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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - LYDIA
Lydia Federici (4 - crônica 179)

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Clique na imagem para voltar ao índice desta seçãoEm mais de três décadas de atuação diária, Lydia Federici publicou milhares de crônicas no jornal santista A Tribuna. A Hemeroteca Pública Municipal de Santos criou um Espaço Lydia Federici, onde estão expostos desde sua máquina de escrever até os troféus desportivos, bem como os organizados álbuns de recortes reunindo todos os seus textos publicados. Esta crônica foi publicada em 31 de julho de 1962 em A Tribuna (ortografia atualizada nesta transcrição):
 
GENTE E COISAS DA CIDADE

Uma vela

Lydia Federici

Nascimento de gente ou de coisa sempre é fato comentado. Por mais ou menos línguas. Dependendo do grau de importância social, digamos assim, que a nova vida poderá exercer. Ou da projeção dos pais.

Não. Não me desminta. Até o filho de um pobre João e de uma humilde Maria é acontecimento que provoca comentários. É certo que não será noticiado em letra de forma. Não será telefonado a amigos ansiosos. Poderá não ser comentado em grupos. Em sociedade. Quando muito, um vizinho de porta vem a saber. Oferece seus préstimos. Na sua linguagem simples, deseja que venha ao mundo uma criaturinha sadia e forte. Fácil de criar. Será só. Talvez o único comentário externo. Mas que foi comentado o aparecimento do garoto, foi.

E, por Deus, os pais não pensam em outra coisa. Rudes embora, terão sonhado. Não pretenderão muito. Apenas que o guri nasça perfeito. Que cresça logo. Que os ajude a ganhar o pão. Talvez um deles, mais ambicioso, acalente, em silêncio, um sonho ainda maior. Que o filho tenha uma vida um pouco melhor que a que eles vivem. Que tenha um pouco mais de importância.

É ou não é?

Qualquer nascimento, de gente, de coisa, de ideia, provoca um pouco de emoção. Surgem sonhos. Fazem-se augúrios. Pensam-se e votam-se bons desejos.

Assim aconteceu há tempos atrás. Acalentou-se uma ideia. Deu-se-lhe corpo e forma. Não era coisa pequenina que se pretendia fazer nascer. Era algo que seria criado para ocupar um lugar importante na vida de um povo. E era algo que tinha obrigação de ser grande. Porque nascia de pais grandes. Teria que nascer para espalhar alegria. E beleza. Teria que nascer para servir. Com equilíbrio. Ponderação. Justeza. Teria que nascer porque o exigia o progresso de sua terra.

E assim nasceu a Rádio "A Tribuna".

Não foi nascimento descurado. Resolveu-se concretizar o sonho? Era possível realizá-lo? Mãos à obra. Que há de melhor no ramo da eletrônica? Que venha. Nas instalações apropriadas, pessoal habilitado. E a linha de programação? Variada. Podendo satisfazer o gosto popular. E elevá-lo por meio de programas de nível mais elevado. Informativos sóbrios. Corretos.

E aí está a Rádio "A Tribuna". Uma voz amiga. Quente. Culta. Que sentimos prazer em deixar entrar em nossa casa. Porque embeleza nossas horas. Alegra-nos os momentos. Ensina-nos sem ofender-nos. Diz-nos a verdade sem assustar-nos. Conta-nos coisas do mundo e principalmente do lugar em que vivemos.

Há um ano, precisamente hoje, ouvimos oficialmente a voz de Santo. Nasceu bem a nova organização. Cresce bem o bebê radiofônico. Não nos decepcionou. Dignifica esta terra. E é por isso que Santos, hoje, canta com orgulho e emoção o primeiro aniversário da Rádio "A Tribuna". A vela será assoprada com emoção. Foi um ano plenamente vivido. Assim vale a pena dar vida a algo.


Imagem: reprodução do álbum de recortes de Lydia Federici, no acervo da Hemeroteca Municipal

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