III – CAVALEIRO DO IDEAL
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O sistema da Moral é um conjunto de regras universais, pelas quais a humanidade dirige e aperfeiçoa a vida individual, doméstica e social,
segundo a interpretação de Laffite. Sob o ponto de vista da universalidade das relações entre todos os povos, este sistema deve assentar sobre uma doutrina geral que seja ao mesmo tempo real e útil, homogênea e unida, a fim de permitir a solução de
todos os problemas.
Não basta a vaga declaração de fraternidade, permitindo-se ainda crimes de lesa-humanidade, é necessário saber o grau e de que forma satisfazer às condições da afeição e do devotamento, de acordo com
a Moral, que indique aos governos o caminho a trilhar.
Nada há realizado e faz-se mister determinar essa Moral, segundo o conhecimento verídico da nossa natureza e da nossa situação, alicerçado no espírito científico que se constitui de regras puramente
humanas nas bases, no destino e nos meios de realização.
Científica nas bases, a Moral se firma na observação do mundo e da natureza humana, eliminando como fictícias as soluções onde a humanidade não intervenha na qualidade de intermediária entre o mundo
e o homem. Essa observação em geral é feita pelos poetas, moralistas e historiadores.
Científica no destino, a Moral tem um fim puramente terrestre, visível e verificável, sem considerar a existência duma vida futura e hipotética, depois da morte. Somos cidadãos da Terra, só ela nos
interessa, cujas finalidades são relativas e de acordo com o momento. Só há uma ciência, a Moral, e qualquer estudo que não vise a existência e o desenvolvimento da Humanidade não possui valor.
Científica nos meios de realização, a Moral não emprega senão sanções estritamente humanas, sem intervenção de crenças ou esperanças sobrenaturais. Não interessa o que pensam teólogos, porque há
deveres mais piedosos e urgentes a cumprir na Terra, tal como fazer desaparecer o vício, a ignorância e a miséria, para o que será necessário modificar o regime que ainda permite isso na sua máquina administrativa, contando com o próprio esforço
para orientar os negócios terrestres, emancipando-nos das superstições a fim de atingirmos a plena maturidade espiritual, quando os fenômenos morais e sociais fizerem parte da ciência.
A moral positiva interessa aos homens de Estado e às almas superiores da Terra, porque depois do desaparecimento da moral teológica ou católica será necessário o ressurgimento da moral científica.
Perante questões graves que se agitam na sociedade, não bastam inspirações, a República quer cidadãos que estabeleçam regras sobre a propriedade e as relações mútuas entre ricos e pobres, anulando as diferenças econômicas.
Não se pode aceitar como solução a caridade para os necessitados que se revoltam contra essa argumentação da esmola no sentido de paliativo da miséria. A solução será encontrada na moral que abranja
todos os setores da administração pública da nação e do mundo, constituindo uma política verdadeiramente universal, baseada na ciência.
O positivismo satisfaz a esta necessidade de união de todos os espíritos ativos. O advento da moral positiva, com a humanidade por base, fim e sanção, é o coroamento do evolver da nossa espécie. As
soluções positivistas não são perfeitas, mas são boas; a perfeição não se obtém à primeira vista. Se as soluções fossem perfeitas seriam absurdas. Há, pelo fato da nossa situação e natureza, inconveniências e imperfeições que indicamos.
A moral positiva é o sistema mais completo e melhor que existe, porque estabeleceu uma Providência real, diferente das Providências fictícias. A Providência real é a humanidade. Esta é a conclusão
final a que chegou a Filosofia Positiva, síntese das conclusões gerais das diversas ciências e elo das leis que as regulam. A conclusão final, remate das conclusões gerais, forma o alicerce (dogma) da religião da humanidade.
Devemos amar a Humanidade como se ama a uma mãe, porque ela nos criou o que somos, física, moral e intelectualmente, e construiu lentamente a civilização de que agora auferimos todos os benefícios. À
medida que a Humanidade progride moral e materialmente, a felicidade individual aumenta. A nossa fortuna, ou sorte, ou destino, está ligada a ela e dela dependemos. Os indivíduos devem, pois, concorrer com o melhor dos seus esforços para o
aperfeiçoamento da humanidade, servindo-a e aprendendo a conhecê-la.
Amar, conhecer e servir a Humanidade, é o dever e o interesse de todo o homem. Amemos, pois, concitava Martins Fontes. Por nossos afetos alcançaremos aqui na Terra a bem-aventurança e os lenitivos da
doçura e da esperança. Multiplicar-nos-emos consolando com beijos. Bem amar é melhor que sermos amados. E os vivos cada vez mais são governados pelos mortos. Assim, também, devemos respeitar-nos sem abusarmos do nosso "eu", e amar-nos para
alcançarmos essa bem-aventurança. Este afeto fraterno nos protegerá.
As culpas mais graves são as que praticamos contra o coração. Feliz o poeta que no amor ultrapassou a natureza, sentindo a inanidade da vida; o que, sofrendo perdoa e vive com sacrifício para os
outros, praticando o bem; o que nada espera e descrê sem ódios, desprezando os louros da vitória; o que, vencido, sorrindo da vanglória, transformou a vida num poema com o pensamento em que, quem ao vencer se vence, abençoa a vitória. E é herói
duplo quem vence e perdoa.
A síntese subjetiva dos positivistas é constituída pelo concurso voluntário da inteligência, da atividade e do sentimento, para um mesmo fim - o bem da humanidade. No tumulto da existência, ninguém
pode se isolar ou observar escondido egoisticamente. Deve antes se agitar, visando o bem comum. Será glorificado, pois, todo aquele que fez da vida um poema e, no sacrifício pela causa, morreu cantando no cumprimento do lema: "Agir por afeição, e
pensar para agir".
Martins Fontes, ao iniciar a leitura da Imitação de Cristo, poema sem igual da Íntima Inspiração, encontrou um verso de tanta elevação, que estacou para meditar. Quando lia, isso era comum. O
autor desse livro era sábio, dizia Martins Fontes, e comparava o livro a um espelho inferior da Humanidade. O Poeta se deteve no seguinte conselho: "Já faz muito quem faz, sempre bem, o que faz". Na leitura da Imitação de Cristo, Augusto
Comte aconselhava que se substituísse a palavra Deus por Humanidade.
As consequências morais desta síntese objetiva, diferente da dos materialistas, serão: os homens se considerarão irmãos e se tornarão úteis uns aos outros; os fortes protegerão os fracos; os fracos
respeitarão os fortes; os povos civilizados ajudarão os povos retrógrados ou selvagens a lhes elevar o nível de cultura, respeitando-lhes os direitos e as liberdades, consagradas em seus usos e costumes.
O homem, sentenciava Martins Fontes, mais que algum outro animal, deve ter tais obrigações que somente produzam sentimentos. E nada se compara em prazeres na vida, consoláveis, como os sentimentos da
dedicação. Martins Fontes sentiu a fraqueza do seu caráter quando não se encaminhava ao mundo da pureza, barreira das paixões. Quanto mais analisava, estudava e pensava, mais verificava, na sua dúvida, que tínhamos um pé suspenso sobre a soleira da
verdade. Tudo, na Terra, é perdoável, relativo, e nada irrevogável senão a morte.
Ele, na solidão, ouvia sons íntimos, como os que lhe diziam que os maus precisavam mais de piedade que os bons. O homem, só, nada vale, mas unido à massa, sob um pensamento e uma ação, com um Ideal a
escudá-lo, é irresistível. Agita-se e na luta vence, arrasta, destrói, refaz e revela a força da vontade. Todos por um e um por todos. Este poder que não se torce é a potencial social chamada opinião.
Martins Fontes, para completar o sentido da fraternidade universal, imaginava o seguinte quadro: - Num cemitério, às três horas. os defuntos saem dos túmulos para o baile da confraternização. O vento
ulula nas frondes. Ricos e vilões abraçam-se como amigos, brincam livres como irmãos e confraternizam na vala comum.
Augusto Comte, afinal, tudo realizou; salvou e redimiu a humanidade, impondo a crença justiceira pela demonstração. O castigo contínuo humilhava. O Filosofo revelou, ante a cegueira das religiões,
que a poesia contém a razão certa que é a poesia do Amor. Ele organizou e conduziu, com as suas luzes, o seu semelhante, e legou às gerações vindouras a Paz Universal sobre a paz da consciência. Como asa aberta sobre o mundo, a Paz deve manter os
povos unidos, em ordem e progresso, vivendo em fraternal comunhão, levando a humanidade pelos caminhos da Aurora à Concórdia Universal.
Era, no entanto, o sentido da palavra Humanidade que Martins Fontes procurava sempre definir em toda a sua exatidão de conformidade com os ensinamentos do Mestre e dos discípulos, principalmente
Robinet, Bombard, Pompeyo Gener, exegetas da filosofia positivista.
Perante o espetáculo imenso dos fenômenos e seres da Natureza, a Humanidade aparece como o maior dos seres reais que Augusto Comte chamou o Grande Ser. O Grande Ser é o conjunto dos homens, passados,
futuros e presentes, que estabelecem a unidade, a eternidade e a imensidade do grande organismo. O conjunto da Humanidade se refere aos que são dignos de apreço pelos serviços que prestaram, em qualquer circunstância ou regime, ao progresso da
civilização, e também aos animais que auxiliam o homem.
Os grandes homens são os que, dotados de cérebro superior aos outros em inteligência e em moralidade, sentem os males dos seus semelhantes e procuram o remédio na paixão e no poder de fazer o bem, e,
trazendo aspirações elevadas e generosas, possuem gênio para ver o problema e resolvê-lo, enfim, que saibam, queiram e possam ser úteis à coletividade. Eles são necessários às transformações sociais, na qualidade de órgãos mais ou menos adaptados a
essa função, o que permite avaliar a sua grandeza sociológica e moral. Os indivíduos ociosos e os criminosos estão de fora desse conjunto.
Augusto Comte definiu a Humanidade: conjunto contínuo de seres convergentes. A Humanidade possui atividade espontânea, mantida e limitada pelo mundo exterior, sem influência alguma deste, e se
regulando por leis próprias; vive e se desenvolve independentemente do meio ambiente, com influência de tudo que a envolve e das aptidões particulares, evolvendo por efeito da sua organização, modo de vida e condições cosmológicas, onde se encontra
sem intervenções exteriores ou sobrenaturais.
Dum lado a Humanidade, do outro a Terra que é teatro, alimento e regulador da imaginação com espaço onde se move, são os elementos reais do grande problema do nosso destino, únicos objetos acessíveis
aos nossos afetos, pesquisas e ação. A família é o elemento fundamental da Humanidade, cuja reunião forma a cidade, a Pátria e a Humanidade, onde as classes representam as funções necessárias à conservação e desenvolvimento desta, em que a unidade
se consegue pela associação religiosa.
A Humanidade é sempre representada pelas gerações atuais, baseada na solidariedade dos contemporâneos, bem mais que baseada na continuidade dos antecedentes. No entanto, os benefícios da civilização,
acumulados durante séculos, proveem dessas gerações passadas que exercem sobre as atuais forte influência de incitamento ao prosseguimento da obra civilizadora.
Deriva daí a lei fundamental da ordem social: os vivos são cada vez mais dirigidos pelos mortos que representam a melhor porção da humanidade. Cada homem digno da veneração pública possui duas
existências: uma objetiva, modificável ou a existência corpórea e temporária, quando se encontra entre os semelhantes; outra subjetiva, permanente, fixa, definitiva, que resulta da recordação das obras criadas e dos serviços prestados, da grandeza
do caráter, cuja lembrança ininterrupta constitui a verdadeira imortalidade, que o positivismo reconhece à alma humana ou antes ao conjunto das faculdades morais, intelectuais e práticas do homem.
Resulta que o fim da nossa vida, sua regra e destino, consiste em vivermos, primeiro, objetivamente, pelos outros, a fim de, em seguida, subjetivamente, em outro e para outro, enfim: conhecer, amar e
servir a humanidade. Da solidariedade dos contemporâneos à continuidade dos ancestrais, quer dizer a cooperação atual e o respeito ao passado, na harmonia destes dois estados correlatos, reside a condição fundamental da existência e desenvolvimento
da humanidade, fundada na livre associação de vontades independentes, cujos componentes vivos devem evitar discórdias.
A necessidade básica da harmonia social impõe a preponderância universal e contínua do coração sobre a inteligência e a atividade; a sociabilidade sobre a personalidade; o altruísmo sobre o egoísmo;
a veneração sobre o orgulho; e apresenta o Amor como condição primacial da permanência e do aperfeiçoamento da nossa espécie.
A moral, teoria e regra dos costumes, ciência e arte dos deveres, nos ensina o destino positivo e os meios de consegui-lo. O destino se subordina à natureza física, moral e intelectual, prática, e às
condições cosmológicas, domésticas e sociais, nas quais fomos colocados pela fatalidade do nascimento. A moral é o conjunto dos deveres correspondentes a cada uma destas condições.
A moral precedeu às ciências que se lhe encaminham e que foram instituídas pelo homem que o tem por objeto principal. A moral é a cúpula do edifício da filosofia científica.
A atual situação do mundo, desde o princípio do século XX, desorganizado e desorientado, onde os vícios pululam e os caráteres se abastardam, é das mais graves, porque provocou guerras pavorosas em
que se retrogradou às primitivas fases da humanidade. A doença moral se caracteriza pela ausência de opinião e de sistema de educação pública, pelo desalento do impulso altruístico da Revolução Francesa, pela obscuridade da noção de civismo, pela
instabilidade do espírito revolucionário.
A politicagem, corrupta e desleal, substituindo os verdadeiros homens de Estado por charlatões; o egoísmo das classes burguesas e proletárias em luta de predomínio; - são males sociais que necessitam
de expurgo. As grandes civilizações antigas pereceram porque os seus povos se relaxaram moralmente e retrogradaram ao egoísmo primitivo, quebrando a harmonia social.
Conclui-se que há necessidade da moral que tome a seu cargo o ensino e a prática do dever, que restaure o culto das afeições, das benemerências, que incuta o sentimento social, amplie a fraternidade
e assuma a direção da instrução e da educação populares. Essa moral só poderá ser positiva, natural, terrestre, humana, social, fundada na observação e na experiência.
As religiões de caráter metafísico não podem formar um sistema de moral universal. No positivismo há os elementos que solucionarão o problema da moral. Esta doutrina desempenhará o mesmo papel que a
Suma Teológica, de Tomás de Aquino, desempenhou no catolicismo.
A obra de Augusto Comte teve em mira a constituição da religião demonstrável, cujos princípios gerais são: as leis da evolução podem ser conhecidas pelo homem; a moral se funda em base científica e
se resume em viver para outrem e ninguém tem outro direito senão cumprir sempre o seu dever; a política é dirigida segundo as leis da ordem e do progresso; a sociedade se reorganizará pela regeneração das crenças, baseada na ciência, porque há
necessidade duma organização religiosa científica para equilibrar o poder.
Crença é a maneira de compreender o mundo e o homem, em suas relações mútuas, e que, nas sociedades humanas, toma o nome de religião e se resume num dogma que tem variado desde o aparecimento do
homem na Terra, evolvendo à medida que a inteligência se desenvolve.
O dogma hoje é muito diferente do de outrora. O dogma, depois do fetichismo primitivo, comum a todos os povos, teve as seguintes etapas: dogma teológico, a princípio politeísta sacerdotal no Oriente,
e guerreiro na Grécia e Roma; depois monoteísta judeu, cristão e muçulmano; dogma metafísico que foi a transição do teológico ao positivo; dogma científico em duas fases, materialista e positivista.
O dogma científico-positivista resume a religião da Humanidade. Esta é uma doutrina que conduz a existência humana por três grandes manifestações - pensar, amar, agir -, pelo que se ramifica em:
Dogma positivista para dirigir as ideias, e que consiste na ideia de que a Humanidade é a única e real providência do homem, considerando Humanidade o conjunto de indivíduos ou grandes homens que lhe prestaram assinalados serviços; Culto
positivista para dirigir os sentimentos, que consiste em honrar a Humanidade, isto é, os grandes homens e as mulheres eminentes de todas as épocas e de todos os países, que contribuíram para o aperfeiçoamento físico, intelectual e moral do homem;
Regime positivista para dirigir os atos ou a vontade, que consiste em cada um prestar serviços à humanidade contemporânea e à futura, enfim, tornar-se útil aos outros.
Esta religião se define em conhecer, amar e servir a Humanidade. O positivismo presta justiça às outras religiões conforme a parte de moral positiva com que contribuíram, considerando-as etapas para
a religião demonstrável da Humanidade.
Recapitulando, a evolução da Humanidade se definiu em três longos estágios: a sociedade teocrática, quando acreditava que o homem e o mundo eram governados por seres sobrenaturais e deuses; a
sociedade católico-feudal, quando se supunha que só um Deus era o governador do mundo e do homem; a sociedade industrial-positiva que se firmou nas bases das ciências abstratas (matemática, física, química, biologia e sociologia0, substituindo as
crenças divinas.
Em consequência, através destes estágios da humanidade, a atividade foi militar, guerreira, militar-defensiva e industrial. A inteligência foi teológica, metafísica e positiva (lei dos três estados0.
A sociabilidade foi doméstica, cívica e universal. O sentimento foi egoísta, no homem primitivo como na criança atual, que, com a mulher, seguem três fases - a família, a pátria e o Universo.
O homem e o mundo são governados por leis naturais imutáveis, cujo conhecimento orientará a humanidade. O conhecimento dessas leis é fornecido pela religião da humanidade. É inútil entravar essa
marcha da ciência, em contínuas descobertas e constante progresso. A moral se incumbe de utilizar esses progressos no aperfeiçoamento físico, intelectual e sentimental da humanidade.
O desenvolvimento da inteligência, motivando o desenvolvimento da ciência, foi provocado pela associação dos seres humanos, no espaço entre os contemporâneos, no tempo entre os antepassados que
transmitiram às gerações porvindouras os conhecimentos científicos que formam o capital intelectual da humanidade que ela mesmo criou pela abstração, faculdade geral em todos os animais, em determinado grau de aperfeiçoamento, a começar pelo homem,
alicerçada nas ciências concretas.
A verdadeira ciência é o conjunto de relações abstratas ou leis naturais, mas, para evitar desvios ou excessos, criou-se a moral positiva que declara que a ciência deve ser regulada, a fim de ser
útil à humanidade, como a arte e a literatura.
E o sentido do espírito moderno em literatura deve ser interpretado através dos progressos da filosofia no campo científico. Não se pode compreender progresso e modernismo sem abandonar princípios do
passado, de outros séculos, que formaram a base, nessas épocas, da filosofia e da literatura. Modernismo é tudo que acompanha a atualidade da vida social e do progresso científico nos nossos dias.
Pela ciência, verificou-se que a humanidade caminha para o positivismo subjetivo, e a literatura terá igualmente essa finalidade, como sinal da época futura. Há, no entanto, certos críticos obcecados
por ideias sobrenaturais e princípios teológicos que só admitem modernismo quando os artistas, escritores e poetas se aproximam daqueles princípios.
O que é moderno não pode, cientificamente (e quem diz cientificamente diz de conformidade com as leis da Natureza), retrogradar, quer dizer, ir buscar ao passado as ideias ou os princípios que
morreram quando já surgiram outros que hoje desapareceram da circulação; ou persistir em navegar nas correntes de ideias inadequadas ao presente.
Isso acontece com a visível e palpável contradição que há entre princípios estéticos de ordem metafísica multissecular e as regras da nova Estética oriundas de conquistas científicas ou de verdades
demonstradas pela Ciência. |