Laminação de chapas grossas na Cosipa
Foto: Cosipa, cerca de 1990
A siderurgia na realidade brasileira e a Cosipa
LEÃO, Mário Lopes. A siderurgia na realidade brasileira. Apostila de conferência pronunciada na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 30 de outubro de 1972.
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PROGRESSOS DA COSIPA
A Cosipa foi fundada em 1953, por iniciativa dos pioneiros engenheiros Plínio de Queiroz e Martinho Prado Uchôa; este é, atualmente (N.E.:
1972), diretor conselheiro da empresa.
Originalmente idealizada como empresa privada, teve, entretanto, sua implantação subordinada à disponibilidade de recursos governamentais, devido ao vulto do empreendimento, o qual tornou
impossível a captação dos recursos necessários na área particular.
A construção da usina, até sua integração, abrangeu os períodos de 1959 a 1965. A operação da usina da Cosipa teve início parcelado, começando com a laminação de chapas
grossas, em dezembro de 1963, passando pelo alto-forno em fins de outubro de 1965 e pela aciaria no início de novembro de 1965, culminando com a coqueria em fins de dezembro desse mesmo ano.
Nos anos subseqüentes, apesar da restrição do mercado dos anos 1966 e 1967, a usina foi aprimorando seu processo produtivo, aumentando sua produção constantemente. Projetada para uma
capacidade inicial de 500 mil toneladas de lingotes por ano, já em 1968, primeiro ano de mercado amplamente favorável, produzia 557 mil toneladas, cerca de 11% acima da capacidade nominal. Em 1971, produziu cerca de 650 mil toneladas de lingotes,
cerca de 30% acima da capacidade nominal.
Por aí se vê que a Cosipa atende os mais representativos ramos industriais do País, quer diretamente, quer através de distribuidores, fornecedores (N.E.: SIC:
fornecendo?), assim, sua parcela de contribuição ao desenvolvimento econômico da Nação.
Antes da divulgação do Programa Siderúrgico Nacional, a Cosipa, sentindo as dificuldades econômico-financeiras decorrentes da operação de uma usina integrada de produtos planos de capacidade
bastante modesta, quando comparada às congêneres internacionais, elaborou seu primeiro plano de expansão para 1 milhão de toneladas de lingotes por ano.
Alto-forno nº 1
Foto: Cosipa, cerca de 1990
Este plano está sendo executado com financiamentos proporcionados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e pelos fornecedores dos equipamentos e estará completado no próximo ano
(N.E.: 1973).
Os itens constantes desta etapa compreendem:
instalação de uma bateria (a terceira) de 35 fornos de coque;
uma sinterização tipo Dwight-Lloyd, com capacidade de 1 milhão de toneladas de sinter por ano;
alteração do diâmetro do cadinho do alto forno de 8,5 para 9,0 metros, passando a uma capacidade de 3.000 toneladas de gusa
líquido por dia;
instalação de um conversor LD para 100 toneladas por corrida e substituição de um dos dois, atualmente existentes, de 75
toneladas por corrida, por outro de 100 toneladas por corrida;
uma fábrica de oxigênio com capacidade de 8.000 Nm³ de oxigênio por dia;
um terceiro forno de reaquecimento de placas;
instalação da sexta cadeira do laminador de tiras a quente;
instalação da segunda bobinadora do laminador de tiras a quente;
instalação de dispositivo para controle automático de bitola do laminador de tiras a quente;
instalação de computador de processos no laminador de tiras a quente;
instalação da segunda linha de decapagem, esta a ácido clorídrico;
instalação da quarta cadeira do laminador de tiras a frio;
24 fornos de recozimento, com 56 bases;
uma linha de tesouras a frio;
uma linha de inspeção de bobinas a frio;
modificação do laminador de encruamento.
As instalações da Cosipa, em 1970
Foto: livro Cubatão Ontem e Hoje - Um Marco no Desenvolvimento
(1970, Hallison Publicidade, São Paulo/SP)
Com o advento do Programa Siderúrgico Nacional, exposto a sete de janeiro de 1971, em Volta Redonda, por S. Excia. o presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, a Cosipa ficou
incumbida de aumentar sua produção, em etapas sucessivas, para 1 milhão de toneladas (conforme já exposto), 2,3 milhões de toneladas em 1976 e para 3,5 milhões de toneladas em 1980, dentro do total previsto de 20 milhões de toneladas neste último
ano.
Para se desincumbir dessa tarefa, a Cosipa iniciou, imediatamente, os estudos de viabilidade técnica, econômica e financeira, para atingir a meta de 2,3 milhões de toneladas. Estes estudos
foram elaborados sob orientação do Conselho Nacional da Indústria Siderúrgica (Consider), através de sua Secretaria Executiva.
O investimento total do projeto está avaliado em cerca de US$ 470 milhões, a serem supridos por instituições financeiras do exterior, tais como o Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD) - Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por acordos bilaterais firmados com onze países, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), pelo Governo do Estado de São Paulo e por fundos
gerados pelas próprias operações da Cosipa.
Os principais equipamentos e instalações já estão previstos para a etapa de 2,3 milhões de toneladas.
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O nível de produção de 2,3 milhões de toneladas de lingotes por ano corresponde a uma produção total, aproximada, de 1.700.000 toneladas de produtos acabados, assim distribuídos:
chapas grossas |
600.000 t |
bobinas a quente |
276.000 t |
chapas finas a quente |
243.000 t |
bobinas a frio |
310.000 t |
chapas finas a frio |
280.000 t |
Este nível de produção corresponde a um aumento aproximado de 180% em relação à produção do ano passado (N.E.: 1971).
A elevação da produção de 2,3 milhões de toneladas de lingotes por ano para 3,5 milhões de toneladas corresponde a uma nova etapa da expansão da usina e sua viabilidade já foi estudada dos pontos de
vista técnico, econômico e financeiro, prevendo-se um investimento da ordem de US$ 290 milhões, dos quais a Cosipa proverá 205 milhões, cerca de 70% com recursos próprios, completando os US$ 85 milhões restantes com recursos provenientes de fontes
nacionais e estrangeiras, incluindo acordos bilaterais.
Para esta etapa, de 3,5 milhões de toneladas por ano, a ser atingida em 1980, serão necessários outros equipamentos e instalações.
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Instalação do terminal portuário facilitou produção da Cosipa
Foto: José Moraes, in jornal A Tribuna, 9/4/1998, caderno especial Cubatão 49 anos
O nível de produção de 3,5 milhões de toneladas, de lingotes eqüivalentes, permitirá à Cosipa oferecer ao mercado um total aproximado de 2.600.000 toneladas de produtos acabados, assim
distribuídos:
chapas grossas 1.000.000 t
bobinas e chapas a quente 730.000 t
bobinas e chapas a frio 865.000 t
Este nível de produção corresponde a um aumento de cerca de 330%, quando comparado à produção de 1971
Cabe, finalmente, destacar os êxitos da Cosipa, no que se refere aos progressos tecnológicos efetuados desde o início de sua operação, visando a melhoria de seu desempenho e, principalmente, o
atendimento de seus clientes.
Assim é que:
os conversores da Cosipa possuem o recorde nacional de vida de revestimento refratário, com 691 corridas por campanha;
a Cosipa foi a primeira empresa siderúrgica brasileira a produzir aço estabilizado, em substituição ao aço acalmado com
alumínio;
foi pioneira na fabricação de aços ao cromo em conversores LD, no Brasil;
fabricou, pela primeira vez no Brasil, chapas largas ao cobre, resistentes à corrosão e a baixas temperaturas, para
estruturas submarinas;
nos quatro últimos meses (junho/setembro) a Cosipa produziu só para o atendimento da indústria automobilística 35.000
toneladas de produtos planos, passando a maior fornecedora nacional desses produtos, para o setor. Em setembro (N.E.: de 1972) a Cosipa forneceu cerca de 50% do total de produtos adquiridos
pelo citado setor.
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Conversor da aciaria nº 2
Foto: Cosipa, cerca de 1990
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