Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult003d111.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 10/24/15 17:15:41
Clique na imagem para voltar à página principal
CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - LYDIA
Lydia Federici (4 - crônica 111)

Leva para a página anterior
Clique na imagem para voltar ao índice desta seçãoEm mais de três décadas de atuação diária, Lydia Federici publicou milhares de crônicas no jornal santista A Tribuna. A Hemeroteca Pública Municipal de Santos criou um Espaço Lydia Federici, onde estão expostos desde sua máquina de escrever até os troféus desportivos, bem como os organizados álbuns de recortes reunindo todos os seus textos publicados. Esta crônica foi publicada em 9 de maio de 1962 em A Tribuna (ortografia atualizada nesta transcrição):
 
GENTE E COISAS DA CIDADE

Boqueirão

Lydia Federici

A ideia primitiva não era falar sobre o Boqueirão, esse vertiginoso bairro da praia santista. Pretendia a crônica contar uma história sobre a homenagem que o Boqueirão tributará, no próximo domingo, à sua mãe mais idosa. Para isso, fui recolher alguns dados na livraria da Conselheiro Nébias,local onde estão sendo feitas as inscrições. Vi os nomes de cinco velhas mãezinhas, seguidos da idade e dos respectivos endereços. Fiz uma pergunta. E aí a história tomou um rumo absolutamente imprevisto.

Onde começa o Boqueirão? Onde acaba?

Osvaldo, o dono da livraria, não soube informar-me. "Nem tenho um mapa, onde conseguir essa informação. Não tenho nada sobre Santos, por mais absurdo que pareça. Dezenas de visitantes vêm procurar um guia e, infelizmente, não posso atendê-los. Não tenho nada à venda sobre Santos. Possuo este guia de Porto Alegre, mas de Santos, nada". E mostrou-me o folheto da capital gaúcha, com histórico de Érico Veríssimo. Não é de arrasar?

Mas há guias de Santos. Sei que há porque, em casa, existe um. Velho. Um simples indicador portátil, mas, enfim, algo informativo, capaz de tirar alguém de sua dúvida. Não foi reeditado? Um médico que se encontra na livraria procura, gentilmente, elucidar à questão. Telefona à sua senhora que traga o guia que está no porta-luvas do carro. E assim, graças à atenção do dr. Ilzo, um guia santista, elaborado em 58, é consultado. Embora repleto de informações interessantes, com colaboração de Olao Rodrigues, do Conselho Municipal de Turismo, não se encontram ali os limites dos diversos bairros santistas. A dúvida permanece.

Onde começa o Boqueirão? Até que altura vai? "O Turismo não abriu um 'Bureau' justamente aqui no bairro? Deve possuir material de propaganda". Sim. Deveria poder informar. Mas acontece que o escritório ainda não principiou a funcionar.

"Embaré não é Boqueirão? Telefone para a igreja. Eles informam". Não há dúvida, mas a paróquia do Embaré se estende muito além do Boqueirão. Todo mundo coça a cabeça. Ali é o centro do Boqueirão. Todos são do Boqueirão, mas ninguém sabe, com certeza, os limites de seu bairro. Como, talvez, em Santos, ninguém saiba exatamente onde acaba o José Menino e começa o Marapé. Há um mundo de divisões: as do Instituto Histórico e Geográfico, que não coincidem com as da Prefeitura, estabelecidas para facilidade de arrecadação. Há as paroquiais. Que se divorciam tanto das populares quanto das históricas ou das municipais. E daí?

O Boqueirão, o vertiginoso Boqueirão, o "ai Jesus" da cidade. Onde começa o famoso Boqueirão? Onde acaba? Até que altura vai?

Uma coisa é certa: tudo é Santos. E outra coisa também é: nada se sabe sobre Santos. Cidade de turismo que nem os próprios santistas conhecem!


Imagem: reprodução do álbum de recortes de Lydia Federici, no acervo da Hemeroteca Municipal

Leva para a página seguinte da série