicio e da Virtude (1913), Moisés (1917), Juca Mulato (1917), Máscaras (1919), A Angústia de D. João (1922), Chuva de Pedra (1925), Poemas de Amor, O Amor de Dulcinéa (1926), Poesias (seleção, 1958), Poemas, República dos Estados Unidos do Brasil (1938), O Vôo, O Deus sem Rosto (introdução de Casisano Ricardo, 1968).

Romances
Flama e Argila (1920, após a 4ª edição intitulou-se Tragédia de Zilda), Laís (1921), Dente de Ouro (1923), O Crime Daquela Noite (1924), A República 3000 (1930, posteriormente intitulado A Filha do Inca), A Tormenta (1932), O Homem e a Morte, Kalum - O Mistério do Sertão (1936), Kummunká (1938), Salomé (1940), A Filha do Inca (1949), O árbitro (1958).

Contos, crônicas e novelas
O pão de Moloch (1921), A Mulher que Pecou (1922), O nariz de Cleópatra (1922), Toda Nua (sem data), A Outra Perna do Saci (1926), O Despertar de S. Paulo - Episódios dos séculos XVI e XX na Terra Bandeirante, Natal, O Peixe, Villa-Lobos, Comeram um Homem, O Gato Preto, O Guarda-Chuva, O Bailado com a Morte, As Sogras.

Ensaios e Monografias
A Crise da Democracia, A crise brasileira - Soluções  Nacionais (1935), Pelo Divórcio, A Revolução Paulista - Ensaio de Exposição do Pensamento Bandeirante (1932), Por Amor do Brasil (discursos parlamentares), O Governo Julio Prestes e o Ensino Primário, O Curupira e o Carão (com Plinio Salgado e
Cassiano Ricardo), O Momento Literário Brasileiro, Sob o Signo de Polymnia (discursos).

Teatro
Jesus - Tragédia sacra em versos (1958), Suprema Conquista (1921), D. Quixote, O Covarde, O Íncubo, A Fronteira, Máscaras.

Literatura Infantil
As Viagens de Pé-de-Moleque e João Peralta, Pé-de-Moleque e João Peralta no País das Formigas, Novas aventuras de Pé-de-Moleque e João Peralta.

Os últimos vôos
O Momento, Cromo, Noite, Velha Canção, Prostituta, Canção de D. João Tenório, O Aranhol, A Paz, Destino, Cantiga do Sapateiro, Uma História, 25 Anos, Lola, Poema do Vento, Carolina, Os mortos, Jardim Tropical, Noturno, Bairro da Luz, Soneto, Piedosa Mentira, O Beco, Humilde Súplica.

Memórias
A Longa Viagem (1º Etapa, 1970), A Longa Viagem (2º Etapa, 1972)

Obras completas
A Noite (10 volumes), Obras de Menotti del Picchia (Livraria Martins Editora, 14 volumes), Entardecer (antologia de prosa e verso, 1978).


Posse de Menotti del Picchia na Academia Brasileira de Letras, em 1943 (cadeira nº 28)
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP


Menotti del Picchia, aos 90 anos de idade, com uma de suas principais obras, Juca Mulato
Foto: acervo da Casa de Menotti del Picchia, de Itapira/SP

(Algumas) crônicas de Menotti del Picchia em A Tribuna de Santos:

Um dia no Miramar (24/7/1919)
Arte Moderna (5/1/1920)
Massaranduba (8/2/1920)
Batalha em Santos (27/1/1921)
A delícia de falar mal (c.1922)


Imagem: assinatura de Menotti del Picchia, em clichê, no final de sua crônica em A Tribuna

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