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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - LYDIA
Lydia Federici (4 - crônica 256)
Em mais de três décadas de atuação diária, Lydia Federici publicou milhares de crônicas no jornal santista A Tribuna. A Hemeroteca
Pública Municipal de Santos criou um Espaço Lydia Federici, onde estão expostos desde sua máquina de escrever até os troféus desportivos, bem como os organizados álbuns de recortes reunindo todos os seus textos publicados. Esta crônica foi publicada em
1º de novembro de 1962 em A Tribuna (ortografia atualizada nesta transcrição):
GENTE E COISAS DA CIDADE Assim é a mocidade
Lydia Federici
A parte verdadeiramente má do caso não é haver filhinhos de papai e meninas bonitas. Não é haver pifões homéricos e
corridas da morte. Como também não é haver desacatos, brigas e arruaças. Crimes e todo esse grande rol de coisas ruins. A pior parte da história é a história que se tece em torno desses casos de desvario juvenil. Desses desacertos e desatinos.
A julgar pelo que se publica, pelo que diz, pelo que se comenta, a única conclusão a que conseguimos chegar é a de que a mocidade de hoje está completamente perdida. E, perdida ela, perdido o mundo de amanhã.
Para os que, apertando a cabeça entre as mãos, assim pensam, atrevo-me a sugerir um pequeno passeio. Que não lhes tomará muito tempo. Sabem onde fica a Galeria Indaiá? Na avenida da praia. Entre o Boqueirão e o canal 3. O da Washington Luiz. Nestes
4 dias feriados, de quinta a domingo, a Galeria poderá ser visitada das 15 às 22 horas. A entrada é franca. E, francamente, você e toda a família poderão ir entrando.
Se, por acaso, vocês chegarem um pouco antes das 3 da tarde, não se aborreçam por encontrar a porta ainda fechada. Finquem os olhos, pela parede de vidro, no que está lá dentro. E não se espantem de ver meninas varrendo o chão. Nem rapazes tirando
o pó de uma porção de coisas que constituem a exposição. É assim mesmo. São alunos uniformizados do Colégio Tarquínio Silva que expõem seus trabalhos. E que, zelosamente, deles cuidam. Com suas próprias mãos cheias de carinho.
A porta foi aberta? Entre, então. E, embora sem saber o que vai encontrar, pare diante de um painel carregado de nomes. Juro-lhe que pode hipotecar seu reconhecimento a casa um daqueles nomes que identificam os professores do colégio. Estão, em
matéria de ensino, criando algo de novo. De fascinante. Descobriram um meio de açucarar até a matemática. Não é o máximo?
Percorra, então, todo o estande da exposição. os próprios alunos, com orgulho, mostrar-lhe-ão o que fizeram. Os problemas que resolveram. As caixas de testes. As pinturas. As experiências. Aparelhos que reproduziram. um guri deste tamainho lhe dirá
por que o ovo flutua na água salgada. Lembra-se você do que decorou, à força de socar a cabeça, no seu tempo de escola? Pois está tudo lá. Só que de uma forma viva. Dinâmica. Lindamente colorida. Ou transparente. E entra com tanta facilidade na
nossa cabeça que a gente tem raiva de não ter aprendido de forma tão gostosa. E simples. E prática.
Na parte de Biologia, procure o Oshiro e sua companheira. Eles sabem mais sobre hereditariedade que você, meu amigo, que é pai. Se quiser, num minuto, o rapaz de olhos rasgados lhe dará o tipo de seu sangue. Inclusive com a classificação do RH.
Está bom?
E logo a seguir, veja como os rapazes do científico construíram a maquete de duas pontes. Unindo Santos ao Guarujá. Veja como imaginaram a urbanização do morro de Santa Terezinha.
Sim! Assim, graças a Deus, é a mocidade de hoje. Essa, vale a pena comentar.
Imagem: reprodução do álbum de recortes de Lydia Federici, no acervo da Hemeroteca Municipal
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