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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - LYDIA
Lydia Federici (4 - crônica 27)

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Clique na imagem para voltar ao índice desta seçãoEm mais de três décadas de atuação diária, Lydia Federici publicou milhares de crônicas no jornal santista A Tribuna. A Hemeroteca Pública Municipal de Santos criou um Espaço Lydia Federici, onde estão expostos desde sua máquina de escrever até os troféus desportivos, bem como os organizados álbuns de recortes reunindo todos os seus textos publicados. Esta crônica foi publicada em 26 de janeiro de 1962 em A Tribuna (ortografia atualizada nesta transcrição):
 
GENTE E COISAS DA CIDADE

A Santos

Lydia Federici

Bom dia. Feliz aniversário, cidade querida.

Como santista, estou meio envergonhada de ver quão poucos presentes você receberá neste dia de festa. Sei que a ideia era dar-lhe muito mais. Mas como? Andamos todos tão desnorteados. Há tantos problemas para resolver. Tantos a exigir solução. Mas de que jeito? Com que meios?

Mas não se aborreça com essa aparente ingratidão. Não pense que, por não presenteá-la com tudo quanto gostaríamos de oferecer a você, nosso carinho seja menor que nos anos de fartura. Vontade de homenageá-la condignamente não nos falta. Falta-nos o principal, infelizmente. Mas não se preocupe. Dias melhores hão de vir. E então, de forma palpável, mostraremos, com orgulho, tudo que faremos para você.

Receba, hoje, aquela pequenina joia que a colônia portuguesa mandou erigir no mar da Ponta da Praia, em homenagem ao Infante D. Henrique. É mais um enfeite que você, com alegre vaidade, mostrará aos que souberem ver as suas belezas.

Como você se apresentará, neste dia de festa, aos que a olharem? Sim. Desde cedo ponha aquele vestido de sol. Aquele que você gosta de usar mas que, a cada dia, apresenta tonalidades e enfeites diferentes. Fica tão bonito o verde de seus morros quando você o usa. Tão alegre e gostosa a areia das praias. E o mar brilha com tanta alegria.

À noite, com o seu vestido escuro salpicado de lantejoulas, use, com profusão, todas as joias. Aquelas de contas diminutas que você gosta de pôr no colo de seus morros. Ah! Sei que você vai ganhar também um colar de luzes para o Morro do Saboó. Parabéns. Não se esqueça dos broches, cada vez mais enriquecidos de filigranas, do Gonzaga e do Boqueirão. E, com sua simplicidade sorridente – que é seu traço mais marcante e querido – ponha no cinturão das praias aquela faixa coruscante de águas marinhas. Aquela que ilumina os jardins e a areia das praias mais bonitas do mundo.

Para completar, deixe o mar espalhar sobre tanta beleza o seu cheiro de algas. E, aqui e ali, pingue gotas vivas da dama da noite. Para os namorados. Para os que amam o belo.

Quem sabe se, vendo e sentindo toda a beleza deste dia de festa, as almas ruins, pelo menos hoje, guardem seus estilingues e os paus com que quebram e inutilizam as coisas bonitas que você tem.

Um abraço, cidade querida e boa.
 


Imagem: reprodução do álbum de recortes de Lydia Federici, no acervo da Hemeroteca Municipal

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